MOVIMENTO “AZORES FOR GAZA” EXIGE TRANSPARÊNCIA SOBRE ALEGADA ESCALA DE AVIÕES MILITARES COM DESTINO A ISRAEL NA BASE DAS LAJES

O movimento cívico “Azores For Gaza” divulgou uma Carta Aberta dirigida a responsáveis políticos regionais e nacionais, bem como a autoridades militares, exigindo esclarecimentos sobre a alegada utilização da Base das Lajes, por aeronaves militares norte-americanas com destino a Israel. O documento, que conta para já com 131 subscrições, manifesta preocupação quanto a um possível envolvimento indireto de Portugal e dos Açores em ações militares na Faixa de Gaza, que o movimento considera configurarem um “genocídio sobre o povo palestiniano”.

Numa Carta Aberta enviada esta semana às redações e a várias entidades políticas e militares, o movimento “Azores For Gaza” solicita “transparência e esclarecimentos” sobre alegadas operações de aeronaves militares norte-americanas, designadamente caças F-35, e transporte de armamento com destino a Israel, que terão feito escala na Base das Lajes, na Ilha Terceira, nos Açores.

A iniciativa, subscrita até agora por 131 pessoas e disponível para novas adesões através da página do movimento na rede social Instagram, é dirigida ao Presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, ao Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, e aos Chefes do Estado-Maior da Força Aérea e das Forças Armadas, entre outras entidades.

Na carta, o grupo afirma que “o povo milenar palestiniano tem vindo a ser vítima de genocídio e apartheid por parte de Israel” e que “o envolvimento indireto de Portugal, e em especial dos Açores, em operações dessa natureza deve ser objeto de total transparência e escrutínio público”.

O movimento faz referência a declarações do Ministro da Presidência, António Leitão Amaro, publicadas pelo Açoriano Oriental a 3 de outubro de 2025, nas quais o governante reconheceu “uma falha de procedimento” na averiguação da informação relativa aos caças norte-americanos com destino a Israel. Para o “Azores For Gaza”, essa falha é “inadmissível” e exige-se “a identificação da cadeia de comando responsável pela aprovação e comunicação destas operações, incluindo as entidades portuguesas envolvidas”.

O grupo solicita ainda informação pública sobre os protocolos de cooperação em vigor entre Portugal, os Açores e os Estados Unidos da América no âmbito do Acordo sobre a Base das Lajes. Caso se confirme omissão de informação por parte das autoridades norte-americanas, o movimento defende que tal deve ser “formalmente reconhecido e comunicado à Assembleia da República e à Assembleia Legislativa Regional”, por entender que a situação “coloca em causa aspetos da soberania nacional e da autonomia regional”.

A carta propõe que as entidades competentes apresentem um comunicado público no prazo de 15 dias, e apela à abertura de um “debate construtivo” sobre a transparência e regularidade da comunicação de assuntos militares aos residentes da região.

Na parte final do documento, o movimento sublinha que “é necessário um diálogo aberto daqui para a frente — o mínimo aceitável seria transparência quanto à posição do Governo dos Açores em relação a esta e outras crises humanitárias”.

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