ELEIÇOES NO DIA 18 DE MAIO — QUEM AS QUIS?

Quem quis afinal estas eleições, para as quais o povo já cansado, vai ter de se deslocar de novo às mesas de voto? Na opinião de um habitual articulista do cantinho de uma página do Diário Insular, a culpa foi do Partido Socialista e do Chega, os quais no seu entender, irão pagar cara a derrota…

Afirmações desta natureza, só podem ter alguma desculpa, quando feitas num período de campanha eleitoral, na qual se pretende a todo o custo ganhar eleições, tapando o sol com a peneira… Isto, quando os portugueses todos sabem, (exceto os que só veem o argueiro à frente dos olhos… )  que foi o facto de Luis Montenegro ter insistido em levar a cabo a Moção de Confiança, que fez com que estas próximas eleições tivessem lugar! Se nos disserem que todos as queriam, talvez possa ser aceite. Agora, vir aqui afirmar inverdades, pode agradar aos de cima, mas dificilmente vai convencer os de baixo, que são os eleitores, ou se quiserem, o chamado zé povinho.

Fizeram-se e fazem-se ainda debates entre os vários candidatos, os quais passam minutos ou mesmo horas a culparem-se uns aos outros. Chegando por vezes ao limite de se atingirem com graves ofensas pessoais! Tudo vale para que se vença a batalha. Todas as armas são usadas, desde que sejam eficazes no seu objetivo! Mesmo que para tal, se gastem alguns milhões do erário público, que tanta fazem aos mais necessitados…

O povo está farto disto! Quer alternativas às dificuldades que enfrenta no seu dia a dia. Exige soluções concretas para a habitação, que atinge no momento valores incomportáveis, nomeadamente para os jovens casais. Para a educação, com dificuldades em toda a sua globalidade, desde a pré ao ensino superior. Para a saúde, que como todos sabemos, tem um SNS, que na maior parte dos casos, não consegue dar resposta aos seus utentes. Para a justiça, que tarda também em ser mais justa e mais célere, nomeadamente para os mais poderosos deste país e, rápida para os mais fragilizados.

O povo já perdeu a paciência para vos ouvir nas televisões. Por vezes a falarem todos ao mesmo tempo, ou interrompendo-se, sem o mínimo respeito pelo adversário e, sobretudo pelos ouvintes que ainda resistem em não mudar de canal…

Saudades tenho do tempo em que se faziam os “Comícios” pelos Centros Culturais ou salões das Freguesias, em que vocês candidatos estavam ao lado do povo e o olhavam de cara a cara. Havia compromisso, o povo conhecia os seus eleitos e estes os eleitores… Agora, atingidos os objetivos, instalam-se nos seus confortáveis pelouros e, esquecem-se de quem lá os colocou, até ao dia das próximas eleições.

Escrevo com conhecimento de causa, porque também fui militante ativo de um partido durante muitos anos, só que nas horas vagas… Nunca como emprego.

Colei cartazes, bati às portas, participei em comícios, reuniões semanais, às vezes diárias, campanha eleitoral no meu carro, sempre sem receber um tostão. Só que no tempo, como se diz na gíria, havia amor à camisola!

Hoje, faz-se da política um emprego. Quantas vezes, aquele que nunca se teve…

Apelo a que todos exerçam o seu direito de voto, livremente, sem outro modo, que não seja o da sua consciência. Apelo também aos candidatos, que façam uma reflexão profunda, sobre as causas que estão levando o povo à dúvida nas suas escolhas e à consequente abstenção.

Fernando Mendonça

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