
O presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, defendeu esta segunda-feira uma autonomia política e financeira reforçada, apelando a uma nova valorização do arquipélago enquanto ativo estratégico para Portugal e para a União Europeia. A intervenção teve lugar na Sessão Solene comemorativa do Dia da Região Autónoma dos Açores, realizada no Auditório do Ramo Grande, na cidade da Praia da Vitória.
“Hoje celebramos Açores!”, começou por afirmar Bolieiro, num discurso que percorreu os marcos históricos da autonomia açoriana, desde a revolução de 25 de Abril até à atualidade, destacando os avanços alcançados nas áreas da educação, saúde e coesão social. Recordou os 50 anos da eleição dos deputados constituintes que iniciaram o caminho autonómico e homenageou os protagonistas desse processo, como Mota Amaral e Jaime Gama.
O líder do executivo regional afirmou que a Autonomia Política não é um ponto de chegada, mas “um processo contínuo de desenvolvimento, de responsabilidade e de compromisso”. Sublinhou que os Açores são “uma Região de oportunidades”, com um papel geoestratégico fundamental, e alertou para a necessidade de as instâncias nacionais e europeias compreenderem e valorizarem esse potencial.
Num tom firme, Bolieiro destacou a urgência da revisão da Lei de Finanças das Regiões Autónomas, criticando as últimas alterações legislativas que, segundo disse, fragilizaram a capacidade financeira dos Açores:
“Não é uma questão técnica. É uma questão política, de justiça e de equidade”, declarou.
O presidente do Governo Regional exigiu que a autonomia financeira seja tratada como um direito, e não sujeita “a flutuações arbitrárias ou a centralismos que desconsiderem as nossas especificidades”.
Bolieiro fez também questão de frisar a importância da sustentabilidade e da liderança ambiental dos Açores, inserindo a Região na linha da frente dos desafios globais relacionados com o clima, a energia, o digital e as novas economias do mar e do espaço.
Reiterou a centralidade dos Açores no Atlântico como “porta de entrada e de projeção” para Portugal e para a Europa, lembrando que o mar dos Açores representa 56% da Zona Económica Exclusiva portuguesa:
“A República deve ver os Açores não como um custo, mas como um contributo para a projeção atlântica de Portugal”, afirmou.
Encerrando com uma nota de otimismo e ambição, José Manuel Bolieiro apelou à construção conjunta de um futuro “mais auspicioso do que tudo o já vivido”, enraizado nos valores da autonomia, da solidariedade e da democracia.
“Queremos uma Autonomia de oportunidades. É com todos que faremos o futuro acontecer”, projetou.
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