BOLIEIRO DESTACA PAPEL ESTRATÉGICO DOS AÇORES NA SEGURANÇA INTERNACIONAL

O Presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, afirmou quarta-feira, em Ponta Delgada, que a Região Autónoma ocupa uma posição geoestratégica determinante no atual contexto internacional, defendendo uma articulação estreita entre políticas de segurança, defesa e coesão territorial.

Segundo a nota de imprensa divulgada ontem, sexta-feira, 12 de dezembro de 2025, pela Presidência do Governo dos Açores, a intervenção de José Manuel Bolieiro ocorreu na sessão solene de abertura do 9.º Curso Intensivo de Segurança e Defesa (CISEDE), promovido pelo Instituto da Defesa Nacional, que regressa aos Açores após edições anteriores bem-sucedidas. Para o líder do executivo açoriano, este regresso “não será, certamente, uma coincidência”, refletindo a importância estratégica da Região.

Bolieiro sublinhou que “o exercício do poder político torna-se eficaz quando é considerado à luz do princípio da subsidiariedade”, defendendo que os órgãos regionais devem também ser considerados em matérias da esfera dos órgãos de soberania. Reiterou ainda a disponibilidade do Governo Regional para cooperar com o Estado e com parceiros internacionais.

PUB.

Enquadrando o curso num momento de profundas mudanças geopolíticas, o Presidente do Governo destacou que “o Atlântico volta a ser um eixo estratégico decisivo para o equilíbrio global”, salientando que o Atlântico Norte concentra rotas marítimas e aéreas essenciais, infraestruturas críticas e dinâmicas de projeção de forças, sendo igualmente palco de crescente competição entre grandes potências. “O mar é hoje, simultaneamente, fronteira de risco e reserva de futuro”, afirmou, defendendo uma abordagem à segurança que vá além da dimensão militar e integre áreas como portos, aeroportos, comunicações, ciência, tecnologia e investigação.

No contexto transatlântico, Bolieiro reconheceu que os Estados Unidos continuam a ser “o pilar central da defesa coletiva ocidental”, mas advertiu que a Europa deve assumir maior responsabilidade pela sua própria segurança. “A NATO continua indispensável, mas a União Europeia tem de fortalecer a sua capacidade de ação”, declarou.

Para os Açores, este cenário representa uma oportunidade estratégica. O governante sublinhou que a Região não é “uma periferia remota da Europa”, mas “um centro de gravidade entre a Europa, a América e África”. Nesse quadro, destacou o papel da Base das Lajes, que considerou “muito mais do que uma infraestrutura militar”, apontando-a como ativo central em apoio logístico, patrulhamento marítimo e resposta a crises no Atlântico.

Defendeu ainda investimentos com dupla utilização, militar e civil, como a modernização dos portos, o reforço da vigilância marítima, o desenvolvimento de capacidades espaciais em Santa Maria e a expansão das comunicações seguras. “Cada euro investido nos Açores é também um investimento em segurança europeia e em coesão territorial”, afirmou.

O Presidente do Governo alertou que a coesão territorial deve ser encarada como pilar da segurança, advertindo que territórios com fraca conectividade e poucas oportunidades económicas se tornam mais vulneráveis. “Uma estratégia de defesa que ignore as pessoas fragiliza-se a médio prazo”, frisou.

Concluindo a sua intervenção, Bolieiro afirmou que os Açores podem ser exemplo de coerência entre discurso e ação no quadro europeu, defendendo que “a segurança da Europa começa muito para lá do seu continente”. Citando Vitorino Nemésio, recordou que, nos Açores, “a geografia vale outro tanto como a história”, sublinhando que o futuro exigirá ambição, cooperação e compromisso estratégico.

© GRA | Foto: MM | PE