BOLIEIRO EVOCA PAPEL DE CAMÕES E DOS AÇORES NAS COMEMORAÇÕES DO QUINTO CENTENÁRIO DO POETA

O Presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, presidiu terça-feira, na Horta, à segunda sessão do ciclo comemorativo dos 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, sublinhando o papel do poeta como símbolo da cultura portuguesa e destacando a relevância geoestratégica dos Açores no contexto atlântico. A cerimónia, que teve lugar nos Paços do Concelho da Horta, insere-se nas celebrações nacionais do quinto centenário do autor de Os Lusíadas e foi promovida pela Câmara Municipal da Horta em parceria com a Delegação nos Açores da Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP).

Segundo nota de imprensa divulgada pela Presidência do Governo Regional, Bolieiro afirmou que Camões “não é apenas um poeta do passado”, mas antes um autor que “transcende as fronteiras do tempo, das geografias e das gerações”. Para o chefe do executivo açoriano, a obra do poeta “fala de nós, do que fomos, do que somos e do que podemos ser”.

Inspirando-se na forte componente marítima de Os Lusíadas, Bolieiro frisou que “o mar é a nossa própria identidade”, lembrando que a epopeia camoniana continua a ecoar na forma como os Açores assumem hoje os seus desafios no seio do Atlântico. “Os Açores são hoje uma plataforma de conhecimento, segurança e sustentabilidade”, declarou, acrescentando que a insularidade se converte, neste novo tempo, “em centralidade estratégica”.

O Presidente do Governo reiterou o compromisso do executivo regional com a proteção e valorização do mar, “enquanto fonte de vida, identidade e projeção internacional”, defendendo que os Açores vivem o mar “com responsabilidade” e “com visão de futuro”.

A sessão solene contou com uma conferência proferida pelo Professor Doutor Carlos Reis, reconhecido académico e especialista em Camões, sob o tema O mundo d’Os Lusíadas: Figuras e Sentidos. Na sua intervenção, Carlos Reis defendeu que a epopeia é “uma obra sobre a identidade” nacional, servindo não apenas como retrato de um tempo histórico, mas também como instrumento para compreender o imaginário coletivo português.

O evento incluiu ainda uma apresentação de Eduardo Ferraz da Rosa, representante da SHIP nos Açores, e uma intervenção musical pelo Ensemble de Palhetas do Conservatório Regional da Horta, que conferiu à cerimónia uma dimensão artística e solene.

Estiveram presentes na sessão diversas entidades académicas, institucionais e culturais, incluindo o Secretário Regional do Mar e das Pescas, Mário Rui Pinho, e o Presidente da Câmara Municipal da Horta, Carlos Ferreira.

Mais do que uma homenagem literária, o encontro constituiu, como sublinha a nota do Governo Regional, um reconhecimento da “força contínua da palavra de Camões na formação da identidade portuguesa”, com expressão nos Açores, em Portugal e no mundo.

© GRA | Foto: GRA | PE