BLOCO ALERTA QUE PRIVATIZAÇÃO DA SATA PODE SER FEITA COM DINHEIRO PÚBLICO

O deputado António Lima, do Bloco de Esquerda dos Açores, denunciou que a privatização da SATA poderá ser concretizada com recursos financeiros deixados pela própria Região na empresa, alertando para graves consequências na mobilidade dos açorianos e nos direitos dos trabalhadores.

O Bloco de Esquerda dos Açores divulgou ontem, terça-feira, 9 de dezembro de 2025, um comunicado de imprensa onde alerta para o risco de a privatização da SATA ser realizada com fundos públicos. António Lima afirmou que “o consórcio comprador vai comprar a companhia, não com o seu dinheiro, mas com o nosso dinheiro”, referindo-se ao facto de o negócio prever que a Região assuma o passivo da SATA Internacional e deixe 60 milhões de euros em caixa na empresa.

Segundo o mesmo comunicado, se o consórcio pagar 17 milhões de euros por uma companhia que terá 60 milhões de euros disponíveis, “significa que a SATA será comprada com o dinheiro que a Região vai deixar na empresa”.

O debate de urgência sobre a privatização da transportadora aérea, realizado ontem no parlamento regional, revelou ainda que 65% dos trabalhadores da SATA Air Açores — responsável pelas ligações interilhas — irão transitar para uma nova empresa de handling, também destinada à privatização. Em resposta a uma questão colocada por António Lima, o secretário regional das Finanças confirmou que 640 trabalhadores da SATA Air Açores passarão para esta nova estrutura.

“Como sempre dissemos, o handling não é uma pequena parte da SATA Air Açores, é a maioria da SATA Air Açores”, sublinhou António Lima, considerando que “a privatização do handling será um erro crasso”. O deputado acrescentou que “a estratégia para privatização da SATA Internacional e do ‘handling’ da SATA Air Açores pode ser o fim do Grupo SATA como o conhecemos” e que tal poderá “criar inúmeros problemas na mobilidade dos açorianos”.

O Bloco manifestou preocupação com a proteção dos direitos dos 640 trabalhadores que irão transitar para a nova empresa, bem como com o impacto que esta redução terá na operação interilhas da SATA. António Lima acusou ainda o governo da coligação PSD, CDS e PPM, com apoio do Chega, de falhar o objetivo de salvar a companhia, apesar das ajudas públicas recebidas desde 2020, num total de 453 milhões de euros.

No comunicado, o Bloco de Esquerda defende que a única solução capaz de garantir a sobrevivência da SATA Internacional passa por uma negociação com o Governo da República para um acordo estratégico com a TAP.

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