
O líder regional da Iniciativa Liberal escreveu ao presidente do Governo açoriano defendendo que “a população de São Miguel tem sido maltratada” na gestão da pandemia e pedindo a Bolieiro que não fique “refém” dos outros partidos da coligação.
Numa missiva endereçada ao presidente do Governo Regional dos Açores, e divulgada ontem aos meios de comunicação social, o líder regional da Iniciativa Liberal, Nuno Barata, considerou que “a população da ilha de São Miguel tem sido maltratada pelo Governo” dirigido por José Manuel Bolieiro “e começa a mostrar sinais inequívocos de cansaço e agitação que não auguram nada de bom”.
“O descontentamento não é de hoje nem de ontem, tem já muito tempo, e qualquer que seja um pequeno gesto de incitamento funcionará como um rastilho junto a um barril de pólvora”, considera o deputado único do partido na Assembleia Legislativa Regional.
Nuno Barata ressalva ainda que “o PSD com quem” acordou “uma solução parlamentar de Governo não pode manter-se refém dos interesses pessoais e dos bairrismos dos líderes dos outros partidos da coligação”.
“Estamos a ser governados, para não dizer mandados, à distância”, sublinha, antes de defender que “é urgente explicar localmente aos micaelenses as medidas de atropelo às liberdades dos cidadãos e assumir perante os agentes económicos a responsabilidade pelos danos causados”.
O deputado aponta para uma situação de “ebulição social, com muita gente a ter de recorrer às famílias e aos amigos para sobreviver, com negócios fechados há meses e sem uma comunicação clara e um sinal inequívoco de esperança”.
“Os micaelenses não podem continuar a ser tratados como se de selvagens se tratassem por quem, de outras ilhas onde a vida continua a correr com normalidade, se arroga esse direito mesmo sem que o Direito o permita”, defende o liberal.
Barata refere ainda que “o regresso das crianças às escolas é urgente, as famílias não aguentam mais, as crianças sofrem demasiado e adquirem hábitos poucos saudáveis”.
O líder regional da Iniciativa Liberal frisa que “os partidos que garantem a solução parlamentar que suporta o Governo da coligação não podem ser ouvidos apenas na hora dos documentos decisivos, têm de sê-lo também nestes momentos marcantes da vida pública, nestas decisões mais importantes e que restringem as liberdades individuais”.
Na carta enviada ao social-democrata, o liberal considera ainda “inadmissível” a “alusão, mesmo que velada (…) a um tipo de censura sobre a comunicação social, nomeadamente sobre o Açoriano Oriental” do presidente da Comissão Especial de Acompanhamento da Luta Contra a Pandemia de Covid-19, Gustavo Tato Borges, defendendo a sua “exoneração imediata”.
Ontem foi também conhecida uma carta enviada por Vasco Cordeiro ao presidente do Governo dos Açores, em que o líder socialista defende que a “abordagem” deste executivo na luta contra a covid-19 “não está a produzir os resultados esperados e necessita, urgentemente, de ser repensada e alterada”.
O anterior presidente do Governo Regional também condenou a atuação de Tato Borges que, na conferência de imprensa de quinta-feira, criticou o título de uma reportagem do Açoriano Oriental, colocando um sinal de proibido por cima, tendo sugerido um título alternativo ao original “Restrições transformam Ponta Delgada em cidade fantasma”.
O Governo de coligação PSD/CDS-PP/PPM, liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, conta com o apoio parlamentar do deputado da Iniciativa Liberal e dos dois deputados do Chega.
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