A Ilha Terceira como centro de importância estratégica do Grupo Central dos Açores, devia mas não tem, a missão de ser o polo ou HUB de desenvolvimento das Ilhas que a rodeia, tanto no transporte marítimo de mercadorias, como do transporte aéreo. E não me venham apelidar de bairrismo, porque quando as realidades são postas em causa, aí sim, flutua a intolerância e o bairrismo doentio, daqueles que querem tudo para si…

Com a criação da Autonomia Político Administrativa para a Região, criaram-se várias estruturas, nomeadamente portos e aeroportos em todas as nove Ilhas dos Açores, embora à dimensão do seu tamanho e da sua população, o que na realidade fazia todo o sentido. Tudo isto feito, sempre com o propósito do conforto e da solidariedade entre todos os Açorianos.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades… E assim, lentamente se foram dispersando todos esses valores, conquistados, quantas vezes a ferro e fogo pelas Ilhas mais pequenas e com menos peso político, concentrando-os quase todos na Ilha Maior, conhecida ignorantemente por alguns, de Ilha Capital dos Açores…

Claro que quando se tem o poder político unido ao poder económico, facilmente se consegue concentrar, todos os motores principais de uma economia, nomeadamente os transportes marítimos e aéreos (sustentabilidade para o turismo) e as estruturas para a qualidade da saúde dos seus habitantes. Mais fácil se torna ainda, quando o pouco poder político, no caso concreto da Ilha Terceira, compactua com essas vontades, alheando-se dos seus deveres, como eleitos escolhidos pelo povo da sua Ilha, quiçá por incompetência ou por medo de perderem os chorudos empregos, só possíveis na política…  

Pior ainda, quando a Ilha se divide, entre “A CIDADE AGUERRIDA E A VIZINHA ADORMECIDA”! Pois, enquanto Angra do Heroísmo, através das suas estruturas municipais, Câmara e Assembleia, batem pé no momento, pela defesa do Hospital da Terceira, hostilizando a concentração do apoio à saúde em Ponta Delgada, a Praia da Vitória assiste passiva às declarações de várias referências do poder político nesta Ilha, assim como também do Presidente da Câmara do Comércio, figura que se tem batido fortemente, não só pelo tema da saúde, como também pelos transportes aéreos e marítimos, que tanto tem prejudicado a economia da Terceira, ao concentrarem os seus HUBS em São Miguel!

Afinal o que quer a Praia? Continuar com um centro histórico, quase deserto, pelas circunstâncias que todos conhecemos. Com um Centro de saúde, sem Delegada de Família há mais de um ano. Continuar também á espera que se façam obras no Porto/Aeroporto, mas sem maior vinda de barcos e aviões…

Angra e Praia têm de se unir como nunca, sem bairrismos nem preconceitos, em favor da Ilha Terceira. Caso contrário, serão cúmplices do centralismo, que continua crescendo a passos largos pela Ilha Maior!

Fernando Mendonça