O líder do PS/Açores, Francisco César, criticou terça-feira o Governo Regional por transformar em norma o incumprimento e o isolamento nas ilhas, apontando falhas graves nas áreas da saúde, dos transportes e da coesão regional.

O presidente do Partido Socialista dos Açores, Francisco César, acusou o Governo Regional, liderado pela coligação PSD/CDS/PPM com apoio parlamentar do Chega, de ter criado nos Açores “uma nova normalidade” assente no “incumprimento e isolamento”, com consequências diretas em áreas fundamentais como a saúde, os transportes e a coesão social.
As declarações foram proferidas esta terça-feira, 22 de julho, durante a sessão de abertura das Jornadas Parlamentares do Grupo Parlamentar do PS, realizadas na ilha Graciosa, e constam de uma nota de imprensa emitida pelo PS/Açores.
“Ao fim de cerca de cinco anos de governação da coligação, é normal não pagar a fornecedores, a SATA não apresentar contas a tempo, começar o ano letivo sem professores, os apoios a instituições serem sempre metade do que foi solicitado. E agora, normalizou-se também o isolamento”, afirmou Francisco César, dando o tom para uma intervenção marcada por duras críticas à ação governativa.
O líder socialista acusou o executivo regional de falta de planeamento e visão estratégica, salientando que, atualmente, “é normal as ilhas sem hospital não terem acesso à saúde” e que “as ilhas mais afastadas não terem acesso a transportes aéreos de qualidade”.
Referindo-se especificamente à realidade da ilha Graciosa, César apontou o caso dos doentes crónicos que, segundo disse, aguardam durante semanas por autorizações do Hospital da Terceira para aceder a medicamentos na farmácia do centro de saúde local. “Essa resposta não é normal”, sublinhou.
O socialista denunciou também a escassez de consultas de especialidade, a ausência de profissionais e o que descreveu como “desorganização” nos centros de saúde. “Não sou eu quem o diz, basta perguntar à população da Graciosa”, frisou, acrescentando que “o Governo encolhe os ombros” perante os problemas.
No domínio dos transportes, Francisco César criticou fortemente o modelo de transporte marítimo, classificando-o como “um caos” e afirmando que “nunca se sabe quando o navio chega”. De acordo com o líder do PS/Açores, esta situação está a ter impactos severos no abastecimento de materiais de construção, nomeadamente o cimento, cujo custo acrescido penaliza as ilhas mais periféricas.
“Hoje, quem quiser construir nas ilhas mais pequenas, tem de suportar custos agravados só para conseguir acesso ao cimento”, denunciou, considerando que esta realidade compromete a coesão regional.
César criticou ainda a Tarifa Açores — medida anunciada pelo Governo Regional para reduzir os custos das viagens interilhas — por considerar que se trata de “propaganda sem planeamento”. “A tarifa pode ter baixado os preços, mas o desaparecimento do transporte marítimo de passageiros na época alta e a falta de voos tornam essa medida ineficaz para quem realmente precisa de viajar”, afirmou.
Na conclusão da sua intervenção, Francisco César reforçou que “as decisões do atual Governo Regional falham sistematicamente na resposta às necessidades reais das populações”, sublinhando que “os Açorianos precisam de um Governo que não aceite como normal aquilo que está manifestamente errado”.
© PS/A | Foto: PS/A | PE
