
O deputado independente Carlos Furtado considerou esta quinta-feira que o Governo Regional dos Açores “não exibe capacidade para implementar um rumo” à região, por se encontrar refém das minorias parlamentares que o suportam.
Em nota de imprensa, Carlos Furtado suporta a sua posição nos acontecimentos políticos dos últimos dias protagonizados pela IL/Açores e pelo anúncio, ontem, pelo vice-presidente do Governo, da medida “Nascer Mais” de apoio à natalidade.
Carlos Furtado exemplifica com a “chantagem feita ao PSD e tornada pública por parte da Iniciativa Liberal na passada semana, que tem como objetivo obrigar a maioria a aprovar um diploma do IL que está condenado ao chumbo, tenha de ser aprovado, sob pena do Orçamento da Região não colher o voto favorável do partido que se intitula Liberal, mas que pretende condicionar a vontade de terceiros”.
Estas técnicas chantagistas, prossegue Furtado, “já vêm sendo prática recorrente de alguns autores políticos, que fazendo uso e abuso da aritmética parlamentar e não conseguindo apresentar mérito nas suas propostas, para que as mesmas reúnam consenso em aprovação na ALRAA, o fazem diretamente através do Governo, numa espécie de «ganhar na secretaria, o jogo que não conseguem ganhar em campo»”.
O ex-deputado do Chega e agora independente, apresenta ainda como exemplo a medida aprovada ontem em Conselho do Governo e “pomposamente” anunciada pelo vice-presidente “de um subsídio à natalidade, conforme exigido pelo Chega para o orçamento de 2022, mas que ainda não havia sido posto em prática”.
Ora, advoga Carlos Furtado, “se a proposta inicial exigida pelo Chega, por si só já era uma idiotice, uma vez que discriminava injustificadamente pessoas, excluindo-as deste apoio, a resolução de Governo padece das mesmas inconstitucionalidades, uma vez que continua a descriminar pela negativa mais de metade dos Açorianos, ou seja, o apoio à natalidade é apenas aplicável em 12 concelhos da região, deixando para trás, os 7 mais populosos.”
“Não fosse essa razão mais do que suficiente para a decisão de Artur Lima já merecer críticas e reprovação, há ainda um claro favorecimento do lobby das farmácias, uma vez que os 1500 euros de prémio a cada criança que nasça nestes 12 concelhos, só podem ser gastos em farmácias”, acusa.
Por tudo isso, diz Carlos Furtado, “é inviável a região continuar refém de 2 deputados que representam (em votos) menos de dois por cento do povo açoriano”.
Para o deputado independente, “nos tempos difíceis que já atravessamos e atendendo aos cenários negros perfeitamente visíveis que se vislumbram no horizonte, é insustentável este modelo de governação, resta a José Manuel Bolieiro fazer um exame de consciência no sentido de perceber, que Região teremos após a era Bolieiro?”
Segundo Carlos Furtado, as próximas semanas serão decisivas para o futuro dos Açores, “mas não estou a ver o principal responsável por este futuro, nem com vontade de mostrar a audácia que carateriza aqueles que ficam na história, nem com a noção do prejuízo estrutural que representa para todos os açorianos, uma governação refém de acertos de contas com passados de políticos egoístas e gestões de carreiras de minorias partidárias”, conclui.
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