Os Registos do Senhor Santo Cristo dos Milagres obtiveram a certificação de Indicação Geográfica (IG) artesanal válida em toda a União Europeia, resultado de um processo promovido pela Secretaria Regional da Juventude, Habitação e Emprego, através do Centro de Artesanato e Design dos Açores (CADA), informou ontem a tutela em nota de imprensa.

Os Registos do Senhor Santo Cristo dos Milagres passaram a integrar oficialmente o grupo restrito de produções artesanais açorianas com certificação de Indicação Geográfica (IG) reconhecida a nível nacional e europeu. A atribuição do selo, realizada pela entidade certificadora A.Certifica e validada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial e pelo Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia, foi anunciada sexta-feira durante a cerimónia realizada no Coro Baixo do Palácio da Conceição, em Ponta Delgada, segundo detalha a nota de imprensa divulgada este sábado pela Secretaria Regional da Juventude, Habitação e Emprego.

Presente na cerimónia, a Secretária Regional, Maria João Carreiro, destacou que o processo de certificação foi iniciado com a convicção do “potencial que oferece para a proteção e o reconhecimento de um saber-fazer que carrega em si a riqueza cultural, histórica e social de um povo e de um território”. A governante sublinhou que a concessão da IG reafirma a importância desta produção artesanal ligada à ilha de São Miguel.

Os Registos do Senhor Santo Cristo dos Milagres tornam-se assim a segunda produção artesanal açoriana da marca coletiva “Artesanato dos Açores” a alcançar certificação europeia de Indicação Geográfica, após as Violas da Terra, reconhecidas em 2024. A IG, recordou Maria João Carreiro, “certifica a ligação única entre uma produção artesanal e o território onde é produzida”, valorizando técnica, autenticidade, qualidade e património identitário.

Durante a sessão foram entregues os certificados às artesãs Maria Luísa Benevides, Fátima Rodrigues, Maria da Graça Bastos, Clementina Vieira Botelho, Lurdes Pereira, Gabriela Correia, Maria da Paixão Resendes, Maria da Saudade Riley, Manuela Linhares, e ainda à Cooperativa Nossa Senhora da Paz, de Vila Franca do Campo. A governante agradeceu às produtoras o “trabalho de salvaguarda de uma produção artesanal secular”.

Maria João Carreiro afirmou também que espera que estas artesãs possam agora “tirar partido desta certificação que orgulha e renova a responsabilidade com a qualidade e o respeito pelas características únicas” de uma criação onde “a arte se funde com a fé”, assumindo simultaneamente um carácter sagrado e decorativo.

A titular da pasta destacou que a certificação IG representa uma oportunidade para artesãos e consumidores, permitindo sensibilizar para o consumo de produtos autênticos, proteger métodos de produção tradicionais, reforçar a competitividade das empresas artesanais e garantir segurança jurídica no espaço europeu. Sublinhou ainda que a aproximação do artesanato a novos segmentos de mercado e o diálogo com setores como o turismo ganham novo impulso com este reconhecimento.

No seu discurso, Maria João Carreiro assegurou que o Governo Regional continuará empenhado em “colocar o artesanato onde ele deve estar: com as pessoas, em diálogo com a inovação e com o território”. Segundo a secretária regional, o setor vive “uma das suas melhores fases”, apoiado pelo aumento de novos artesãos com selo “Artesanato dos Açores”, pelo crescimento da rede de feiras “Expo Açores Artesanato” e pela atualização do sistema SIDART para reforço da inovação e promoção.

A responsável destacou ainda a abertura, em 2026, do Azores Craft Lab – Inovação, Artes e Ofícios, que funcionará no Centro de Qualificação dos Açores, em Ponta Delgada, e que dinamizará atividades de formação, experimentação e inovação dirigidas ao público local e visitante.

A cerimónia contou também com intervenções de João Amaral, Diretor de Relações Externas e Assuntos Jurídicos do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, que apresentou o novo regulamento europeu das IG, e de Teresa Costa, Diretora Executiva da A.Certifica, que abordou o papel dos Açores no mapeamento nacional de produções artesanais com potencial de certificação.

O evento concluiu-se com a atuação do Grupo Johann Sebastian Bach, que interpretou “O Jesu Christe”, de J. Van Berchem (século XVI), e o Hino do Senhor Santo Cristo dos Milagres.

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