BRUNO LOPES: “COM O CORAÇÃO NAS QUATRO RIBEIRAS E COM OS OLHOS NO FUTURO”

Entrevista ao Presidente da Junta de Freguesia das Quatro Ribeiras sobre o mandato 2021-2025

Neste ano de eleições autárquicas, agendadas para o próximo dia 12 de outubro, lançamos um olhar sobre o trabalho desenvolvido nas freguesias do concelho da Praia da Vitória ao longo do último quadriénio 2021-2025.

Com este objetivo, iremos apresentar entrevistas com os presidentes de Junta das 11 freguesias do concelho, utilizando o mesmo conjunto de perguntas. O propósito é promover a transparência, dar voz aos autarcas locais e proporcionar à população um balanço realista do que foi feito, dos desafios enfrentados e das aspirações para o futuro.

Ao longo desta série de entrevistas por escrito, publicadas por ordem de prontidão nas respostas, ficará disponível um retrato tão abrangente quanto possível da ação autárquica de proximidade, essencial para a qualidade de vida dos fregueses e para o desenvolvimento equilibrado de todo o nosso concelho da Praia da Vitória.


Nesta décima primeira e última entrevista desta série, o presidente da Junta de Freguesia das Quatro Ribeiras, Bruno Lopes, faz um balanço do mandato que agora termina, destacando as principais conquistas alcançadas nos últimos quatro anos. Entre as medidas de maior impacto, salientam-se a manutenção do mercado local e do serviço de ATM, o apoio às tradições culturais, a recuperação da Sociedade Recreativa de Santa Beatriz e a instalação de um marco de incêndio, essencial para a segurança da população. A estabilidade financeira da Junta é apontada como a grande conquista, permitindo uma gestão equilibrada e respostas rápidas às necessidades da freguesia.

Ao longo do mandato, elenca o presidente, foram realizadas diversas obras estruturantes, com especial enfoque nos apoios à lavoura e à melhoria das condições dos caminhos agrícolas, na ampliação do cemitério e na renovação de espaços comunitários como a Sociedade Recreativa e o miradouro da Canada dos Sousas. Destacam-se também investimentos em equipamentos e infraestruturas de apoio às festas e atividades culturais, refletindo a preocupação em munir a freguesia de meios próprios e independentes.

Bruno Lopes sublinha ainda a importância das iniciativas com impacto duradouro na comunidade, nomeadamente a valorização dos espaços de lazer, a criação de condições para os agricultores, o apoio à escola de jogo do pau e o incentivo às atividades desportivas e culturais. No campo social, a Junta esteve atenta às situações de vulnerabilidade, colaborando em processos de habitação degradada e facilitando acessos para pessoas com mobilidade reduzida.

Quanto aos desafios, o presidente aponta a dificuldade em mobilizar pessoas para as direções das instituições e a necessidade de maior apoio logístico por parte da Câmara Municipal da Praia da Vitória, sublinhando falhas de cooperação. Ainda assim, deixa uma mensagem de confiança e compromisso: continuar a trabalhar com honestidade e proximidade, colocando sempre os quatro-ribeirenses no centro das decisões e preparando a freguesia para enfrentar os próximos anos, com atenção ao turismo, à preservação do património e à valorização das tradições locais.

Quais considera serem os principais resultados e conquistas alcançados pela Junta de Freguesia ao longo deste mandato?

Ao longo deste mandato na minha opinião tivemos várias conquistas e não apenas uma ou duas que se destaquem. Queremos sempre mais para a nossa Freguesia, mas também queremos assegurar e manter aquilo que já temos, nomeadamente termos conseguido assegurar o mercado em funcionamento durante estes 4 anos, embora sendo privado carece do nosso apoio. Relembro que antes da sua abertura em 2020 as 4 Ribeiras já não tinha um mercado ao serviço dos seus cidadãos há vários anos. O mesmo posso dizer sobre a caixa ATM que esteve em funcionamento nos 4 anos do mandato sendo instalada em 2021, esta é paga anualmente pela Junta de Freguesia ao contrário de quase todas, senão todas as outras Freguesias que dispõem deste serviço gratuitamente. Na altura recorremos a várias instituições bancárias e todas elas nos disseram que este serviço de forma gratuita acabou, atualmente estamos a negociar para tentar reduzir os custos para a Junta de Freguesia, mas é um serviço que achamos essencial para a Freguesia e gostávamos de o manter.

Foi importante assegurarmos também que se realizassem todas as festividades e atividades tradicionais na Freguesia, pode parecer irrelevante, mas acho que é transversal a todas ou quase todas as Freguesias, a dificuldade que tem sido encontrar pessoas com disponibilidade para as direções das instituições e atividades da Freguesia.

Outro exemplo disso é a Sociedade Recreativa de Sta. Beatriz, que não tendo direção em alguns dos últimos anos (ou com direção apenas para o bar), mesmo assim nunca deixou de abrir quer pelo carnaval Sénior, quer pelo Carnaval tradicional, sendo este esforço assegurado por pessoas particulares com a colaboração da Junta de Freguesia. Ainda sobre a Sociedade, como qualquer edifício antigo, com a agravante de ser utilizada apenas sazonalmente, estava a necessitar de obras urgentes de manutenção e pintura, quer a nível interior como exterior. A Junta de Freguesia chegou-se á frente, com um investimento avultado é certo, mas permitiu que ainda neste último ano a mesma abrisse para o Carnaval na plenitude das suas funções. Este investimento não estava planeado, mas a necessidade assim o ditou.

Vimos e apoiamos com orgulho neste mandato o reaparecimento quase 20 anos depois de um bailinho de carnaval nas 4 ribeiras. Vimos e apoiamos também orgulhosamente o reaparecimento em força da escola do jogo do pau nas Quatro Ribeiras. Depois do encerramento do programa freguesias ativas, conseguimos assegurar as aulas de ginástica e Fitness sem custos para a população da Freguesia.

