
O Bloco de Esquerda dos Açores defende a renegociação do plano de reestruturação da SATA com a Comissão Europeia, alertando para o “precipício” em que o Governo Regional colocou a companhia ao afirmar que esta fechará se não for privatizada até ao final do ano. A posição foi divulgada esta sexta-feira, 31 de outubro, em comunicado de imprensa, e reforçada pelo deputado António Lima após uma reunião com o SITAVA.
O Bloco de Esquerda (BE) considera urgente interromper o processo de privatização da SATA e retomar negociações com Bruxelas para assegurar a viabilidade da transportadora aérea açoriana. No comunicado divulgado sexta-feira, o partido alerta para as “graves consequências sociais e económicas” que o encerramento da empresa traria para a região, afetando a mobilidade dos açorianos e centenas de postos de trabalho.
António Lima, deputado do BE na Assembleia Legislativa Regional, afirmou que o Governo Regional “teve todas as condições para salvar a companhia aérea, incluindo um reforço de capital de 453 milhões de euros”, mas acabou por conduzir a SATA a uma situação crítica. “Quer se concorde, ou não, com a privatização, ninguém acredita que isto vai correr bem”, declarou.
Para o Bloco, a solução passa por uma articulação estreita entre a SATA e a TAP, negociada entre o Governo da República e o Governo Regional, por forma a garantir que “os açorianos não ficarão abandonados”. António Lima sublinha que a privatização “não tem pernas para andar” e que o processo deve ser travado imediatamente.
“De cada vez que se queima mais um prazo para a apresentação de propostas, estamos mais à beira de um precipício que o próprio governo colocou à frente da SATA”, alertou o deputado, lembrando que “o fim do ano é já daqui a dois meses e isso é grave”.
O BE mostra-se igualmente preocupado com a hipótese de a Região assumir o passivo de cerca de 700 milhões de euros da companhia, uma condição que, segundo o partido, terá sido colocada por um dos potenciais compradores. “Isso significa que serão os açorianos a pagar, incluindo pelos aviões que a nova empresa ficará a operar”, denunciou António Lima.
O deputado advertiu ainda que a própria SATA Air Açores poderá estar em risco, não só devido à privatização da SATA Internacional, mas também pela venda do serviço de handling, que constitui uma parte essencial da atividade da companhia responsável pelas ligações inter-ilhas.
“É fundamental ter uma empresa que sirva a mobilidade dos açorianos e que sirva a economia dos Açores”, afirmou o parlamentar bloquista, acrescentando uma crítica à posição do executivo regional: “O Governo fala apenas da Tarifa Açores, mas sem SATA não há Tarifa Açores.”
O Bloco de Esquerda conclui, no comunicado, que sem um novo plano de reestruturação, o cenário para o Grupo SATA “é negro”, defendendo que o Governo Regional e o Governo da República devem atuar em conjunto para garantir o futuro da aviação açoriana e a coesão territorial do arquipélago.
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