CHEGA/AÇORES DIZ QUE APOIO AO GOVERNO “ACABOU”, MAS A ESQUERDA PARLAMENTAR DESCONFIA

O deputado José Pacheco disse que o apoio do seu partido ao Governo de coligação PSD/CDS-PP/PPM “acabou”, ameaçando reprovar o próximo Orçamento regional. A esquerda parlamentar (PS e BE) desconfia da credibilidade das afirmações e refuta qualquer possibilidade de apresentar uma moção de censura.


José Pacheco, deputado único do Chega no parlamento regional, declarou esta quarta-feira à agência Lusa, que “acabou” o apoio ao Governo Regional de coligação PSD/CDS-PP/PPM e avançou que pretende reprovar o próximo Orçamento da região, que vai ser discutido no final do ano.

Segundo disse, “continuo sem ter eco das propostas” apresentadas para viabilizar o Orçamento Regional de 2022, como as viaturas para as corporações de bombeiros e os incentivos à natalidade, notando que está ainda por fazer a remodelação no executivo, como fora então exigido.

“Não tenho problema nenhum, enquanto representante do Chega nos Açores, de assumir essa despesa e esse risco, mas fica o Governo Regional a saber que, com o Chega, acabou”, disse José Pacheco citado por aquela agência noticiosa.

Esta não é a primeira vez que o Chega ameaça chumbar o orçamento regional. Em 22 de novembro de 2021, a direção nacional do partido pediu à estrutura regional para retirar o apoio ao executivo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, mas José Pacheco disse então, que nada estava fechado e tudo poderia acontecer visto decorrerem negociações. Dias depois, a 25 de novembro, o Plano e Orçamento dos Açores para 2022 foi aprovado por maioria na Assembleia Legislativa Regional, na cidade da Horta, com o voto favorável do deputado do Chega/Açores e da restante direita parlamentar a que se juntou o deputado independente, ex-Chega, Carlos Furtado.

Decorrente do Regimento da Assembleia Legislativa Regional apenas os grupos parlamentares podem apresentar moções de censura ao Governo, pelo que PS e BE poderiam estar tentados a fazê-lo perante a instabilidade na maioria parlamentar que suporta o Governo, mas em declarações à Lusa, ambas as forças rejeitaram tal possibilidade.

Desconfiando da credibilidade das posições do Chega, a deputada do PS/Açores Andreia Cardoso, sublinhou que “o que esta declaração atesta é que são os partidos da maioria que sustenta o Governo Regional a fonte de maior instabilidade e agitação”.

“Neste momento, não colocamos essa questão. O PS não se preocupa com maiorias com o Chega. Quem tem um governo dependente do Chega é o PSD, o CDS e o PPM. O PS não é parceiro do Chega em nenhum Governo”, frisou.

Andreia Cardoso alegou ainda que o foco do PS, presentemente, não é a orçamento da região, mas a preocupação com a resposta do executivo aos problemas das famílias e empresas.

“Para nós o que se está a discutir não é o orçamento da região, mas as cedências pouco transparentes do Governo a interesses privados, designadamente o pântano dos 140 milhões perdidos nas Agendas Mobilizadoras. Esta é que é a questão central neste momento para nós”.

Também o BE, através do coordenador e deputado regional, António Lima, afastou a hipótese de apresentar uma moção de censura ao executivo, considerando que a ameaça do Chega de chumbo do orçamento regional “não tem credibilidade”.

“O BE tem essa prorrogativa regimental, mas só o fará quando e se entender que é útil ou necessária. Neste momento, não está colocada esta questão. O Governo é que entenderá se tem condições, ou não, na análise que faz para governar e, se entender, poderá apresentar uma moção de confiança”, declarou António Lima citado pela Lusa.

Por outro lado, o líder regional dos bloquistas alegou que as medidas reivindicadas pelo Chega como argumento para anunciar o fim do apoio ao Governo “nunca estiveram sequer no orçamento” de 2022.

“É mais uma ameaça, talvez para disfarçar o incómodo que sente por apoiar um Governo que está envolvido num processo como o das Agendas Mobilizadoras. É mais uma ameaça, no meio de tantas, que já existiram no passado e que na verdade não deram em nada”, vaticinou.

© PE | Foto: CH/A

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