
O presidente do PS/Açores, Francisco César, alertou esta segunda-feira para o agravamento da situação económica da Região Autónoma dos Açores, apontando falhas na gestão da dívida pública, subaproveitamento dos fundos comunitários e disfunções nos transportes marítimos e aéreos.
Em declarações prestadas após uma reunião de trabalho com a Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Francisco César afirmou que a situação financeira da Região está a entrar numa fase crítica, com reflexos negativos tanto nas empresas como nos cidadãos. A posição foi divulgada através de nota de imprensa emitida pelo PS/Açores esta segunda-feira, 14 de julho.
“A dívida financeira da Região voltou a crescer, apesar de o Governo Regional ter recebido autorização para contrair empréstimos no valor de 75 milhões de euros destinados, precisamente, a pagar a fornecedores. Mesmo assim, a dívida a fornecedores aumentou mais 57 milhões de euros. Isto é um sinal claro de descontrolo”, declarou o líder socialista.
Francisco César denunciou ainda o fraco desempenho na execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que terá sido de apenas 19% em 2024. Segundo o dirigente, dos mais de 84 milhões de euros executados até ao momento, apenas 2 milhões chegaram efetivamente às empresas, enquanto até maio deste ano, a Região arrecadou apenas 20 milhões de euros em fundos comunitários, quando o mínimo esperado seria de 80 milhões. “É uma queda grave, que confirma as nossas preocupações”, afirmou.
No setor dos transportes, o presidente do PS/Açores apontou o “colapso do modelo de transporte marítimo de mercadorias” e a “degradação do sistema de transportes aéreos”. Referindo-se à transportadora SATA, César sublinhou que, após cinco anos de reestruturação e mais de 400 milhões de euros em injeções públicas, a empresa continua a acumular prejuízos. “Poderá vir a custar mil milhões de euros aos contribuintes açorianos”, alertou, acrescentando que os açorianos enfrentam diariamente voos “constantemente atrasados, cancelados ou lotados”.
Criticando a atuação do atual executivo regional, Francisco César afirmou que “estamos a normalizar o incumprimento nos Açores”, acusando o Governo de não pagar, não executar e não apresentar resultados, apesar de estar no poder há cinco anos. “Insiste em culpar o passado, quando falha em governar o presente”, declarou.
Apesar das críticas, o líder regional do PS reafirmou a disponibilidade do partido para apresentar propostas e colaborar na resolução dos problemas. “O PS não se limita a criticar. Queremos ajudar a resolver, mas é o Governo que tem recusado ouvir e agir”, sublinhou, destacando o papel dos socialistas na Assembleia da República em matéria de fiscalização e pedidos de esclarecimento, nomeadamente sobre o PRR e o transporte marítimo.
Francisco César terminou com um apelo à responsabilidade política: “A situação é grave. Estamos a gastar mais do que temos e a desperdiçar os fundos que nos poderiam ajudar. Isto não é só um problema técnico, é um problema político. E exige respostas urgentes.”
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