Após algumas reuniões com os Bombeiros voluntários de Angra do Heroísmo percebemos que a nossa Freguesia não possuía um ponto com capacidade para abastecer rapidamente uma viatura dos bombeiros, aliás, a última vez que ocorreu um incêndio aqui na freguesia a viatura teve de ir abastecer á Freguesia da Vila Nova. Achamos isso inconcebível pela segurança dos nossos cidadãos, como bem sabemos num incêndio os primeiros minutos são fulcrais, pelo que procedemos rapidamente á aquisição e montagem de um Marco de incêndio certificado e com as características necessárias para abastecer rapidamente qualquer viatura dos Bombeiros.

Podemos também considerar uma conquista importante os melhoramentos efetuados no abastecimento de água à lavoura, que não sendo ainda suficientes, melhoraram bastante o quotidiano dos nossos agricultores. O mesmo se poderá dizer das intervenções frequentes efetuadas nos caminhos agrícolas, embora a maior parte deles nem sejam responsabilidade direta da Junta de Freguesia, mas a verdade é que careciam de intervenções urgentes que não podiam esperar.

Mais exemplos existem destas pequenas conquistas que consideramos importantes para a Freguesia, mas dito isto, resumindo, porventura a maior conquista deste último mandato foi alcançar uma situação financeira estável e positiva na Junta de Freguesia, que permitiu-nos responder de forma rápida e eficaz às necessidades da Freguesia e da nossa população.

Quais foram as obras ou intervenções mais relevantes realizadas na freguesia entre 2021 e 2025?

Como obras/intervenções mais relevantes realizadas na Freguesia entre 2021 e 2025 podemos considerar as seguintes, dividindo por tópicos:

Prolongamento da rede distribuidora do IROA da água das ovelhas até ao Caminho do Farroco/ Canada do Rossio, com cerca de 1000 m de comprimento está neste momento em fase de conclusão.

Demolição do tanque de abastecimento de água à lavoura existente no Terreiro dos Álmos com construção de um novo com maior capacidade e de mais fácil acesso para os agricultores.

A Canada agrícola no Terreiro dos Álmos foi alvo de uma grande intervenção por parte da Junta de Freguesia, pois a Canada existente era praticamente um atalho pedestre desajustado e com difícil acesso às pastagens para as máquinas agrícolas modernas.

Intervenções ocasionais em diversos caminhos agrícolas de bagacina, alguns deles por várias vezes por forma a torná-los sempre transitáveis. Ressalvo que a inclinação geográfica da nossa Freguesia tem sido ano após ano, principalmente no inverno, um desafio constante para a manutenção destas Canadas de bagacina, pois verifica-se que muitos bueiros à entrada dos terrenos particulares foram tapados, fazendo com que as águas pluviais se acumulem nas Canadas tornando algumas em autênticas Ribeiras de Inverno. Pedimos sensibilidade aos nossos agricultores para esta situação, mas principalmente ás entidades competentes que tutelam estas Canadas, deixando algumas completamente ao abandono, sendo a Junta de Freguesia a intervir com os seus próprios meios.

Pavimentação de parte do último troço do Caminho do Bairro Alto (zona da subida) em colaboração com a Câmara Municipal da Praia da Vitória

Demolição do antigo carregadouro de gado e balança, seguindo-se a construção de um novo ajustado às necessidades dos nossos agricultores.

Pavimentação do troço casa Mortuária/ Cemitério com construção de parque de estacionamento junto á Sociedade. Em andamento, esta obra aproxima-se da sua conclusão.

Construção de uma nova zona de sepulturas no Cemitério da Freguesia, ressalvo que o nosso cemitério construído em 1992 estava atingindo um ponto de sobrelotação.

Construção de rampa para cadeiras de rodas na escadaria de acesso ao cemitério.

Instalação de rede elétrica no interior do Cemitério e respetiva capela.

Instalação de rede elétrica no miradouro da Canada dos Sousas, apenas a aguardar a montagem do contador elétrico por parte da EDA.

Construção de um nicho/casa no Caminho do Rossio que alberga os equipamentos radiofónicos para a Rádio Horizonte e TOP FM, esta construção em parceria com a Junta de Freguesia dos Biscoitos permitiu a estas rádios ter alcance a toda a zona norte da Ilha.

Aquisição e instalação do marco de incêndio.

Como falarei mais á frente, a candidatura efetuada e aprovada para uma profunda renovação do miradouro e zona de lazer da Canada dos Sousas

Efetuamos também uma candidatura á Secretaria Regional do Poder Local visando a manutenção e melhoramentos nos chafarizes e abrigos de passageiros. Á semelhança da candidatura anterior, esta também foi aprovada mas infelizmente por falta de verba desta Secretaria ficou congelada transitando para 2026. Neste caso específico, fizemos como tem sido habitual e anual, as pinturas e manutenções necessárias com os meios da J.F.

Pintura e obras de manutenção no interior e exterior da Sociedade Recreativa de Sta. Beatriz.

Pintura da Casa Mortuária.

Pintura interior e exterior de todo o edifício/Sede da Junta de Freguesia.

Pintura interior e exterior de todo o Cemitério e Capela.

Construção de novas portas e janelas para a capela do Cemitério.

Aquisição de diversos equipamentos e máquinas que estarão ao dispor da Freguesia e das suas instituições, aprofundarei este ponto mais á frente.

Diversos apoios atribuídos a todas as instituições, jovens, festividades, desporto e cultura da Freguesia.

Apoios diversos à Catequese da freguesia, nomeadamente para realização das Festas de Natal.

Apoio á Coroação em Honra do Divino Espírito Santo promovida pela Casa do Povo e Pelo Centro de Convívio dos Idosos da Freguesia.

Renovação e atualização completa do sistema de som da Junta de Freguesia, estando ao serviço da Freguesia como sempre mas agora na plenitude das suas funções, assegurando a realização do Carnaval Sénior e do Carnaval tradicional, entre outras atividades na Freguesia.

