O Governo dos Açores apresentou segunda-feira, na Horta, o estudo prévio para a criação do Núcleo Museológico dos Cabos Submarinos, que ficará instalado na Trinity House e na Joint Cable Station, dois edifícios históricos da ilha do Faial ligados à era dourada das comunicações transatlânticas.

A Secretaria Regional da Educação, Cultura e Desporto, em parceria com a Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, vai avançar com a criação do Núcleo Museológico dos Cabos Submarinos, na Trinity House e na Joint Cable Station, dois edifícios emblemáticos da cidade da Horta, na ilha do Faial. O anúncio foi feito segunda-feira, 4 de agosto, durante a apresentação do estudo prévio do projeto, na Casa Manuel de Arriaga.
De acordo com a nota de imprensa divulgada terça-feira, dia 5 de agosto de 2025, pela Secretaria Regional da Educação, Cultura e Desporto, esta iniciativa tem como objetivo revitalizar a memória histórica de dois edifícios que estiveram no centro das comunicações globais do início do século XX, dando-lhes uma nova vida enquanto espaços museológicos.

A Secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, afirmou que ainda é possível recolher contributos da população nesta fase inicial do projeto, antes da transição para a arquitetura final e os projetos de especialidade. “No Núcleo Museológico dos Cabos Submarinos, pretende-se reviver aquilo que foi o cosmopolitismo que os cabos trouxeram à cidade da Horta e aos Açores”, sublinhou.
Berta Cabral destacou ainda a importância do projeto no contexto da reabilitação urbana da Horta e da valorização turística da sua herança histórica: “As pessoas têm de entrar neste edifício e perceber e tentar vivenciar aquilo que foi a história destes edifícios e da cidade no início do século XX.” A governante acrescentou que há um turismo cultural específico que poderá ser atraído por esta temática, à semelhança do que acontece com as cidades património.
“A história dos cabos submarinos vai continuar a ser escrita nos Açores de hoje”, afirmou, referindo-se aos novos cabos internacionais que empresas tecnológicas, como a Google, estão a instalar no arquipélago. “Voltámos ao ciclo em que os Açores são muito relevantes nas comunicações e na geoestratégia mundial”, concluiu.

Por sua vez, a Secretária Regional da Educação, Cultura e Desporto, Sofia Ribeiro, enalteceu o trabalho desenvolvido pela direção do Museu da Horta, a quem foi atribuída a missão de construir a museologia do novo núcleo. “A cultura não é apenas um património, um legado ou algo que queremos evocar. Ela continua vivenciada e a criar experiências do dia-a-dia”, afirmou.
Sofia Ribeiro defendeu que os museus devem ser “abertos ao Mundo, transnacionais”, especialmente no caso do Museu da Horta, dada a sua localização estratégica e a relevância histórica da cidade na rede global de comunicações. “Evocar os cabos submarinos é evocar a ligação dos Açores ao Mundo”, declarou.
Na apresentação esteve também presente o professor Henrique Melo Barreiros, da Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta, que teve um papel determinante na defesa da criação deste núcleo museológico.
O arquiteto Pedro Garcia, responsável pelo projeto, apresentou o estudo prévio que irá servir de base ao desenvolvimento da proposta definitiva. O Núcleo Museológico dos Cabos Submarinos assume-se, segundo a nota oficial, como o “Museu do Faial no Mundo”, um símbolo da importância histórica da ilha nas redes globais de comunicação e da sua contínua relevância na geoestratégia atlântica.
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