PS/AÇORES ACUSA GOVERNO REGIONAL DE DECISÃO PRECIPITADA E “FARSA” NO CASO DO HOSPITAL MODULAR

O Grupo Parlamentar do PS/Açores denunciou quarta-feira o que considera ter sido uma decisão política “precipitada” por parte do Governo Regional na escolha de avançar com a construção do Hospital Modular em detrimento da reabertura do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), após o incêndio que afetou a unidade hospitalar em 2023.

A denúncia foi feita durante as audições da Comissão Parlamentar de Inquérito ao Incêndio no HDES, ainda em curso, e consta de uma nota de imprensa divulgada pelo PS/Açores. Os deputados socialistas alegam que existia a possibilidade de reabrir parte do HDES ainda em agosto de 2024, possibilidade essa que foi, segundo afirmam, bloqueada por decisão da Secretária Regional da Saúde e da Direção Clínica.

“Nas audições de hoje, foi confirmado pela Dra. Manuela Gomes de Menezes uma das questões que despoletou a necessidade desta comissão de inquérito, que no final do mês de agosto de 2024 era possível reabrir a enfermaria da ala poente do HDES”, afirmou José Miguel Toste, deputado socialista. “Essa possibilidade foi bloqueada por decisão da Secretária Regional da Saúde e da Direção Clínica, mantendo assim encerrado um espaço essencial para a reabertura do edifício do Hospital de Ponta Delgada, em prejuízo direto dos utentes”, acrescentou, frisando que a enfermaria em causa “continua encerrada”.

Por seu lado, Carlos Silva, vice-presidente do grupo parlamentar do PS/Açores, acusou o Governo de ter tomado a decisão de construir o Hospital Modular “apenas dois dias após o incêndio”, sem o devido suporte técnico. “Foi uma farsa montada para enganar os Açorianos e encobrir uma decisão precipitada, mal planeada e que custou quase 40 milhões de euros aos Açorianos e demorou três vezes mais do que o inicialmente anunciado”, acusou.

Na mesma nota, Carlos Silva denuncia ainda uma alegada “encenação” por parte da Direção Clínica do HDES, supostamente confirmada pela ex-administradora da unidade hospitalar, que teria ordenado a desmontagem de instalações recuperadas antes de uma visita partidária, para ocultar o seu real estado de operacionalidade.

Durante a audição, os socialistas apontaram ainda para uma clara “falta de entendimento e confiança” entre os membros do Conselho de Administração do HDES, o que, dizem, reflete a “fragilidade de uma liderança nomeada pela tutela” e que constitui responsabilidade direta do Governo Regional. “Um Conselho de Administração dividido e sem confiança mútua não tem condições para responder a uma crise desta magnitude e isso só prova a incompetência e desleixo do Governo na supervisão e manutenção dos seus dirigentes”, sublinharam.

A Comissão Parlamentar de Inquérito ao Incêndio no HDES prossegue com os trabalhos, devendo continuar a recolher depoimentos e documentação relevante sobre as decisões tomadas na sequência do incidente que deixou inoperacional uma parte significativa do hospital central de São Miguel.

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