Ano após ano temos concorrido e cumprido com excelência o programa Eco-Freguesias promovido para Secretaria Regional do Ambiente e da Ação Climática. É com o apoio financeiro proveniente deste programa que asseguramos a limpeza das nossas ribeiras e orla costeira. Convém salientar que tanto as ribeiras como a orla costeira têm zonas com acessos bastante complicados. Por exemplo ainda neste último inverno ocorreu uma grande derrocada que obstruiu por completo o leito de uma das nossas ribeiras, só nos foi possível efetuar uma limpeza rápida e eficaz repondo o curso normal da água da ribeira com recurso a maquinaria pesada, apesar dos difíceis acessos. Esta derrocada apesar de proveniente de um terreno particular, sendo deste a responsabilidade, a Junta de Freguesia interveio com rapidez de forma a evitar males maiores. Este é um bom exemplo dos imprevistos que podem acontecer e para os quais a Junta de Freguesia deve estar preparada.

Efetuamos também um inventário aprofundado de todos os bens da Junta de Freguesia, algo que nunca havia sido feito até à data.

Aquisição e montagem de um abrigo de passageiros no centro da Freguesia.

Existem iniciativas ou projetos que se destacam por terem tido um impacto positivo duradouro na comunidade?

Todas as iniciativas que promovemos têm como objetivo terem um impacto positivo e duradouro na comunidade, mas posso destacar todos os esforços desenvolvidos em prol dos nossos agricultores, nomeadamente os melhoramentos efetuados no que diz respeito ao abastecimento de água á lavoura, as intervenções efetuadas nos caminhos agrícolas e carregadouro/balança do gado, que embora numa fase ainda atrasada, quando concluído certamente irá beneficiar e facilitar a vida aos nossos agricultores.

Como já referi a instalação do marco de incêndio, a colocação de abrigos de passageiros em zonas estratégicas da Freguesia, para além do já instalado temos mais um contratado. Estas medidas são a pensar no conforto e segurança dos nossos habitantes e principalmente dos jovens em idade escolar.

A aquisição de um novo palco, de uma iluminação feita á medida do nosso centro de Freguesia e de dois quiosques em madeira, terão certamente um impacto positivo para as futuras Comissões de festas, assim como a aquisição de um toldo com estrutura metálica com dimensões ajustadas às nossas necessidades em colaboração com o Império da Freguesia.

Como projetos, posso destacar a realização da candidatura efetuada e aprovada para melhoramentos e renovação do miradouro e zona de lazer da Canada dos Sousas, sendo esta uma zona da qual os nossos habitantes não só se orgulham como também a utilizam bastante, pelo que quando concluída terá certamente um impacto bastante positivo e duradouro na nossa comunidade.

Destaco ainda todas as obras efetuadas no cemitério, capela e Sociedade Recreativa.

Em pareceria com a Secretaria Regional das obras Públicas – Secção da Habitação Degradada, a Junta de Freguesia foi responsável pela gestão e supervisão das obras de ampliação e melhoramentos de uma habitação particular que necessitava de obras urgentes. Com a dificuldade burocrática inerente a este tipo de processos, estando já concluído deixa-nos orgulhosos, pois é mais uma família quatro-ribeirense que passou a viver em melhores condições e principalmente a poder dar melhores condições aos seus filhos. Para esta família certamente que o impacto foi deveras positivo e duradouro.

Que dificuldades enfrentou ao longo do mandato, tanto a nível orçamental como logístico ou institucional?

Como é sabido nas Freguesias a Estrada Regional e espaços verdes adjacentes está sob a alçada das Obras Públicas, as Canadas e zona balnear sob alçada da Câmara Municipal, as Canadas e Caminhos agrícolas, bem aqui é que a situação se torna mais complexa, pois até uma determinada altitude, são Municipais e depois passam a ser Florestais ou do IROA, mas nunca foi bem definido onde acaba e onde começa o que é Municipal, florestal ou do IROA, ficando em muitos casos como terra de ninguém, sendo a Junta de Freguesia a intervir inúmeras vezes com os próprios meios para que estas vias se mantenham transitáveis.

A nossa zona balnear, sendo na nossa opinião uma das mais bonitas dos Açores ou até mesmo do País, sendo propriedade Municipal, a Junta de Freguesia pouco pode fazer com os próprios meios, mas entende que esta zona merece muito mais atenção e investimento no futuro por parte dos serviços Municipais.

O mesmo se poderá dizer do pavilhão desportivo, também sob a alçada Municipal está necessitando de serviços de manutenção urgentes.

Nestas áreas que não são propriedade da J.F. a nossa função é fazer a ponte entre as várias entidades governamentais, fazendo pressão para que as mesmas intervenham, aí sim podemos identificar como as dificuldades orçamentais, logísticas e institucionais que enfrentamos. Felizmente no que concerne ao património da Junta de Freguesia, temos feito ao longo dos anos várias intervenções e melhoramentos, pois aí não dependemos diretamente de ninguém, e claro, com gestão controlada mas nunca nos deparamos com dificuldades orçamentais.

Na minha opinião a Câmara Municipal como órgão governamental mais próximo da Junta de Freguesia, podia e devia dar um melhor apoio logístico às freguesias, pois possui os recursos humanos e materiais para tal. De forma geral acho que poderia existir uma melhor comunicação entre as diversas instituições, pois a Junta de Freguesia estando na linha da frente no que diz respeito à proximidade à população, está também na base da pirâmide, ficando á mercê de algumas decisões que são tomadas por estas instituições.

Como tem sido a relação da Junta com a Câmara Municipal da Praia da Vitória e com outras entidades públicas? Houve cooperação eficaz?

