
Saudades do tempo, em que havia movimento nas ruas da Praia, sem que houvesse nenhuma festa!
Saudades dos bocados bem passados no café Gil, numa quase sempre alegre cavaqueira…
Do café Açores, primeiro do Sr. Arnaldo e mais tarde do “George de Crook”, onde fervilhava a animação, fosse de dia ou de noite…
Do Café “Marques”, onde nos juntávamos, já depois do 25 de Abril, para falarmos de política… Sempre de modo saudável, respeitando as ideias de cada um…
Da Pastelaria “Tamar”, ali no fim da Rua de Jesus, fazendo canto com a Praça Francisco Ornelas da Câmara!
De outros mais, cafés ou bares, que davam continuidade aos da Rua Principal, até ao conhecido “café arcada”!
Havia muita alegria, nesta hoje cidade! Na imagem, neste momento um único carro, mas os passeios cheios de gente! Os comerciantes, ao contrário de hoje, sorriam… As pessoas tratavam da sua vida, ou se divertiam nas horas vagas!
Hoje vim à minha amada Rua de Jesus para cortar o cabelo. Há dias, que lá não passava! Fazer o quê? Se quase não vejo gente, nem encontro um amigo para a tal cavaqueira, que tinha naquele tempo!

Vários factores contribuiram para que a Praia entrasse num período de quase estagnação, nomeadamente com a redução dos efetivos na Base das Lajes, tanto civis como militares, com a agravante ainda do cancelamento da vinda das famílias, que acrescentavam também um forte impacto no comércio local, principalmente na restauração, baluarte principal da economia da cidade!
Também se cometeram erros! Estando em primeiro lugar, a falta de um plano concreto para a eventualidade da redução da presença Americana, a qual aconteceu, mas que parecia ninguém acreditar que podia acontecer…
Outro grande erro, hoje reconhecido por muitos praienses, foi a Praia se ter fechado no seu casulo… não alargando o espaço à sua volta com novos arruamentos e a consequente fixação das famílias na sua urbanidade! Hoje reclama-se que a Praia não cresce porque não tem gente…
Outro factor também importante, foi a fixação das RIAC`s e médicos de família nas Freguesias do Concelho, o que não devemos contestar, porque merecidamente lhes veio trazer mais qualidade de vida e meios ao seu alcance em igualdade com os dos citadinos.
Colocando agora de lado o pessimismo, sobre todos os fatores circunstanciais que referi, quero acreditar que com o esforço da Autarquia e dos seus munícipes, numa cumplicidade concreta e objetiva, com todos os meios ao seu dispor, vamos conseguir dar a volta e colocar a nossa Praia em crescimento, dando assim vontade de nela viver e de ser visitada com agrado por todos os forasteiros e emigrantes da nossa diáspora!
Pela nossa Praia/Por amor à Praia!
Fernando Mendonça