BLOCO DE ESQUERDA QUER “VIRAR A PÁGINA” NOS AÇORES E ACUSA DIREITA DE AGRAVAR PROBLEMAS DA REGIÃO

O Bloco de Esquerda dos Açores defendeu este sábado, 5 de julho, no encerramento da sua convenção regional, a necessidade de “virar a página” na governação da Região Autónoma, assumindo-se como “determinante para a resistência social à onda de direita” e comprometendo-se com um projeto político que devolva “a esperança numa vida melhor, numa região mais justa e democrática, e num mundo melhor”. A posição foi expressa por António Lima, reeleito coordenador regional do partido.

Segundo a nota de imprensa divulgada pelo BE/Açores, António Lima sublinhou que o Bloco é “a voz da esquerda eco-socialista no parlamento dos Açores”, salientando a responsabilidade que isso implica: “exige capacidade de resistência, persistência, mas também saber fazer pontes e convergências”, sem nunca ceder “nem um milímetro à rampa deslizante para a extrema-direita, que já contaminou toda a direita e avança sobre o centro”.

O dirigente bloquista fez um balanço crítico da atual governação regional, acusando a coligação de direita, com o apoio do Chega, de ter agravado os principais problemas da região desde que assumiu funções em 2020. “Os problemas herdados pelos governos da coligação estão hoje pior do que em 2020”, disse, apontando áreas como a habitação, a SATA, as contas públicas, as desigualdades, a saúde, o trabalho e a cultura.

Na área fiscal, António Lima acusou o executivo de atuar “como um Robin dos Bosques ao contrário”, afirmando que “baixou os impostos aos ricos para endividar pobres e remediados”, o que, segundo o partido, se traduziu num aumento de 900 milhões de euros na dívida pública em apenas quatro anos.

A habitação foi destacada como uma das prioridades do Bloco, com propostas concretas como a imposição de tetos às rendas, a regulação do Alojamento Local e o fim dos subsídios ao setor. Para o partido, estas medidas são “de emergência” para travar o aumento do preço das casas na região.

A situação da transportadora aérea SATA foi também alvo de críticas severas. António Lima acusou a coligação de “torrar 453 milhões de euros em ajudas públicas à SATA” e de falhar na reforma do modelo de transporte aéreo. “Já não se trata de salvar apenas a SATA, que se aproxima da rotura, é preciso salvar o transporte aéreo nos Açores”, defendeu, exigindo um novo modelo que garanta a mobilidade dos açorianos.

No que diz respeito ao financiamento da autonomia e dos serviços públicos, o Bloco defende o aumento das transferências do Estado para fazer face aos custos acrescidos de gerir serviços em nove ilhas e a implementação de um sistema fiscal mais justo, que alivie os rendimentos mais baixos e elimine “borlas fiscais aos grandes lucros e aos mais ricos”.

No plano da saúde, o coordenador bloquista alertou para o “crescente desacreditar no Serviço Regional de Saúde”, considerando urgente o reforço do investimento público, sob pena de o sistema ser progressivamente substituído pelo setor privado, o que implicaria um maior custo para os doentes.

A convenção regional foi também palco da reafirmação de propostas em defesa de melhores salários, combate às desigualdades e aposta em setores estratégicos como a ciência e o mar. António Lima reiterou a oposição do partido a uma “economia de guerra” e lamentou que existam setores que celebrem a utilização da Base das Lajes para fins militares, como no caso de um recente ataque ao Irão.

“O nosso horizonte é mesmo mudar os Açores”, concluiu o líder bloquista, apelando à união de forças para construir alternativas e soluções às crises que afetam a região.

A convenção regional do Bloco de Esquerda decorreu este sábado, nos Açores, e marcou a renovação do compromisso político do partido com uma alternativa de esquerda, centrada na justiça social, ambiental e económica.

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