Como já referido, em determinadas áreas a Junta de Freguesia está dependente de outras Entidades, só pedimos que cada uma resolva eficazmente aquilo que é das suas competências, nomeadamente a manutenção dos pavimentos dos caminhos e Canadas agrícolas, a estrada regional e problemas que lhe são adjacentes, por exemplo as águas pluviais, a zona balnear, o pavilhão desportivo, estes são apenas alguns exemplos.

Considero que a cooperação é eficaz quando os problemas da Freguesia e do povo foram resolvidos, em alguns casos sim, mas na maior parte deles não.

Quanto á relação da Junta de Freguesia com a Câmara Municipal sinceramente tinha outras expectativas, desde logo quando no início do mandato foi “hasteada uma bandeira” de maior proximidade entre estas Entidades, sendo anunciada a criação de um gabinete de apoio às J.F., esse gabinete nunca existiu e as chamadas que fazemos para determinados gabinetes da Câmara Municipal são devolvidas passados alguns dias ou nem são devolvidas. Mas tínhamos boas expectativas, pois foi no primeiro ano de mandato, em colaboração com a Câmara Municipal que se pavimentou parte do troço do Caminho do bairro Alto e também foram cimentados, embora que de forma provisória, os pátios adjacentes á zona de banhos na Zona Balnear, nesta intervenção a Câmara forneceu os materiais e a Junta a mão-de-obra. Sempre nos mostramos disponíveis e dispostos a colaborar para o bem da Freguesia, mas após o primeiro ano essa cooperação foi desaparecendo e a Junta de Freguesia foi gradualmente sendo excluída dos processos, nunca percebemos porquê.

A minha visão para o Concelho é a seguinte, se todas as 11 Freguesias estiverem bem e saudáveis, consequentemente o Concelho fica melhor, dito isto, como já referido a Câmara Municipal possuindo os recursos humanos e materiais que as Juntas de Freguesia não têm, na minha opinião devia dar um melhor apoio logístico nomeadamente no que diz respeito á realização de determinadas candidaturas, garantindo que todas as Freguesias acedam atempadamente aos apoios disponibilizados, já percebemos que não é bem assim, e sentimo-nos um bocado por nosso conta nesta matéria, pelo menos na nossa Freguesia foi assim.

A Junta de Freguesia efetuou várias candidaturas ao longo dos anos, por exemplo só nos últimos dois anos efetuamos candidaturas (já aprovadas) a várias Entidades Governamentais, inclusivamente à Câmara Municipal, num valor total aproximado de 150 mil euros, colaboramos também com as várias instituições da Freguesia na realização de candidaturas aos serviços Municipais, mas não somos perfeitos, nunca dissemos que o éramos, e se houve candidaturas “desaproveitadas”, como já foi dito, lamentamos pois não só perdeu a Freguesia como também o Concelho da Praia da Vitória.

Humildemente não sei precisar quais os valores que a JF das Quatro Ribeiras não recebeu por eventuais candidaturas que foram “desaproveitadas”, mas posso precisar com exatidão quantos milhares de euros investimos nas Canadas e Caminhos agrícolas Municipais, na zona Balnear e na aquisição de equipamentos simplesmente porque os equipamentos municipais nunca estiveram á disposição das Quatro Ribeiras.

Muitas áreas da Freguesia que são da competência Municipal ficaram esquecidas nestes últimos 4 anos, para além dos exemplos já referidos, nem uma única sobra de estrada foi asfaltada nas nossas Canadas.

Mas aproveitando este interesse e preocupação repentinos da Câmara Municipal da Praia da Vitória pela Freguesia das Quatro Ribeiras, se acharem pertinente, podem elucidar os quatro-ribeirenses sobre estes valores que foram “desaproveitados”, e podem elucidar também todos os praienses sobre os milhões de euros que foram “desaproveitados” ou melhor, mal aproveitados pela Câmara Municipal ao candidatar-se tardiamente aos Fundos Europeus do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

É verdade que as verbas transferidas para as Juntas de Freguesia foram duplicadas este último mandato, no que diz respeito á delegação de competências para limpeza de bermas e valetas das canadas, espaços verdes, limpeza da zona balnear, etc. Mas atenção, ao contrário de alguma mensagem que se possa tentar passar, estas verbas não são iguais para todas as Freguesias, são calculadas por metros lineares das canadas e por metros quadrados dos espaços verdes, logo não é preciso fazer muitas contas para perceber que há Freguesias que recebem bem mais do que outras. De qualquer forma claro que vimos com bons olhos esta medida, nunca pensamos é o que “o preço a pagar seria tão elevado”, pois com exceção de parte do troço do Caminho do Bairro Alto intervencionado no primeiro ano do mandato, todas as outras Canadas e caminhos agrícolas municipais em bagacina não tiveram qualquer intervenção por parte da Câmara Municipal, sendo a Junta de Freguesia a intervir com os próprios meios ano após ano principalmente no inverno, para que estes caminhos se mantivessem transitáveis. Uma destas Canadas, nomeadamente a Canada do Rossio foi uma promessa eleitoral Municipal há 4 anos, e não só, o próprio Governo Regional, legitimamente ou não, também se fez representar no local participando nas promessas que foram efetuadas aos agricultores.

Resumindo, a verba que recebemos a mais nem foi suficiente para colmatar o investimento que tivemos de fazer nestas vias municipais. Mais, como já referido a Câmara Municipal da Praia da Vitória nunca teve disponível para as Quatro Ribeiras os recursos materiais que supostamente estão ao dispor das 11 Freguesias, refiro-me ao palco para realização das festas e os quiosques de madeira que servem de apoio às festas, aliás nos últimos anos tem sido a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo a ceder-nos os quiosques com a condição óbvia de os devolvermos atempadamente às freguesias de Angra que deles necessitem.

