
Para o Bloco de Esquerda, no momento em que a Região atravessa uma profunda crise económica e social, o novo Governo Regional, do PSD, CDS e PPM, tem como prioridade a redução dos apoios sociais aos mais pobres e não aponta, no seu programa, qualquer medida para combater a precariedade laboral. Um “ataque aos pobres” que revela “insensibilidade social” e uma “cedência à extrema-direita”, assinalou o líder do parlamentar do BE/Açores, António Lima, esta quarta-feira na sede do parlamento, na cidade da Horta, onde decorre até à próxima sexta-feira o debate sobre a proposta de Programa do XIII Governo Regional dos Açores.
António Lima salientou também o populismo deste governo de direita que considera que o apoio aos mais pobres é uma “dependência”, mas que todos os outros subsídios são “incentivos”.
O deputado bloquista considera que a precariedade no trabalho é um dos grandes problemas da Região, porque gera desigualdades sociais e pobreza, e lamenta que o assunto seja ignorado no programa de governo. António Lima anunciou que o BE “vai voltar a apresentar no parlamento propostas de combate à precariedade, incluindo algumas que até tiveram o voto favorável do PSD”, desafiando o PSD a manter o seu sentido de voto.
Na intervenção inicial no debate do programa de governo, António Lima acusou ainda o Governo Regional de ceder à pulsão populista e de ataque à democracia, propondo a redução do número de deputados.
“Este ataque coloca em causa a pluralidade democrática tão elogiada nos discursos, a proporcionalidade e a representação das populações das diferentes ilhas. Esta proposta reforça a demagogia de que os deputados são inúteis privilegiados que vivem à custa do erário público”, disse António Lima, que assinalou a arrogância e a incoerência de ser o governo com mais secretários regionais de sempre a querer reduzir o número de deputados.
No debate sobre economia e finanças, António Lima alertou para as parecenças do discurso deste governo com o discurso do anterior Governo da República de PSD e CDS, que dizia que os portugueses viviam “acima das suas possibilidades” e que era preciso “cortar nas gorduras do Estado”. Um discurso de “muito má memória”, que deu resultados negativos.
Este governo apresenta objetivos contraditórios, que implicam a diminuição da receita e o aumento da despesa. “Onde é que o Governo vai buscar os recursos para isto? Ou, por outras palavras, onde é que o Governo vai cortar?”, questionou o deputado do Bloco.
Sobre a SATA, António Lima garantiu que o Bloco de Esquerda vai sempre estar do lado da defesa do serviço público, da defesa da SATA, e que não aceita a posição da Comissão Europeia de achar que uma Região não pode injetar dinheiro numa empresa que é sua. “Este é um preconceito ideológico da Comissão Europeia que pretende apenas beneficiar os operadores privados”, sentenciou.
GI-BE/A | Foto: BE/A | PE