BE/AÇORES ACUSA GOVERNO DE NÃO CUMPRIR ACORDO INTERNACIONAL PARA CONSTRUÇÃO DE ESTAÇÃO GEODÉSICA NAS FLORES

O Bloco de Esquerda acusou esta terça-feira, o Governo Regional da coligação – PSD, CDS e PPM – de não estar a cumprir o acordo internacional assumido pela Região para a construção de uma estação geodésica e espacial nas Flores, um projeto que “seria fundamental para atrair e fixar jovens altamente qualificados”, disse a deputada Alexandra Manes.

Alexandra Manes intervinha na Assembleia Regional, na Horta, no âmbito de uma sessão de perguntas ao Governo, promovido pelo deputado Nuno Barata, da Iniciativa Liberal, sobre o desenvolvimento socioeconómico da ilha das Flores, abordando os transportes, as acessibilidades e investimentos públicos estruturantes para aquela ilha.

Questionado pela deputada do Bloco de Esquerda sobre os atrasos neste investimento, o subsecretário regional da Presidência afirmou que “os parceiros internacionais” do projeto RAEGE “perderam o interesse na estação geodésica nas Flores”.

Mas Alexandra Manes refuta esta afirmação do membro do Governo: “Quando o senhor subsecretário diz que os espanhóis não têm interesse, isso não é verdade, até porque este interesse está manifestado no memorando de entendimento assinado em 2010 entre os governos da Região e de Espanha”.

Além disso, o investimento na estação das Flores era um compromisso da Região e é uma contrapartida pelo investimento realizado por Espanha.

O memorando de entendimento prevê um investimento de 25ME para a construção das 4 estações geodésicas – Yebes, Canárias, Santa Maria e Flores – distribuídos entre os dois parceiros: 20ME da responsabilidade de Espanha e 5 ME da responsabilidade dos Açores.

“Como podem os espanhóis estar sem interesse nas Flores, visto que o compromisso de investimento da Região Autónoma dos Açores nas Flores faz parte do projeto e é uma contrapartida de um investimento de Espanha nos Açores?”, questionou a deputada do Bloco.

Alexandra Manes salientou mesmo que o projeto RAEGE só faz sentido se incluir a estação das Flores, porque é a única que estará na placa americana.

“Foi o próprio subsecretário regional que disse, e bem, que este era um projeto de geodesia e Investigação e Desenvolvimento. E sabe muito bem que isto significa que o projeto só faz sentido com a estação das Flores em atividade”, acrescentou a deputada.

Para perceber o impacto que a estação da RAEGE nas Flores terá para a ilha, basta olhar para os recursos humanos que trabalham na estação de Santa Maria: dois engenheiros aeroespaciais, dois engenheiros de telecomunicações, um douturado em astro-física, uma licenciada em marketing, um técnico de informática, um técnico de contabilidade e dois técnicos de manutenção.

O Bloco de Esquerda não tem dúvidas sobre a importância da estação das Flores para o projeto RAEGE e para o desenvolvimento da ilha e considera que “é preciso cumprir aquilo com que nos comprometemos”.

Para o Bloco, esta estação poderá ter um papel determinante no desenvolvimento económico-social das Flores e contribuir cabalmente para a fixação de jovens altamente qualificados.

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