Quanto ao palco para realização das festas, a história é um pouco diferente, pois como já dito, não havendo disponibilidade da Câmara Municipal da Praia da Vitória para nos ceder um, em 2021 pedimos um emprestado à freguesia da Vila Nova e que cordialmente nos foi cedido, por azar dos azares logo após ser montado na nossa Freguesia foi completamente destruído por um temporal, obviamente tivemos de fazer um investimento para recuperá-lo e devolvê-lo em perfeitas condições. Nessa altura demos um murro na mesa e dissemos basta, avançamos para a construção de um palco à medida do coreto do nosso Centro de Freguesia, não foi barato, mas já em 2022 podemos utilizar o nosso próprio palco. O mesmo se poderá dizer do toldo com estrutura metálica utilizados para realização dos bodos, pois o toldo Municipal que tinha estado disponível em 2024 já não o estava em 2025, desta vez em colaboração com o Império da Freguesia partimos novamente para aquisição do nosso próprio toldo.

Quanto aos materiais que não foram disponibilizados para as festas da Freguesia, a justificação que nos foi dada é que as nossas festas são realizadas na mesma semana das festas da praia, agora pergunto, a Câmara Municipal não poderia ter reservado estes equipamentos para uma das suas Freguesias? As verbas que usufruíram por alugar estes equipamentos para a festa da praia foram assim tão fulcrais para o orçamento municipal?

Fazendo agora um enquadramento histórico, aproveito também para desmistificar alguns mitos que foram lançados ao longo dos anos, pois bem, em 1991 quando a festa da praia se fixou nesta data, algumas freguesias do Concelho mudaram as datas das suas festas, as Quatro Ribeiras, e bem na minha opinião, não quis mudar, pois sempre foi tradição a realização da procissão em honra de Sta. Beatriz (Padroeira da Freguesia) no primeiro domingo de Agosto, como compensação e forma de amenizar o prejuízo, digamos assim, a Câmara Municipal assumiu comparticipar o licenciamento e policiamento das touradas realizadas nas Festas das Quatro Ribeiras, havia também uma compensação financeira no valor de 750.00 euros, exatamente os mesmos direitos foram atribuídos ao Juncal, que embora não sendo Freguesia também se deparou com a mesma situação. Daí as touradas das Quatro Ribeiras aparecerem no programa da Festa da Praia, não por serem pagas pela Praia mas por haver esta colaboração digamos assim. Sempre foi assim ao longo dos anos, até há 2 anos atrás salvo erro, em que se manteve tudo igual com exceção da compensação financeira que deixou de existir, em contrapartida as despesas com os foguetes utilizados nas touradas foram assumidas pela Câmara Municipal. Volto a frisar, as touradas das Quatro Ribeiras são pagas pelo povo da Freguesia que muito colabora, e não pela Câmara Municipal ou Festas da Praia.

Outro exemplo flagrante é a nossa zona balnear, que sendo municipal, nos últimos anos tem sido alvo de remendo atrás de remendo para abrir com serviços mínimos aquando da abertura da época balnear. Ainda no final da última época balnear, contactamos os serviços municipais, para atempadamente podermos reunir no local para traçarmos um plano e identificarmos algumas zonas que estão a precisar de intervenções urgentes, nomeadamente a piscina das crianças, o bar, os pavimentos adjacentes ás zonas de banhos para que aquando da abertura desta época balnear agora em curso já estivesse tudo resolvido, a Câmara Municipal concordou e disse que nos contactaria para agendarmos essa visita/reunião, essa chamada nunca chegou e a época balnear já está quase a terminar, aliás nunca fomos informados pela Câmara Municipal sobre quais as pequenas intervenções que iriam fazer e fizeram antes desta época balnear. Fomos informados por terceiros que houve um atraso na bomba da piscina das crianças estando esta funcional apenas cerca de um mês após abertura da época balnear. Como já referido a junta de Freguesia sempre se mostrou disponível para colaborar na manutenção deste espaço, nos últimos anos fomos completamente excluídos deste processo. O mesmo se poderá dizer em relação à situação dos nadadores salvadores, embora compreendemos a dificuldade e falta de pessoal que existe, entendemos no primeiro ano e transmitimos aos serviços municipais a nossa solidariedade com a situação que é transversal a outros municípios, só não entendemos quando a partir daí, ano após ano quando há falta de pessoal as Quatro Ribeiras tem sido sempre a Freguesia sacrificada começando a época balnear sem nadadores salvadores, ficando na incerteza e à mercê de soluções que possam aparecer depois, como foi o caso deste ano… mais uma vez não fomos informados. Por fim, temos a situação do pavilhão desportivo, que embora tenhamos um protocolo com a Câmara Municipal no valor de 200.00 euros mensais durante 10 meses (com exceção dos meses de verão) para abertura e limpeza do mesmo, no estado de degradação em que se encontra, com buracos por onde entram pássaros e pombos, este valor quase nem dá para assegurar os serviços de uma semana muito menos de um mês. Este pavilhão está decadente e a necessitar de obras de manutenção urgentes, já alertamos os serviços municipais por diversas vezes…aguardamos uma solução. Estes são apenas alguns exemplos de falhas de comunicação e constrangimentos que temos enfrentado nos últimos 4 anos.

A Junta apostou em iniciativas nas áreas da ação social, cultura, desporto ou juventude? Pode dar exemplos concretos?

Sim sem dúvida, no domínio social, como já referido, a Junta de Freguesia participou ativamente nas obras de melhoramento, ampliação e reabilitação de uma moradia, ficando ao cargo da Junta toda a burocracia e gestão financeira do processo, gerindo os fundos que foram transferidos pela Secretaria Regional das Obras Públicas – Secção da Habitação degradada. Aqui está um bom exemplo de cooperação eficaz entre duas instituições governamentais. Há mais um exemplo de uma senhora idosa que vivia sozinha, necessitando de várias intervenções urgentes na sua habitação, fomos abordados por familiares, abordamos a senhora, reunimos documentação, tratamos de toda a burocracia e avançamos com a candidatura para a mesma Secretaria, infelizmente, na semana em que fomos chamados para assinatura do contrato estando o processo aprovado, a senhora foi hospitalizada e acabou por falecer, todo o processo caiu por terra, pois como é sabido este tipo de processos não transitam para os herdeiros. Há ainda mais um exemplo idêntico, mas neste caso nunca se conseguiu ultrapassar a fase da burocracia, pois a moradia era proveniente de uma herança e não estando apenas no nome do senhor nem foi possível efetuar a candidatura.

