
O Bloco de Esquerda Açores considerou, em comunicado de imprensa enviado esta quarta-feira às redações que, as medidas anunciadas pelo Governo da República para fazer face ao crescimento da inflação “são curtas, chegaram demasiado tarde e algumas delas têm truques” e que o combate à inflação tem que passar pelo aumento de salários.
Citado no comunicado, o coordenador e deputado regional do partido, António Lima critica também o Governo Regional por não implementar as medidas aprovadas pelo parlamento dos Açores por proposta do Bloco de Esquerda para atenuar os efeitos da inflação.
No que diz respeito às pensões, o deputado do Bloco considera inaceitável o truque de António Costa que “vai deixar os pensionistas sem os aumentos de pensões a que teriam direito em 2023 e 2024”.
“Quando é para não aumentar as pensões, aplica-se a lei, quando é para aumentar as pensões num valor mais significativo – como estava previsto – o Governo da República faz um adiantamento este ano que vai resultar num corte do aumento nos anos seguintes”, disse António Lima.
O Bloco salienta que a resolução estrutural para o aumento galopante da inflação só é possível através de aumentos salariais. “Esta é a única forma de garantir que as pessoas têm o dinheiro suficiente para compensar o aumento dos custos dos bens essenciais”, porque o apoio do Governo é pontual, mas os preços não vão descer aos níveis estavam no ano de 2021 para o próximo ano
“Se não houver aumentos salariais que compensem na totalidade o aumento da inflação, as pessoas vão ficar mais pobres”, aponta António Lima.
Tendo em conta que a redução do preço dos combustíveis anunciada por António Costa não se aplica nos Açores – porque será feita através da taxa de carbono, que não existe na Região – o Bloco considera que o Governo Regional tem que reduzir o Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP), caso contrário, o preço dos combustíveis ficará mais caro nos Açores do que no continente.
António Lima deixa ainda críticas ao Governo Regional porque não está a cumprir as medidas do Bloco que foram aprovadas pelo parlamento dos Açores para atenuar os efeitos da inflação.
“O parlamento aprovou o aumento do complemento ao abono de família e do complemento regional de pensão, mas aquilo que o governo fez – é mais um truque, que talvez tenha aprendido com o Governo da República – foi um apoio extraordinário, que não é um aumento, porque é aplicado apenas uma vez”, explicou o deputado.
Além disso, António Lima diz que “não se percebe a demora em aumentar a remuneração complementar, como está aprovado” também por proposta do Bloco de Esquerda.
“E o Governo continua também sem querer regular preços de bens essenciais, como recomendou o parlamento”, porque “não quer mexer com os grandes interesses económicos”.
O Bloco já entregou também no parlamento uma proposta para aumentar o salário mínimo regional, “um instrumento muito importante para aumentar o poder de compra, porque abrange 40% dos trabalhadores da Região”.
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