O Governo Regional dos Açores publicou esta terça-feira, 1 de julho, em Jornal Oficial, as portarias que definem os calendários venatórios para todas as ilhas do arquipélago, relativos à época de caça 2025/2026, que teve início ontem e termina a 30 de junho do próximo ano. A informação foi avançada em nota de imprensa pela Secretaria Regional da Agricultura e Alimentação.
Os calendários venatórios foram definidos de forma diferenciada para cada ilha, tendo em conta as suas realidades ecológicas e cinegéticas específicas. Estes documentos indicam aos caçadores as espécies autorizadas para caça, os períodos legais, o número de peças permitidas, os locais e os métodos de caça autorizados.
De acordo com a nota de imprensa, a definição destes calendários insere-se numa estratégia de gestão sustentável dos recursos cinegéticos regionais, liderada pela Direção Regional dos Recursos Florestais e Ordenamento do Território. O objetivo é compatibilizar a prática da caça com os princípios de conservação da natureza, o equilíbrio ecológico e as restantes formas de uso do solo.
A estratégia do Governo Regional assenta em estudos técnico-científicos, monitorização populacional das espécies, recolha de dados sobre jornadas de caça, fiscalização e análise do esforço cinegético. Todos os calendários agora publicados foram alvo de consulta às organizações de caçadores, associações de agricultores, produtores florestais e entidades de defesa do ambiente. As propostas apresentadas pelos parceiros foram, segundo a Secretaria, “consideradas e enquadradas” nos documentos finais, após consenso entre todas as partes envolvidas.
A época venatória de 2025/2026 manterá, no essencial, as condições da anterior, com exceções nas ilhas de São Miguel, Faial e Flores, onde será possível caçar coelho-bravo em mais dias, devido ao aumento das populações. Por outro lado, a caça à narceja-comum volta a ser interdita nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial, em virtude do declínio no número de aves nidificantes.
Para as restantes espécies cinegéticas, a nota refere que “a situação populacional não obrigou a alterações de maior nas condicionantes à sua caça”.
O Secretário Regional da Agricultura e Alimentação, António Ventura, alertou, na mesma nota, para as ameaças que afetam as espécies cinegéticas, como a degradação dos habitats e os efeitos das alterações climáticas. “As espécies cinegéticas enfrentam hoje várias perturbações que conduzem à fragmentação e deterioração de habitats, de nichos ecológicos, alteração da composição e estruturas das comunidades”, afirmou.
Ventura reforçou ainda o papel dos caçadores na conservação da biodiversidade, desde que a atividade seja exercida com responsabilidade: “Os caçadores que exerçam a atividade cinegética de forma ética, adaptativa e sustentável, são elementos essenciais na conservação da natureza, contribuindo assim para a reversão da perda de biodiversidade e degradação dos ecossistemas.”
A publicação dos calendários venatórios marca assim o arranque oficial da nova época de caça nos Açores, com reforço da cooperação entre Governo, caçadores e demais parceiros na gestão dos recursos naturais do arquipélago.
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