Procuramos também estar atentos a quaisquer situações de famílias em dificuldades para que possamos fazer a ponte com os serviços da segurança social.

No domínio da Cultura, claramente, desde apoios à Sociedade Recreativa de Santa Beatriz, não só nas obras e manutenções efetuadas, como também em apoios monetários anuais para abertura do espaço para o Carnaval.

Foi com orgulho que vimos e apoiamos significativamente também, quase 20 anos depois, a realização de um bailinho de Carnaval na nossa freguesia, e logo em dois anos consecutivos, esperamos sinceramente que seja para continuar.

Temos colaborado ativamente com a Igreja da Freguesia, que neste momento tem uma comissão composta apenas por um casal, que sacrificando a sua vida pessoal tem assegurado os serviços da nossa Igreja que sendo a primeira a ser construída na nossa Ilha entre 1455-1460 é também classificada como Imóvel de Interesse Público, fazendo parte do património Histórico e Religioso da Praia da Vitória, aliás, no nosso Concelho apenas a Igreja Matriz da Praia da Vitória partilha esta denominação.

A meu ver a Junta de Freguesia deve estar ao serviço do povo e das Instituições da Freguesia, devendo acompanhar as suas evoluções e necessidades, neste último mandato houve claramente uma necessidade de aproximação e colaboração ativa da Junta de Freguesia com a Igreja e com a Sociedade Recreativa.

Quanto ao desporto, a Junta de Freguesia fez neste último mandato um forte investimento, e foi com orgulho que vimos renascer a tempo inteiro, digamos assim, a nossa escola de jogo de pau sediada na Casa do Povo da Freguesia, tendo sido inaugurada em 1997 esteve ativa até 2000, voltou a reabrir em 2012 mas com participações pontuais, agora neste último mandato está perfeitamente ativa com treinos semanais sendo composta por vários jovens da Freguesia e não só. Segundo a informação que temos é a única escola de jogo de pau dos Açores em plena atividade neste momento. Relembro que foi a Escola de Jogo de pau das Quatro Ribeiras que, em pareceria com a Casa do Povo, a Junta de Freguesia e outras Entidades governamentais, organizou em 2024 o encontro nacional de jogo de pau, realizado na nossa Ilha e com diversas atividades na nossa Freguesia. Foi um recorde nacional contando com a participação de 13 escolas. A escola de Jogo de Pau tem contado com o apoio da Junta de Freguesia não só nas deslocações que tem efetuado a Portugal continental, transportando com orgulho o brasão da nossa Freguesia por todo o País, como também e agora recentemente, para aquisição de novos equipamentos e fatos de treino para todos os alunos e seu Mestre.

Ainda no desporto, como já referenciado, após o encerramento do programa “Freguesias Ativas” promovido pela Praia Cultural, temos atualmente aulas de ginástica e Fitness uma vez por semana, abrangendo todas as faixas etárias, são 100% financiadas pela Junta de Freguesia e completamente gratuitas para a população.

Foi com orgulho também que vimos neste último mandato um jovem da Freguesia ser bem-sucedido no Ciclismo Terceirense, e quando houve oportunidade de dar o salto a nível regional e até nacional a Junta de Freguesia não lhe virou costas, apoiando-o em diversas ocasiões e permitindo que este realiza-se o seu sonho e também transportasse o brasão na nossa Freguesia por várias Ilhas dos Açores e Portugal continental.

No que concerne á juventude, apoiamos sempre todas as escolas que contam com alunos da nossa Freguesia, todas as viagens de finalistas dos jovens quatro-ribeirenses e também foi neste mandato que apoiamos com orgulho a participação de um dos nossos alunos no Campeonato Nacional de Leitura, nomeadamente o Marco Correio, trazendo o 1º Lugar para a nossa Freguesia. Apoiamos também orgulhosamente, outra das nossas alunas, a Catarina Costa, a participar no Encontro Nacional de Jovens Jornalistas. Posteriormente, enchendo a sua Freguesia de orgulho, esta aluna lançou a sua própria obra Infantojuvenil, um livro intitulado “7- Faz a Diferença”.

Que medidas foram implementadas para aproximar os cidadãos da Junta de Freguesia e promover a sua participação cívica?

Para promover a participação cívica promovemos, por exemplo, ações de formação de “Primeiros Socorros” e “Suporte básico de Vida” e aulas de “Formação Musical e Bandolim”, mas na minha opinião, a necessidade de aproximação dos cidadãos à Freguesia e consequentemente à Junta de Freguesia, é um problema bem mais complexo e transversal a todas ou quase todas as Freguesias, necessitando de uma reflexão aprofundada. Refiro-me especificamente à dificuldade constante que é manter as forças vivas e instituições da Freguesia em funcionamento, ter pessoas com disponibilidade para as direções das instituições, comissões de festas, império, bodos, etc.

Anteriormente já referi os exemplos da Igreja e da Sociedade, agora pegando no exemplo das festas em honra de Santa Beatriz, nos dois dos últimos quatro anos, nomeadamente em 2023 e 2024, não havia qualquer comissão nomeada para organização das festas, sendo a Junta de Freguesia ao ver as datas aproximarem-se, a procurar as pessoas da Freguesia, a bater às portas e a incentivar para que não deixássemos cair as nossas tradições. Ouvimos alguns “não” é certo, mas também ouvimos os “sim” das pessoas certas na hora certa.

