PPM/AÇORES APELA À UNIÃO NA RECONSTRUÇÃO DO HOSPITAL DE PONTA DELGADA

O PPM/Açores apelou hoje para que se mantenha a união na reconstrução do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, lembrando a importância daquela unidade de saúde, que foi afetada por um incêndio.

“É preciso manter a união neste assunto. Vamos trabalhar ombro a ombro para reconstruir o nosso hospital que é tão importante para ilha de São Miguel e para os Açores no seu conjunto. Todos somos poucos”, realçou o deputado monárquico João Mendonça.

O parlamentar falava na sessão solene do Dia dos Açores, que este ano decorreu na sede da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), na cidade da Horta, ilha do Faial.

João Mendonça destacou a ligação do povo açoriano ao culto do Espírito Santo, considerando que os “Açores devem ser uma terra próspera, solidária e com igualdade de oportunidades”.

O monárquico propôs ainda a organização de uma missão de ajuda ao Rio Grande do Sul, lembrando a relação histórica entre o arquipélago açoriano e aquele estado brasileiro, que está a ser devastado por graves cheias.

“Apelo a todos os que me ouvem. Ao nosso Governo Regional, ao parlamento dos Açores e a todos açorianos para que se organize uma missão de ajuda ao Rio Grande do Sul e que se canalizem todas as ajudas através da casa dos Açores do Rio Grande do Sul”.

E concluiu: “Os Açores não podem neste momento de extrema necessidade faltar aos nossos irmãos do Rio Grande do Sul”.

INTERVENÇÃO NA ÍNTEGRA

Texto integral da intervenção do deputado do PPM/Açores, João Mendonça, proferida hoje, na Horta, na sessão solene comemorativa do Dia da Região Autónoma dos Açores:

“Açorianas e Açorianos

Hoje é o Dia dos Açores. É Segunda-feira do Espírito Santo.

Somos o Povo do Espírito Santo.

O culto do Espírito Santo é mais que uma devoção para nós, açorianos. É uma forma de ser e de estar que nos une e identifica como Povo.

Significa um ideal de partilha. De solidariedade sincera. De união fraterna.

Somos açorianos e por isso somos família. Uma grande família. De Santa Maria ao Corvo.

Dos Açores aos Estados Unidos, ao Canadá, ao Brasil, ao Uruguai, às Bermudas, ao território continental do país e a todos os lugares onde se encontrem açorianos. Somos mais de três milhões, espalhados pelo mundo.

Esta festa, esta comemoração do Dia dos Açores, realiza-se aqui, na ilha do Faial. Mas é para todos os açorianos. Para todos os que sentem esta terra como sua, mesmo não estando cá ou não tendo nascido cá.

Ou porque partiram à procura de melhores oportunidades. Ou porque são os descendentes dos que partiram antes ou muito antes. Ou porque vindos de outros sítios escolheram ser um de nós. 

Somos, por isso, a “Terra Prometida” de uma imensa Comunidade de Açorianos. A terra onde impera o Divino Espírito Santo.

Nunca nenhum açoriano se esqueça, esteja onde estiver, que esta é a sua terra.

Uma terra que é sua e para onde podem voltar sempre. Os Açores, as nossas nove ilhas, são o refúgio derradeiro à disposição de todos os açorianos, se tudo o resto correr mal. Aconteça o que acontecer, esta é a vossa terra.

Por isso, a tarefa de manter a nossa casa comum e de preservar a nossa cultura é tarefa de todos. Dos que cá estão e de todos os que pertencem a este lugar através da memória, da identidade e da herança dos seus avós.

 Açorianos e açorianas.

Sou da ilha do Corvo. A mais pequena das 9 ilhas irmãs dos Açores.

Uma terra que Raul Brandão visitou em 1924 e a respeito da qual escreveu, na sua obra: “As Ilhas Desconhecidas”, esta frase que resume o que fomos e o que ambicionamos continuar a ser:

“Nunca vi, como nesta ilha, tão extraordinário sentimento de igualdade. O Corvo é uma democracia cristã de lavradores.”

Não é só o Corvo que deve continuar a ser uma democracia cristã, onde impera a igualdade entre os homens e as mulheres.

Os Açores, no seu todo, devem ser esse sonho. Uma terra próspera, solidária e com real igualdade de oportunidades. Por isso, deixem-me aproveitar esta oportunidade para chamar a atenção para a importância da reconstrução do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada.

É preciso manter a união neste assunto. Vamos trabalhar, ombro com ombro, para reconstruir o nosso Hospital, que é tão importante para a ilha de São Miguel e para os Açores no seu conjunto.

Todos somos poucos.

Finalmente, deixem-me aproveitar esta oportunidade para manifestar total solidariedade para com o Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil.

Os açorianos foram os primeiros povoadores europeus do território, ainda no século 18. Cerca de 1.2 milhões de habitantes descendem de açorianos.

O maior monumento aos açorianos no mundo está lá, em Portalegre. Afundado, como quase tudo o resto.  As grandes cheias devastaram grande parte do Estado. Causaram centenas de mortos e de feridos, milhares de desalojados e 2.2 milhões de afetados. Uma parte significativa do nosso povo, dos nossos descendentes, está lá.

Apelo a todos os que me ouvem. Ao nosso Governo Regional, ao Parlamento dos Açores e a todos os açorianos para que se organize uma missão de ajuda ao Rio Grande do Sul e que se canalizem todas as ajudas reunidas através da Casa dos Açores do Rio Grande do Sul.

Os Açores não podem, neste momento de extrema necessidade, faltar aos nossos irmãos do Rio Grande do Sul.  Os Açores têm de continuar a ser o que sempre foram. A terra do Espírito Santo. Uma terra de gente boa e solidária.

A terra e a comunidade onde todos zelam por todos.

Muito obrigado.

Viva os Açores!”

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