
O grupo parlamentar do CHEGA/Açores reuniu-se esta terça-feira com a Comissão de Trabalhadores da SATA Air Açores, com quem debateu as preocupações relacionadas com a anunciada privatização a 100% da empresa de handling da transportadora aérea regional. A reunião, segundo a Nota de Imprensa divulgada pelo partido, evidenciou posições distintas quanto à medida, mas convergência na necessidade de proteger os interesses das ilhas menos populosas do arquipélago.
A Comissão de Trabalhadores demonstrou apreensão quanto à separação da empresa de handling da SATA, alertando que esta poderá vir a fragilizar a companhia, uma vez que os custos com os serviços em terra poderão aumentar significativamente. A estrutura laboral receia ainda que esta alteração venha a comprometer a qualidade do serviço prestado nas ilhas com menor procura.
Os deputados José Pacheco e Olivéria Santos, em representação do CHEGA/Açores, manifestaram-se favoráveis à privatização, mas frisaram que esta deve ser feita com regras bem definidas e que garantam a continuidade do serviço em todas as ilhas. “Não defendemos liberalizações selvagens, nem o capitalismo selvagem”, afirmou José Pacheco, acrescentando que o processo deve proteger as ilhas com economias mais frágeis e evitar práticas clientelistas na gestão pública: “Não pode ser o Estado a colocar boys e girls numa empresa em que temos excesso de pessoal numas áreas e défice noutras”.
Pacheco sublinhou ainda a importância de uma gestão racional das rotas e da adaptação da oferta às reais necessidades da população, criticando práticas de gestão motivadas por interesses eleitorais: “Temos de ter voos adequados às necessidades e não porque dão votos”.
Durante a reunião, foi também abordada a possível entrada de novas companhias aéreas no mercado regional, no âmbito do concurso de Obrigações de Serviço Público (OSP) previsto para 2026. O deputado alertou que muitas destas operadoras possuem os seus próprios serviços de handling, podendo praticar preços mais elevados caso a SATA deixe de ter uma estrutura própria. “A Comissão de Trabalhadores não percebe a razão de a SATA deixar de ter a sua empresa de handling quando outras empresas poderão cobrar muito mais por esse serviço”, salientou Pacheco.
Outro tema discutido foi o estado atual do aeroporto de Ponta Delgada, que, de acordo com José Pacheco, “está ultrapassado, a rebentar pelas costuras”, criticando a ANA Aeroportos pelo constante adiamento de investimentos e obras de modernização: “Não sei se neste Verão vai conseguir dar resposta, face à crescente pressão turística que se faz sentir e que irá intensificar-se”, concluiu.
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