BLOCO DOS CHICOS

Quis o destino que nas eleições deste domingo, os Açores enviassem para a Assembleia da República três Franciscos. Três. Um trio de Franciscos, ou como já se começa a chamar em certos círculos, uma “chicocracia”.
Temos Francisco Pimentel pela AD — o chico moderado, com ar de quem lê o Praia Expresso e que sonha com uma região onde os comboios chegam a horas, mesmo que eles não existam. Do lado do PS, o veterano Francisco César, que já tem cartão de cliente da Assembleia e conhece todos os atalhos legislativos para parecer que está a fazer muito quando, na verdade, só mudou o nome de uma comissão. Por fim, o novo chico na festa: Francisco Lima, pelo Chega, que chega com vontade de… chegar. Onde? Ninguém sabe. Mas chega com força, indignação e a promessa de que vai gritar mais alto do que os outros dois juntos.
Estes três chicos, unidos apenas pelo nome e pelo destino parlamentar, prometem formar o mais inusitado grupo de afinidade do hemiciclo. Juntos, poderiam fundar um bloco — o Bloco dos Chicos (BC). Mas a realidade é mais crua: cada um é de sua casa, de seu feitio e de sua ideologia. Há quem diga que, reunidos, são como uma sopa de peixe mal mexida: têm tudo para ser rica, mas no fim sabe a pouco e deixa espinhas.
A grande esperança açoriana é que, apesar das diferenças, os três chicos se entendam ao menos para defender as ilhas. Mas convenhamos, isso seria pedir a um bacalhau que aprendesse a voar. O mais provável é que, em vez de unirem forças, acabem por anular-se mutuamente, como três GPS com rotas diferentes num carro que só anda para trás.
Ainda assim, é reconfortante saber que, se tudo correr mal, há sempre a possibilidade de montar uma peça de teatro no parlamento: “Os Três Franciscos – uma tragicomédia em 230 atos (ou deputados)”. A crítica política já está pronta a aplaudir de pé… ou a rir às gargalhadas.
Quem diria que, no meio da tempestade política nacional, os Açores dariam ao país aquilo que ele mais precisava: três chicos e uma desculpa para rir.
NT 19.05.2025
