O Presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, inaugurou esta sexta-feira, 25 de julho, a Central de Valorização Energética de São Miguel, destacando o projeto como um marco na transição ecológica do arquipélago. A infraestrutura representa um investimento superior a 86 milhões de euros e integra o Ecoparque de São Miguel.

Foi oficialmente inaugurada esta sexta-feira, 25 de julho, a Central de Valorização Energética da Ilha de São Miguel, uma infraestrutura que, segundo o Presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, marca “o início de uma nova era na gestão de resíduos” no arquipélago. O governante falava durante a cerimónia de inauguração, num discurso divulgado pelo executivo açoriano.
A central insere-se no Ecoparque de São Miguel, que representa um investimento global superior a 120 milhões de euros, cofinanciado em 68 milhões de euros por fundos europeus – 47 milhões através do PO SEUR e 21 milhões pelo programa Açores 2030 – com os restantes montantes garantidos por financiamento bancário (27 milhões) e fundos próprios.
“É com grande sentido de missão e orgulho que damos início oficial à operação desta central, uma infraestrutura que simboliza a transição dos Açores para um modelo de desenvolvimento mais sustentável, mais circular e mais resiliente”, afirmou Bolieiro, sublinhando tratar-se de uma instalação “de referência, concebida com base nos mais exigentes padrões técnicos e ambientais”.
A Central de Valorização Energética vem permitir a transformação de resíduos em energia, substituindo o modelo anterior baseado na deposição em aterro. Juntamente com as unidades de tratamento mecânico, biológico e triagem, já em funcionamento, a central possibilita o cumprimento integral das metas europeias de gestão de resíduos para 2025:
55% de preparação para reutilização e reciclagem;
Redução da deposição em aterro para menos de 10%.

De acordo com Bolieiro, “a meta de 55% para 2025 está praticamente alcançada, aliás já atingida na ilha de São Miguel”, com a taxa de reciclagem a ter crescido para 48% em 2024, face aos 36,4% registados em 2023. A deposição em aterro foi reduzida de 40% em 2023 para 24% em 2024.
O chefe do executivo açoriano referiu ainda que a nova infraestrutura é parte de uma estratégia mais ampla, definida no PEPGRA 20+ (Programa Estratégico de Prevenção e Gestão de Resíduos dos Açores), aprovado em 2023, que prevê mais de 60 medidas até 2030. Destacou também a Agenda para a Economia Circular da Região, que deu origem a iniciativas como o Selo “Evento Circular”, a Plataforma Digital de Circularidade dos Açores e projetos-piloto de recolha de cápsulas de café e depósitos de embalagens.
Bolieiro fez questão de agradecer à MUSAMI – entidade gestora do Ecoparque –, aos municípios, juntas de freguesia e colaboradores das infraestruturas ambientais, bem como à população açoriana, pela “adesão crescente às boas práticas de separação e reciclagem”.
“Mais do que ligar um sistema, ligamos um compromisso: com a sustentabilidade, com a inovação e com o respeito pelo nosso património natural”, declarou o presidente do Governo Regional, rejeitando críticas ao modelo de valorização energética e reforçando que os Açores mostram que “é possível estar na linha da frente da transição ecológica – mesmo a partir de um território insular, ultraperiférico e disperso”.
A Central agora inaugurada representa, segundo Bolieiro, um passo determinante na construção de um “arquipélago sustentável”, onde os resíduos “podem ser parte da solução, quando são geridos com visão, com rigor e com responsabilidade”.
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