O Partido Popular Monárquico (PPM) criticou duramente um cartaz do Chega dirigido a imigrantes do Bangladesh, considerando-o “inaceitavelmente xenófobo” e alertando para o “risco potencial” que representa para a comunidade luso-descendente e católica existente naquele país asiático.
Em nota informativa divulgada esta quarta-feira, 29 de outubro, o PPM afirmou que o cartaz do Chega “representa um risco potencial para o futuro da comunidade de lusodescendentes e de católicos que vivem no Bangladesh”, estimada em cerca de 20 mil pessoas e com cinco séculos de história.
Segundo o partido, esta comunidade — descendente dos navegadores e missionários portugueses que chegaram à região de Bengala no início do século XVI — constitui “um dos capítulos mais antigos e menos conhecidos da presença portuguesa no Oriente”. O PPM recorda que os portugueses se instalaram em locais como Chittagong, Satgaon e Daca, onde fundaram feitorias, igrejas e laços familiares que “sobreviveram, de forma quase milagrosa, a cinco séculos de mudanças políticas, religiosas e culturais”.
Na nota assinada pelo secretário-geral Paulo Estêvão, o PPM alerta que “as declarações e campanhas políticas em Portugal que se referem ao Bangladesh e aos seus habitantes de forma depreciativa” podem colocar em causa a segurança e a integração desta comunidade, “perfeitamente integrada e respeitada” no seio da pequena minoria católica bengalesa.
“A comunidade luso-bengalesa não pode — nem deve — tornar-se vítima colateral de discursos populistas ou xenófobos”, lê-se no comunicado.
O partido sublinha ainda que os firingis, como são conhecidos os descendentes dos portugueses no Bangladesh, são “a prova viva de que muçulmanos e cristãos podem coexistir durante séculos, partilhando cultura, amizade e História”.
O PPM lamenta que “um partido desconhecedor da História nacional e do legado de Portugal no mundo” promova ações políticas que possam “comprometer a tranquilidade e a integração” desta comunidade, que “soube preservar as tradições e a identidade portuguesas, apesar da distância e do abandono a que foi votada”.
A concluir, Paulo Estêvão recorda um provérbio português para ilustrar o alerta deixado ao Chega:
“Quem semeia ventos colhe tempestades.”
O PPM reafirma, assim, o seu “orgulho numa comunidade que, ao longo de 500 anos, manteve viva a herança portuguesa no Bangladesh”, apelando à defesa dessa “rara convivência de tolerância e respeito mútuo” que liga os dois países.
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