O colégio e jardim de infância “O Gu e a Tita” lançou a terceira edição do suplemento “Correio dos Pequeninos”.
Esta rubrica integra o jornal infanto-educativo “Da Janela d’Gu e a Tita” e tem como objetivo dar voz às experiências, sentimentos e descobertas das crianças no seu quotidiano de aprendizagem. Cada edição reflete, no ponto de vista dos mais novos, o seu processo de aprendizagem e crescimento.


“As palavras que às vezes fogem de mim”
Às vezes, as palavras parecem brincar às escondidas comigo. Eu sei o que quero dizer cá dentro da minha cabeça, mas quando abro a boca… puff! Parece que fogem todas. Por vezes até pareço estar a gaguejar! Mas não…é mesmo
o meu raciocínio que está mais rápido do que a minha capacidade de expressão!
A minha professora chama isso expressão oral. Diz que é importante para eu conseguir falar bem com os outros e explicar o que penso ou sinto. Que devo ter calma, pois todos os meus amiguinhos passaram por isso!
Mas não é só falar. Ouvir também é difícil, às vezes. Quando os adultos falam muito depressa ou usam palavras complicadas, eu fico a olhar e não percebo tudo. A professora diz que isso está relacionado com a compreensão. Estou a aprender a escutar e a descodificar as mensagens! Tenho de estar com mais atenção e pedir ajuda quando não entendo.
No início da escolinha, não conhecia muitas palavras. Agora, com os livros e as histórias, as canções, as nossas conversas diárias, o meu vocabulário está a crescer. Aprendi que cada palavra nova é uma chave para abrir uma porta no meu cérebro!
O mais complicado para mim são os fonemas — aqueles sons pequeninos das palavras. Às vezes troco o “r” pelo “l”, ou esqueço-me de um som no meio. A professora faz ginástica orofacial connosco, ajuda-me a treinar e a amadurecer os músculos da boca e da língua, para eu conseguir dizer tudo direitinho.
Agora que comecei a aprender o código escrito, estou a descobrir como os sons são representados por letras e como as letras formam sílabas e depois palavras. Mas isso também não é nada fácil. A professora fala em consciência fonológica, que é quando conseguimos “ouvir” os sons dentro
das palavras. Tipo perceber que “bola” começa com o som “bê” e que “casa” tem três pedacinhos: “ca-sa”.
Às vezes sinto-me triste, porque vejo os meus amigos a escrever mais depressa ou a ler com facilidade, e eu fico para trás. Mas todos me dizem que cada um aprende ao seu tempo e que o importante é não desistir. E eu não vou desistir.
As palavras estão a deixar de fugir de mim. Devagarinho, estou a conseguir agarrá-las e guardá-las para sempre! Vou construindo frases mais complexas e percebendo melhor os conceitos partindo da compreensão do contexto em que estão inseridas.
Já conheço letras, o meu nome e dos meus amiguinhos! Na escola brincamos às rimas, e a professora faz-nos rir imenso com rimas que faz com os nossos nomes! Por vezes só repetir sílabas já dá risota!
Sou feliz a aprender ao meu ritmo e sempre a brincar!
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