GOVERNO DOS AÇORES APOSTA NA FLORESTA AUTÓCTONE COM POTENCIAL ECONÓMICO

O Secretário Regional da Agricultura e Alimentação, António Ventura, afirmou esta segunda-feira, 28 de julho, que o Governo dos Açores está a investir na domesticação de espécies florestais autóctones com elevado potencial económico, através da instalação de mais de 30 hectares de campos experimentais nas ilhas Terceira, São Miguel e Pico.

O Governo Regional dos Açores está a desenvolver uma estratégia de valorização das espécies florestais autóctones, com o objetivo de aliar a conservação da biodiversidade à criação de valor económico. A informação foi avançada esta segunda-feira, 28 de julho, pelo Secretário Regional da Agricultura e Alimentação, António Ventura, durante uma visita a um projeto de produção de plantas endémicas, em Angra do Heroísmo.

De acordo com um comunicado emitido pela Secretaria Regional da Agricultura e Alimentação, estão já instalados mais de 30 hectares de campos experimentais e de monitorização do desenvolvimento de espécies autóctones nas ilhas Terceira, São Miguel e Pico. Estas áreas destinam-se ao estudo das melhores práticas de cultivo e condução florestal, com vista à sua utilização futura como fonte sustentável de produção de madeira.

“Estamos a trabalhar na domesticação das espécies mais emblemáticas e com mais potencial madeireiro da floresta natural dos Açores”, afirmou António Ventura, sublinhando que “é possível potenciar as espécies autóctones e delas retirar também dividendos económicos”.

Entre as espécies em destaque estão o Pau Branco (Picconia azorica) e o Cedro do Mato (Juniperus brevifolia), apontadas como das mais representativas da floresta natural açoriana.

Segundo o governante, “estes campos experimentais destinam-se ao estudo das técnicas culturais de instalação e condução das espécies, de forma a potenciar a sua utilização florestal e assim definir os modelos silvícolas mais adequados”, com o objetivo de recuperar a sua anterior capacidade produtiva e inseri-las de forma mais significativa na floresta de produção da Região.

António Ventura defende que o papel do setor público é essencial nesta fase: “Esta área da experimentação, por enquanto, não pode ainda ser assumida plenamente pelos particulares, porque não estão em condições de assumirem as margens de risco que estas opções inevitavelmente encerram – cabe à governação do setor continuar a produzir conhecimento consolidado e a motivar e estimular o setor privado”.

A par do investimento nestas espécies, o Executivo regional quer continuar a melhorar a produtividade da criptoméria, atualmente a base da fileira florestal dos Açores, diversificando simultaneamente o panorama florestal com espécies exóticas bem adaptadas e com as autóctones que apresentem viabilidade económica.

De acordo com o comunicado, esta aposta insere-se no âmbito do Programa de Melhoramento Florestal dos Açores, visando uma gestão florestal sustentável, “ambientalmente equilibrada, economicamente viável e socialmente justa”.

A floresta açoriana, refere ainda a nota oficial, tem potencial para desempenhar um papel decisivo no bem-estar da população, não apenas pela produção de madeira, mas também pelo sequestro de carbono, regulação dos regimes hidrológicos, oferta de espaços de recreio e outros serviços ambientais essenciais.

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