A companhia aérea Ryanair anunciou esta quinta-feira que deixará de operar nos Açores a partir de março de 2026, decisão que motivou reações imediatas da Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas e do PS/Açores, com acusações de inação política e falhas na defesa da mobilidade regional.
A Ryanair anunciou esta quinta-feira, 20 de novembro, que irá cessar todas as ligações aéreas com os Açores a partir de março do próximo ano, alegando dificuldades operacionais relacionadas com custos aeroportuários e políticas de gestão da ANA – Aeroportos de Portugal. A decisão, que representa o fim de uma operação contínua de dez anos, motivou reações distintas por parte do Governo Regional e da oposição socialista.
Em nota à imprensa divulgada ontem, a Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas manifestou “surpresa” perante o comunicado da companhia aérea, sublinhando que a Visit Azores tem mantido “contactos diretos e regulares com a Ryanair” e que o anúncio contraria declarações recentes do CEO da empresa, que expressava intenção de investir na Região e reativar a base operacional em Ponta Delgada.
O executivo regional reconhece que decorre “um complexo processo de interação” entre várias entidades e aponta que as dificuldades invocadas pela Ryanair estão “alegadamente relacionadas com taxas aeroportuárias e ETS alheias à Região”. A Secretaria mantém-se expectante quanto ao trabalho em curso por parte da Visit Azores, reiterando o empenho na manutenção da conectividade aérea.
Já o PS/Açores, através da deputada Marlene Damião, reagiu com dureza ao anúncio, classificando-o como “um retrocesso brutal na mobilidade dos Açorianos e um duro golpe para o setor turístico da Região”. A socialista acusa o Governo Regional de “omissão” e “alinhamento político com a ANA e com o Governo da República”, lamentando a ausência de garantias para a continuidade das ligações aéreas de baixo custo.
“É lamentável assistir à inércia do Governo Regional, que se limitou a acompanhar visitas e apresentações da ANA sem exigir garantias para a mobilidade dos Açorianos”, afirmou Marlene Damião, recordando que há apenas oito dias o executivo “posava ao lado da ANA, elogiando planos de expansão”, sem acautelar o impacto das taxas que, segundo a Ryanair, inviabilizam a operação nos Açores.
A deputada exige agora “ações imediatas do Governo Regional junto da República e da ANA” para garantir alternativas que salvaguardem os interesses da Região, dos residentes e da economia local. Para o PS/Açores, esta saída da Ryanair soma-se a outros problemas na política de transportes, como o processo de privatização da SATA, que considera “mal conduzido e sem garantias de serviço público”.
A decisão da Ryanair representa uma quebra significativa na conectividade dos Açores com o continente, especialmente nas ligações diretas para Lisboa e Porto, e levanta preocupações quanto ao impacto no turismo e na mobilidade dos residentes. O futuro da operação aérea na Região permanece incerto, com apelos crescentes à intervenção política para evitar o isolamento da população açoriana.
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