
O BE/Açores, em comunicado enviado este sábado às redações, diz que a substituição do presidente do Concelho de Administração da Unidade de Saúde de Ilha do Corvo “é mais um exemplo da partidarização crescente que este governo está a promover na administração pública”.
Em causa está Paulo Margato, recentemente nomeado pelo Governo Regional para presidente da Unidade de Saúde do Corvo, em substituição do anterior presidente do Conselho de Administração, exonerado pelo Governo Regional de coligação PSD/CDS-PP/PPM, que conta com o apoio parlamentar da IL, CH e deputado independente (ex-chega).
O presidente do governo regional, refere o BE/Açores, passou grande parte da campanha eleitoral de 2020 a falar da “desgovernamentalização” que iria promover se chegasse ao governo. Percebe-se agora que, pelo contrário, este governo notabiliza-se pelos “jobs for the boys”, acusa.
Nas últimas eleições para o parlamento regional, outubro de 2020, Paulo Margato, médico de profissão e antigo Delegado de Saúde de Ponta Delgada, encabeçou a lista de independentes apresentada pelo PPM/Açores pelo círculo eleitoral da ilha de São Miguel.
Desta vez, prossegue o comunicado do BE/Açores, o governo regional demite o presidente da Unidade de Saúde de Ilha do Corvo para premiar um ex-candidato do PPM, o médico Paulo Margato. “A forma como o deputado do PPM — que não tem poderes executivos — falou sobre este assunto à comunicação social, demonstra o seu envolvimento. Estas atitudes do líder do PPM assemelham-se cada vez mais às de um monarca absoluto da ilha, com a bênção do presidente do Governo Regional”, observam os bloquistas açorianos.
“O Governo terá que explicar aos corvinos — que ontem já se manifestaram contra esta decisão — porque decidiu agora fazer esta substituição, a meio do mandato do atual Conselho de Administração, quando durante anos não foi levantado qualquer problema sobre a conduta do seu presidente”, nota o Bloco.
“O Governo terá que explicar também quais os custos decorrentes da exoneração do anterior presidente do Conselho de Administração”, conclui o comunicado do BE/Açores.
“MAIS UM SANEAMENTO POLÍTICO”, ACUSA PS

Por outro lado, O PS/Açores, através do deputado corvino Lubélio Mendonça, condenou ontem a exoneração do médico da ilha do Corvo, e presidente do Conselho de Administração da Unidade de Saúde de ilha do Corvo, Dr. António Salgado, acusando o Governo Regional de mais um ato “desprovido de sentido” e o “mais recente exemplo de um saneamento político por parte deste Governo e desta maioria”.
Para o deputado socialista, citado em nota do partido este é “mais um episódio lamentável”, que “demonstra bem como é que a Região está a ser gerida, com um Governo que cede a todas as pressões dos seus parceiros da coligação, que ora extingue um cargo de provedor, ora nomeia a esposa de um administrador para um hospital, ora exonera um médico competente e a cumprir bem a sua missão, talvez com alguma segunda intenção”.
“É lamentável que se verifique mais uma situação destas, especialmente numa ilha como o Corvo, que conta apenas com um médico para o acompanhamento de toda a população, funções que têm sido asseguradas pelo Dr. António Salgado com brio e competência, ao longo dos últimos anos”, salientou.
O socialista recordou que o profissional de saúde em causa foi nomeado em 2020 pelo anterior Governo, suportado pelo Partido Socialista, tendo a sua permanência como médico da ilha do Corvo sido colocada em causa, o que despoletou uma petição no ano passado, pedindo a sua continuidade em funções.
Esta petição, acabou por não subir a plenário, travada pelo PSD e pelo CDS-PP, com o pretexto de que este Governo acabou por nomear o Dr. António Salgado em dezembro de 2020 como presidente do Conselho de Administração da USI Corvo.
“Não percebemos esta decisão agora. Não há qualquer fundamento para a exoneração do Dr. António Salgado, um médico que manifestou, desde logo, disponibilidade para se fixar na ilha do Corvo, que presta bons serviços à população, que é por todos reconhecido e que mantém com todos excelentes e cordiais relações”.
Lubélio Mendonça apontou, ainda, que “não colhe a explicação de Clélio Meneses para esta exoneração”, porque “não há registo de qualquer má articulação entre os 3 membros do Conselho de Administração da USI do Corvo, presidida pelo Dr. António Salgado”.
“Não existindo motivos técnicos para o seu afastamento, apenas uma causa política pode estar na base desta má decisão, conforme é perceção do próprio médico, expressa em declarações à comunicação social”, salientou.
Lubélio Mendonça recordou que o próprio presidente do Governo, José Manuel Bolieiro, na sua qualidade de candidato dizia, em junho de 2020, que “acompanhava a reivindicação da comunidade corvina em manter este médico em funções” até porque, nas palavras do próprio, “existia um encontro de vontades entre a população e o profissional de saúde em causa”.
O socialista revelou ter recebido, em poucas horas, “dezenas de chamadas de corvinos a querer travar esta injustiça”, de modo a “preservar o acompanhamento médico das pessoas do Corvo, que tem sido feito sem mácula, ao longo dos últimos dois anos”.
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