BLOCO PROPÕE SEMANA DE 4 DIAS E REFORMA AOS 65 OU 40 ANOS DE TRABALHO

O Bloco de Esquerda dos Açores defendeu sábado que os avanços tecnológicos devem ser acompanhados de melhorias reais nas condições de vida e de trabalho dos portugueses, colocando o bem-estar dos trabalhadores no centro das políticas laborais, a par do aumento dos salários. As propostas foram apresentadas por Pedro Amaral, candidato do BE à Assembleia da República pelos Açores, após uma reunião com o Sindicato dos Trabalhadores de Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo dos Açores.

Segundo o comunicado de imprensa divulgada pelo BE/Açores, Pedro Amaral sublinhou que “num momento de grande progresso tecnológico, os avanços têm que reverter também para os trabalhadores”, destacando um conjunto de propostas centradas na valorização do trabalho e na justiça social.

Entre as medidas defendidas, destacam-se a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, a implementação progressiva de uma semana laboral de quatro dias, a antecipação da idade da reforma – aos 65 anos ou após 40 anos de descontos –, e o alargamento do subsídio de refeição a todos os trabalhadores do setor privado.

“Todas as conquistas laborais enfrentaram sempre os mesmos argumentos sobre produtividade. Contudo, entre 2013 e 2023, a produtividade em Portugal cresceu 18%, enquanto os salários ficaram muito aquém”, afirmou Pedro Amaral, citado no comunicado.

O candidato bloquista lembrou ainda que “10% dos trabalhadores em Portugal vivem na pobreza” e que “nos Açores, quase 40% dos trabalhadores do setor privado recebem o salário mínimo”, o que considera ser revelador da urgência em reforçar o poder de compra. Nesse sentido, o BE propõe um aumento do salário mínimo nacional para mil euros já em 2026, acompanhado de um incremento no salário médio.

O Bloco defende também uma valorização do trabalho por turnos, propondo medidas como rendimentos mais elevados, direito à reforma antecipada e mais tempo de descanso entre turnos, tendo em conta o desgaste físico e psicológico associado.

Em matéria fiscal, Pedro Amaral criticou a carga fiscal suportada pela classe média e apontou a necessidade de maior equilíbrio: “Temos uma população ativa que trabalha o dia inteiro e que chega ao fim do mês a pagar muitos impostos”. Por isso, o BE propõe a criação de uma taxa adicional para os super-ricos, aplicável a patrimónios superiores a três milhões de euros, medida que o candidato considera ser “da mais elementar justiça fiscal” e “uma questão de mero bom-senso”.

As propostas agora reiteradas integram o programa nacional do Bloco de Esquerda para as eleições legislativas e visam, segundo o partido, “melhorar a vida de quem trabalha”, com soluções que respondam às desigualdades salariais e promovam uma maior equidade social.

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