
A artista italiana Silvia Mariotti apresenta nos Açores o projeto de investigação “Almas de Cristal”, uma reflexão sobre a relação entre a natureza e a interferência humana, no âmbito de uma residência artística promovida pela Associação Karussell APS e pela Re_Act Contemporary.
Segundo uma nota informativa divulgada pelo Instituto Açoriano de Cultura na passada sexta-feira, 26 de setembro, o projeto tem como objetivo desenvolver uma instalação que resulta de um percurso de pesquisa centrado nas conexões entre matéria orgânica e inorgânica, explorando como a natureza se adapta e transforma perante processos de humanização.
Inspirada nos estudos de Ernst Haeckel e na investigação da cientista italiana Laura Tripaldi, Mariotti questiona a evolução da natureza através da contaminação e da hibridação. As suas obras, que combinam fotografia e escultura, simulam ecossistemas híbridos onde emergem criaturas imaginárias, evocadas como “fósseis contemporâneos”, convidando à reflexão sobre o impacto das atividades humanas no ambiente natural.
O processo criativo do projeto inclui o diálogo com curadores da Re_Act Contemporary e a colaboração do biólogo Mauro Ponte, numa exploração realizada em reservas naturais açorianas. Esta experiência permitiu recolher materiais botânicos e inorgânicos das ilhas, bem como observar os contrastes entre vegetação autóctone e espécies importadas ao longo dos séculos, sobretudo no período vitoriano.
De acordo com a nota do Instituto Açoriano de Cultura, “Almas de Cristal” não se apresenta como uma exposição finalizada, mas antes como um espaço de experimentação, onde o destaque recai no processo artístico mais do que no resultado conclusivo.
O projeto tem uma cronologia internacional. O primeiro momento aconteceu em Lisboa, no MUHNAC – Museu Nacional de História Natural e da Ciência, com a apresentação de uma parte da instalação. Entre maio e junho de 2025, a residência artística nos Açores marcou a segunda etapa. Em março de 2026, a Associação Karussell APS receberá uma exposição individual e um workshop. A fase final terá lugar no verão de 2026, no MACTE – Museu de Arte Contemporânea de Termoli, em Itália, com a montagem integral da obra.
Nascida em 1980, Mariotti vive e trabalha em Milão. Formada em pintura pela Academia de Belas Artes de Urbino, tem desenvolvido uma carreira internacional marcada pela fotografia e pela instalação. Entre os seus reconhecimentos destacam-se o primeiro prémio do Premio Celeste (2013), o prémio Level 0 da Galeria Nacional de Arte Moderna e Contemporânea de Roma (2019) e exposições em instituições culturais de Itália, Eslovénia, Brasil e Portugal.
A exposição será inaugurada amanhã, terça-feira, 30 de setembro, às 18h00, na Galeria do Instituto Açoriano de Cultura, onde permanecerá patente ao público até 31 de dezembro.
© IAC | Imagem: IAC | PE