Entendo que as mudanças sociais e profissionais que a nossa sociedade tem sofrido implicam que haja cada vez menos disponibilidade por parte das pessoas, e numa freguesia pequena acaba por “sobrar” muitas vezes sempre para os mesmos, mas como digo, o nosso povo é resiliente e ama a sua Freguesia, por isso e como é nosso apanágio, na hora da verdade nunca falha. Há muito trabalho invisível que é feito numa Junta de Freguesia e que muitas vezes passa despercebido.

Dito isto, como forma de colmatar a falta de equipamentos Municipais disponíveis para as Quatro Ribeiras, com o intuito de facilitar a vida e cativar as pessoas para que façam parte das comissões, avançamos não só para a aquisição do nosso próprio palco como também de uma iluminação feita à medida do nosso “Largo da Igreja” onde se realizam as festas tradicionais. A Junta de Freguesia tem colaborado ativamente com as comissões de festas na montagem e desmontagem da mesma, assegurando assim que a mesma se mantém em perfeitas condições para o ano seguinte.

Recentemente, adquirimos também dois quiosques em madeira comparticipados a 100% pela GRATER e que poderão servir de apoio não só às festas como a quaisquer outras atividades da freguesia. O mesmo se poderá dizer sobre o toldo adquirido para o império e a renovação efetuada ao sistema de som da J.F.

É neste sentido que munindo as instituições, forças vivas da Freguesia com os equipamentos e apoio logístico que necessitam, procuramos promover a participação cívica e aproximação dos cidadãos, tornando-as mais independentes com o intuito de facilitar a inclusão e participação dos cidadãos nas atividades da Freguesia.

A freguesia tem conseguido dar resposta às necessidades dos mais jovens, dos idosos e das famílias em situação vulnerável?

De certa forma julgo que sim. Naquilo que está ao nosso alcance, sempre contribuímos e colaboramos. No caso dos idosos e pessoas com mobilidade reduzida, sempre que nos foi solicitado contribuímos e procuramos também facilitar os acessos aos espaços públicos da Freguesia, construindo rampas de acesso. Já o fizemos na casa mortuária, no cemitério e na sociedade e temos analisado junto com a Comissão qual a melhor solução para a Igreja.

No caso dos mais jovens, como já foi referido, apoiamos todas as atividades desportivas e culturais realizadas na Freguesia, ou mesmo fora da Freguesia desde que tenham jovens das Quatro Ribeiras envolvidos. O mesmo com as atividades escolares, viagens de finalistas por exemplo.

Quanto às famílias e idosos em situação vulnerável, saindo um pouco da nossa esfera de ação, cabe a nós estar atentos e abertos a ouvir as pessoas para as encaminhar e orientar para as respetivas entidades competentes, segurança social e Habitação degradada por exemplo. Certos casos ou situações menos complexas, digamos assim, se conseguimos ajudar e resolver com os nossos próprios meios nem pensamos duas vezes.

Qual é o estado atual das finanças da Junta? Considera que a gestão orçamental foi equilibrada e sustentável?

O estado atual das nossas finanças, felizmente, é sobejamente positivo e saudável. Conseguimos neste último mandato consolidar as finanças da Junta de Freguesia. Neste momento, conseguimos atingir um equilíbrio e estabilidade que nos permite agir em algumas situações autonomamente sem depender de outras Entidades, respondendo de forma pronta e eficaz às necessidades da Freguesia, das nossas instituições e do nosso povo.

Considero a gestão orçamental realizada de veras equilibrada e sustentável, e tudo isso ganha maior importância quando, como é sabido e público, a principal fonte de financiamento das Freguesias advém do FFF (Fundo de Financiamento de Freguesias) comparticipado pelo Estado. Esses valores são distribuídos pelas Freguesias com base numa fórmula de cálculo em que os dois principais fatores são a dimensão geográfica e populacional de cada freguesia, mais uma vez não é preciso fazer muitas contas para perceber que somos das freguesias dos Açores que menos recebe do Estado. Logo, a nossa forma de gestão tem-se baseado em gerir séria e equilibradamente os nossos financiamentos.

Não temos qualquer dívida e nem uma única fatura por pagar. Orgulhamo-nos disso. Depois, não possuímos qualquer viatura nem funcionários efetivos, sabemos que só a manutenção de uma viatura, combustível, etc, assim como as despesas inerentes (Salário, Segurança Social, Seguro) a um ou mais funcionários efetivos iriam consumir uma grande fatia do nosso orçamento anual.

Conseguimos assegurar os trabalhos de limpeza e manutenção na freguesia com um único funcionário a tempo parcial, cabendo a nós fornecer-lhe os meios e condições para tornar este esforço possível. Nesse sentido, ainda recentemente fizemos uma candidatura à GRATER no valor de quase 15.000.00 euros para aquisição de máquinas e equipamentos que estarão brevemente ao serviço da Freguesia, esta candidatura já aprovada será apoiada em 100%.

Há projetos que ficaram por realizar neste mandato e que considera prioritários para o futuro da freguesia?

Sim sem dúvida, tenho alguns exemplos. O Miradouro e zona de lazer da Canada dos Sousas, que sendo, na minha opinião, um dos miradouros mais bonitos e com uma das melhores vistas da Ilha, ou até mesmo dos Açores, está a necessitar de uma renovação aprofundada, não só ao nível do parque infantil em que os equipamentos existentes estão inutilizados por não cumprirem as regras de segurança exigidas, como também ao nível da zona de grelhadores e wc que têm sido alvo de vandalismo constantemente ao longo dos anos.

Nestas coisas, costuma-se dizer que metade do trabalho é a burocracia e, felizmente, essa parte já está resolvida, pois apresentamos em 2024 uma candidatura à Secretaria Regional do poder Local no valor de 4.778.00 euros a ser financiada em 85%, para substituição total de todos os equipamentos do parque infantil e obras de melhoramentos.

