
O Bloco de Esquerda (BE) defende que é preciso obrigar o Fundo Discovery a iniciar de imediato a demolição das galerias comerciais abandonadas na Calheta Pêro de Teive, em Ponta Delgada, e iniciar logo de seguida a construção do espaço público e do hotel previsto para aquela zona da cidade.
Após uma reunião com a presidente daquela edilidade micaelense, Maria José Lemos Duarte, no dia de ontem, António Lima salientou que a ação do BE – com uma inauguração fictícia do espaço público da Calheta no passado mês de julho – teve um efeito positivo e foi muito importante para trazer novas informações e novos desenvolvimentos sobre este assunto “que estava adormecido e um pouco esquecido”.
O candidato do BE critica o Governo Regional porque no contrato de concessão com o Fundo Discovery não estabeleceu um prazo para a demolição e para a conclusão da obra da Calheta – como tinha feito, por exemplo, com o hotel Azor, em que foi estabelecido um prazo concreto para a abertura ao público.
“Os prazos que foram definidos no contrato de concessão para a Calheta são prazos fluídos, porque dependem da negociação entre o Fundo Discovery e o Governo Regional”, critica António Lima.
“Neste momento não há nada que impeça o Fundo Discovery de começar a demolição e a obra de construção do espaço público”, assinalou o líder do Bloco, dizendo que isto só não acontece porque o Governo Regional “não os obriga a tal”.
Na reunião com a autarquia de Ponta Delgada, o Bloco ficou a saber que “na pior das hipóteses, levando até ao fim todos os prazos legais do licenciamento, o Fundo Discovery pode iniciar a demolição e a obra daqui a dois anos, só em setembro de 2022”.
“Isto é absolutamente inaceitável”, frisou António Lima, que acusa o Governo de “ceder a interesses económicos e financeiros, porque o Fundo Discovery é detido por vários bancos”.
Para o BE, “o interesse da população tem que estar em primeiro lugar”, por isso, é preciso obrigar o Fundo Discovery a iniciar as obras de imediato.
António Lima abordou ainda outras questões que afetam a população de São Miguel, e particularmente de Ponta Delgada, nomeadamente “a dificuldade enorme que muitas famílias têm em encontrar habitação, em parte devido à pressão por parte do alojamento local, que tem que ser regulado”.
No que diz respeito ao turismo, António Lima reiterou que tem “dificuldades em perceber como é que em plena pandemia o Governo Regional licenciou 650 camas em hotéis apenas na ilha de São Miguel nos últimos sete meses”.
“Quando o turismo está numa crise tremenda, quando o futuro é extremamente incerto, quando os hotéis estão vazios”, licenciar mais 650 camas “é não ter a noção da realidade”.
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