BLOCO DE ESQUERDA INSISTE NA CULTURA E HABITAÇÃO COMO PILARES PARA O FUTURO DOS AÇORES

Num evento que conjugou ontem teatro e música em Angra do Heroísmo, o Bloco de Esquerda dos Açores (BE/Açores) voltou a colocar a Cultura e a Habitação no centro do debate político, defendendo medidas concretas para responder à crise habitacional e reforçando o papel da Cultura como motor de reflexão e progresso social.

De acordo com o comunicado de imprensa divulgado pelo partido, o encontro contou com uma encenação do grupo “Eh Palhaças!” sobre os impactos da especulação imobiliária, seguindo-se uma intervenção do candidato bloquista à Assembleia da República pelos Açores, Pedro Amaral, que sublinhou propostas para “garantir um acesso digno à habitação”. Entre essas medidas, destacou-se a definição de limites máximos para as rendas com base no tipo e localização da habitação, o uso da Caixa Geral de Depósitos – “um banco 100% público” – para baixar os juros no crédito à habitação, e a imposição de limites ao número de Alojamentos Locais por zona.

Pedro Amaral alertou ainda para os riscos da dependência económica excessiva do turismo, setor que classificou como “muito volátil” e gerador de precariedade laboral devido à sua forte sazonalidade. Para contrariar esta tendência, defendeu a necessidade de “uma estratégia e um bom plano de ordenamento” que promova uma economia mais equilibrada e sustentável.

No mesmo evento, que contou também com uma atuação musical de “Felix the First”, o candidato reafirmou dois compromissos do programa eleitoral do Bloco no domínio cultural: garantir 1% do PIB para a Cultura no Orçamento do Estado e valorizar os profissionais do setor.

Presente no encontro, António Lima, coordenador do BE/Açores, enalteceu o desempenho de Pedro Amaral na campanha, descrevendo-o como “um candidato com grande solidez, com conhecimento das causas e com a energia” para concretizar mudanças. Lima criticou também a coligação Aliança Democrática (AD) nos Açores, acusando o seu candidato, Paulo Moniz, de incoerência ao prometer reverter medidas do próprio governo que apoia, nomeadamente o teto máximo no subsídio social de mobilidade e os cortes na investigação científica.

“Se não fosse sério, parecia uma brincadeira”, ironizou o líder regional do Bloco, questionando: “Em que é que os açorianos estão a votar se votarem na AD? Para implementar as medidas de Luís Montenegro ou para reverter as medidas de Montenegro?”

Confrontado pelos jornalistas sobre o impacto político do caso do deputado do Chega eleito pelos Açores nas últimas legislativas, envolvido num alegado roubo de bagagens, António Lima foi perentório: “Se há alguma coisa que esta situação nos ensinou, foi que o voto no Chega é um voto deitado fora.”

O evento deste domingo marcou mais um momento da campanha do BE/Açores para as eleições legislativas nacionais, reforçando a aposta do partido em políticas estruturais para os arquipélagos e sublinhando a importância da coerência e credibilidade política.

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