Esta candidatura cumpre todos os requisitos e todos os indicadores que nos foram dados, e tinha viabilidade para ser aprovada, e assim o foi, mas infelizmente, recebemos recentemente um ofício da Secretaria Regional do poder Local a informar que por falta de verbas desta Secretaria a mesma ficaria congelada e transitaria para o ano de 2026. Acreditamos na seriedade das pessoas e esperamos que não seja uma incidência de estarmos em ano eleitoral.

À parte disso, a própria Junta de Freguesia já iniciou este processo de renovação, com a instalação do sistema elétrico na zona das mesas e churrasqueiras, estando agora apenas a aguardar a instalação do contador por parte da EDA, aliás todo este sistema elétrico já se encontra funcional desde que se ligue um gerador.

Tínhamos programado também uma renovação nos carregadouros de gado da Freguesia que servem de apoio aos agricultores, tendo já iniciado a intervenção no carregadouro de gado e balança no Caminho do Farroco. Este infelizmente encontra-se numa fase atrasada porque, após reunirmos com alguns agricultores chegou-se á conclusão de que os problemas estruturais e funcionais do antigo carregadouro não justificavam uma correção, mas sim uma completa demolição e construção de um novo ajustado às necessidades dos nossos agricultores.

Nesta fase, já efetuamos a demolição, a nova construção arrancará ainda no decorrer deste mandato. Terminada esta intervenção tínhamos também como objetivo reabilitar também o carregadouro de gado existente junto à Casa do Povo.

Como já referi, gostávamos que muito mais tivesse sido feito na nossa zona balnear, no moinho que lá existe, permanecendo encerrado. Assim como no pavilhão desportivo por parte da Câmara Municipal.

A nossa zona marítima protegida que apesar de instaurada há já cerca de 8 anos, pouco ou nada tem sido feito por parte das autoridades competentes para a proteger.

Mais exemplos existem, mas para finalizar queria ressalvar os problemas que existem na Freguesia com as águas pluviais e que ficaram bem patentes, em 2009, aquando das cheias que ocorreram na zona norte da ilha. Não queremos esperar por mais uma catástrofe, pois uma das zonas identificada como problemática abrangendo uma grande parte da Freguesia afetada em 2009, já foi visitada várias vezes por todas as entidades competentes com acompanhamento da Junta de Freguesia, incluindo a Câmara Municipal, que não tendo intervenção direta sobre o local, mas é deste que advém problemas graves de águas em duas Canadas Municipais, nomeadamente a Canada do Tenente e a Canada da Fonte do Gato.

Já existem relatórios, já existem soluções, acho que passados 16 anos já é hora de intervir. Neste caso específico a Junta de Freguesia está de “mãos atadas” pois a solução envolve uma grande intervenção na Estrada Regional que está completamente fora da nossa jurisdição.

Por forma a prevenir os atos de vandalismo no miradouro e zona de lazer da Canada dos Sousas solicitamos orçamentos para instalação de um sistema de vigilância no local, mas a instalação do mesmo ainda não se concretizou.

Podia perguntar-me se cumprimos na íntegra o manifesto eleitoral de há 4 anos, temos plena noção que não, mas muito do que foi aqui falado não constava em qualquer manifesto eleitoral, foi uma adaptação da Junta de Freguesia às necessidades da sua população e das suas instituições.

Na sua visão, quais os desafios e oportunidades que a freguesia deve vencer nos próximos quatro anos?

Na minha modesta opinião, um dos desafios que a Freguesia enfrentará nos próximos anos está relacionado com a mobilização de pessoas para as Direções e Comissões das instituições e forças vivas da freguesia. Como foi dito anteriormente, as mudanças sociais e profissionais assim o exigem, daí a nossa preocupação em tentar munir as instituições com as condições necessários para que sejam mais atrativas de forma a cativar o envolvimento da população. Afinal a Freguesia é pequena e é necessário o contributo de todos.

Mais um dos desafios, que a meu ver enfrentaremos no futuro, é a crescente onda de turismo que se tem verificado na Ilha Terceira e também na nossa Freguesia nos últimos anos, e com tendência a aumentar. Temos de dar maior atenção aos nossos pontos turísticos, zona balnear e zona marítima protegida, ao nosso parque florestal e caminhos de acesso.

Na minha opinião esta crescente vaga de turismo é desafiante, mas também cria oportunidades. Por exemplo, seria interessante as Quatro Ribeiras ter alguma oferta na área da restauração, mesmo que sazonalmente.

Outro dos exemplos é a nossa orla costeira, que é lindíssima e abrangida pela zona marítima protegida poderia também de alguma forma ser “aproveitada” em prol do turismo, com passeios de barco ou mergulho turístico por exemplo.

Poderia também ser uma forma de utilizar e reabilitar o moinho existente na zona balnear. A Junta de Freguesia está aberta a ideias e a colaborar dentro das suas possibilidades com eventuais iniciativas que possam aparecer.

Por fim, que mensagem gostaria de deixar aos quatro-ribeirenses no final deste mandato autárquico?

No final deste mandato autárquico tenho perfeita noção de que muito foi feito, muito ficou por fazer e muito mais há a fazer. O que me tranquiliza e deixa-me com uma sensação de dever cumprido é refletir e saber que nestes 4 anos, acima de tudo, trabalhamos sempre com transparência, honestidade e seriedade, priorizando sempre as nossas instituições e forças vivas, os nossos agricultores, o nosso desporto, a nossa cultura, os nossos idosos e os nossos jovens, de forma geral, colocamos os quatro-ribeirenses sempre em primeiro lugar.

E agora com o coração nas Quatro Ribeiras e com os olhos no futuro, caso tenhamos a vossa confiança para mais 4 anos, este será sempre o nosso fio condutor.

Queremos continuar a fazer da nossa Freguesia um lugar mais bonito e com condições para quem nos visita, mas principalmente para quem aqui vive. Volto a frisar, os quatro-ribeirenses estarão sempre em primeiro lugar.

© PE

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