Os Açores destacam-se como uma das regiões europeias com melhor desempenho na reversão de paragens cardiorrespiratórias em contexto extra-hospitalar, segundo o estudo europeu EuReCa-THREE. A taxa regional atinge os 20%, quase o triplo da média europeia de 7,5%.

A Região Autónoma dos Açores foi destacada entre as quatro melhores regiões da Europa na resposta a paragens cardiorrespiratórias fora do ambiente hospitalar, revela a nota de imprensa divulgada esta terça-feira, 5 de agosto, pela Secretaria Regional do Ambiente e Ação Climática. O dado resulta do relatório do EuReCa-THREE, o maior estudo europeu alguma vez realizado nesta área, que analisou dados de 28 países e mais de 230 milhões de cidadãos.
De acordo com o relatório, publicado em julho de 2025 e referente ao período de setembro a novembro de 2022, os Açores registaram uma taxa de reversão de paragens cardiorrespiratórias de 20%, um valor significativamente superior à média europeia, que se situa nos 7,5%. Esta diferença de quase 13 pontos percentuais coloca a Região à frente de países como França, Espanha, Itália e Alemanha.
Para Alonso Miguel, Secretário Regional com a tutela da Proteção Civil, “esta taxa de reversão reflete o esforço coordenado e articulado de todos os intervenientes no sistema de emergência, desde o papel crucial de quem presencia a ocorrência até à intervenção especializada dos profissionais do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA) e dos Corpos de Bombeiros”.
O governante sublinha que este desempenho “resulta de um investimento contínuo” da Região, nomeadamente “na formação qualificada das equipas, na reorganização dos meios de socorro, na melhoria dos processos de despacho de meios e no reforço da literacia em Suporte Básico de Vida (SBV) junto da população”.
Outro indicador em que os Açores se destacam é o tempo médio de resposta dos serviços de emergência médica, que é de 10 minutos, inferior à média europeia de 12,2 minutos, representando uma melhoria de 18%. Segundo Alonso Miguel, “esta diferença é particularmente relevante, uma vez que o tempo de resposta foi identificado como um dos preditores mais significativos de sobrevivência”.
A nota de imprensa destaca ainda que o tempo de atuação das equipas de emergência médica nos Açores é também mais reduzido do que a média europeia – inferior a 20 minutos, face aos 29,5 minutos registados a nível europeu – o que poderá indicar uma maior eficiência operacional na abordagem às vítimas, embora o secretário regional alerte para a necessidade de uma leitura cautelosa destes dados, dada a complexidade dos casos clínicos.
No que toca à estratégia regional de capacitação e resposta, o secretário regional revelou que, entre 2022 e 2025, foram realizadas 330 ações de formação dirigidas a bombeiros, profissionais de saúde e população em geral, envolvendo 3.100 formandos. Paralelamente, o SRPCBA promoveu 820 ações de sensibilização, que abrangeram cerca de 30.000 participantes, com enfoque especial na comunidade educativa através do programa “Aprende a Socorrer”, que capacitou cerca de 5.000 alunos do 9.º ano em Suporte Básico de Vida nos últimos dois anos letivos.
Foram também reforçados os meios de socorro, com mais ambulâncias, mais tripulantes e formação diferenciada, incluindo em Suporte Avançado de Vida Pediátrico e no protocolo International Trauma Life Support (ITLS), bem como a introdução de novas tecnologias, como a telemetria, que melhoram a eficácia das decisões clínicas em contexto de emergência.
O estudo EuReCa-THREE permitiu ainda caracterizar o perfil das vítimas de paragem cardiorrespiratória nos Açores, revelando que 56% são do sexo masculino, com uma idade média de 68 anos, valores próximos da média europeia. As paragens presenciadas por leigos representam 58% nos Açores, ligeiramente abaixo dos 61,1% registados no conjunto dos países europeus analisados.
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