
A empreitada de construção da rampa para navios RO-RO e ferry e obras complementares para melhoramento da operacionalidade e do abrigo no Porto das Pipas, em Angra do Heroísmo, arranca amanhã, segunda-feira, 13 de julho.
As obras da responsabilidade da Portos dos Açores e adjudicadas por cerca de 14 milhões de euros ao consórcio Sacyr-Somague, S.A./Sacur-Neopul, S.A., têm um prazo de execução de 731 dias.
A cerimónia oficial de lançamento da primeira pedra está agendada para 10:00 e contará com presença do presidente do Governo e restante comitiva governamental, que inicia esta segunda-feira uma visita de dois dias à ilha Terceira.
A empreitada contempla o aumento do cais com fundos à cota -8,00 metros (ZH) em mais 62,68 metros, constituindo uma frente acostável de 145,75 metros e a construção de um duque d’alba, no mesmo alinhamento do cais, à distância 34,26 metros (ao eixo) do topo do cais “aumentado”, o que permitirá a operação dos navios de cruzeiro temáticos.
Prevê ainda a construção de uma rampa RO-RO implantada na extremidade do atual cais, à cota -5,00 metros (ZH), situado no interior do Porto das Pipas, com 12,50 metros de largura e cota de serviço -5,00 metros (ZH), para operação dos navios ferry.
Estão ainda contempladas a reconstrução do travellitf no exterior (lado Norte) da rampa RO-RO, o prolongamento do manto de proteção ao muro de cortina existente com rotação até à nova cabeça do molhe-cais, o alargamento da plataforma do cais de controlo e receção da marina e rearranjo dos postes de acostagem, de modo a adaptá-los às dimensões das embarcações que atualmente procuram esta infraestrutura e ainda a substituição dos cabeços de amarração existentes por novos cabeços de maior capacidade.
Depois de concluída, entre outras mais-valias, o Porto das Pipas ficará também com uma frente de cais acostável aumentada, o que permitirá acolher navios de maior dimensão, nomeadamente de cruzeiros temáticos, potenciando o crescimento deste importante mercado “premium” do turismo de cruzeiros.
TERMINAL DE CRUZEIROS NA PRAIA DA VITÓRIA
Em julho de 2017, a Câmara Municipal da Praia da Vitória (CMPV), então presidida por Roberto Monteiro, apresentou um estudo de viabilidade técnica e económica para a construção de um terminal de passageiros para cruzeiros e navegação interilhas, a localizar no molhe norte da baía, no popularmente designado “porto dos americanos”, defendendo a importância estratégica de uma infraestrutura deste tipo para o desenvolvimento do concelho, da ilha Terceira e do arquipélago dos Açores.
No referido estudo, realizado pela empresa “Consulmar”, previa-se uma comparticipação comunitária de 85 por cento do custo total da obra, podendo a mesma variar entre os 10 e os 15 milhões de euros se houvesse o aproveitamento do cais existente; ou entre os 15 e os 20 milhões de euros se se optasse por uma construção de raiz.
Já em setembro de 2018, numa iniciativa que partiu da bancada do grupo parlamentar do PSD/Açores, sendo posteriormente substituída por um projeto conjunto de todos os grupos e representações parlamentares na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, foi aprovado, por unanimidade, um Projeto de Resolução que recomendava ao Governo dos Açores a construção da referida infraestrutura na Praia da Vitória, de acordo com o estudo de viabilidade técnica e económica apresentado pela CMPV, em julho de 2017.
Há, portanto, um amplo consenso em torno deste projeto estruturante para a ilha Terceira e, por conseguinte, para o desenvolvimento dos Açores. Recorde-se que aquando da sua apresentação, o então edil da CMPV, Roberto Monteiro, classificou-o de “PREIT Plus” pelas enormes vantagens económicas e sociais decorrentes do mesmo, potenciando mais do que qualquer outro, a estratégia de mitigação dos impactos provocados pela decisão unilateral norte-americana de redução do contingente militar e civil na Base das Lajes.
Ao Praia Expresso, muitos são os populares praienses que desconfiam da sua eventual concretização e receiam, que uma vez mais, a Praia da Vitória fique “a ver passar navios”, tanto mais que receiam que com a conclusão das novas obras no Porto das Pipas, quer os paquetes de cruzeiros como as embarcações interilhas passarão a aportar na cidade património mundial.
Esses mesmos populares revelam-se apreensivos relativamente à boa gestão dos dinheiros públicos por parte dos decisores políticos, já que a baía da Praia da Vitória, pelas suas condições naturais, apresenta condições de navegabilidade, operacionalidade e resistência às intempéries, que colocam sérias dúvidas existirem na baía de Angra, além de considerarem uma duplicação de infraestruturas incompreensível para a dimensão da ilha e para os fracos recursos da Região.
“Na ilha Terceira há só um hospital, um polo universitário, um aeroporto, porque razão temos que ter duas rampas RO-RO e dois cais acostáveis para cruzeiros ‘premium’, e investir num obra de alto risco, quando, com menos dinheiro e maior segurança face a eventuais temporais se poderia construir um cais de cruzeiros, para conforto dos turistas e dos nossos irmãos das outras ilhas, aqui na cidade da Praia da Vitória?”, interrogam.
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