BATATAS E FEIJÕES, OUTROS TUBÉRCULOS E CEREAIS…

Tal como retratam as diversas estatísticas sobre a agricultura, houve um  grande decréscimo dos tubérculos e dos cereais no nosso país, a começar pelos Açores, que se dedicaram mais à cultura das pastagens, onde as vacas se sentem mais felizes, como dizia o Ex-Presidente da República, Dr. Aníbal Cavaco Silva…

Verifiquei esse decréscimo há vários anos atrás, quando tenho a certeza de que no momento, a percentagem das colheitas pelos diversos agricultores, é ainda muito menor do que nesse tempo!

Há cerca de vinte e cinco anos, tive um jovem do Continente morando numa casa minha, que me dizia o seguinte: Portugal vai reduzir cada vez mais a agricultura e as pescas e dedicar-se a ser apenas uma estância de férias para os Europeus mais ricos… Esses hão de produzir para nos sustentar…

Sempre que vejo esses gráficos sobre a nossa agricultura, lembro-me desse jovem, que parecia adivinhar o futuro deste nosso pequeno país à beira mar plantado…

E aconteceu, precisamente, porque foram estas as opções políticas dos vários Governantes que após o 25 de Abril, conduziram os destinos de Portugal. Sugerindo, aconselhando, subsidiando, para que se eliminassem os velhos barcos de pesca, se reduzissem as quotas leiteiras e, se deixasse de cultivar as terras! Mais valia construir alguns campos de Golf… Semear mais betão pelos campos… a fim do turista se divertir e circular com gosto entre o seu país e o nosso de sol doirado…

Só que a vida tal como a natureza, são feitas de ciclos e, neste momento, estamos atravessando ou nos vamos encaminhando para aquele, em que meus avós diziam: “Ainda há de vir o tempo em que vão aproveitar cada cantinho de terra do seu quintal, a fim de plantarem nem que sejam uns pés de couve “

Assim como Eça de Queirós há tantos anos atrás parecia prever o futuro político do seu país, também os nossos avós, mesmo sem terem estudado, premeditavam o circuito destes ciclos de bonança ou de tempestade… Bastou para isso a vinda da grande pandemia deste século, seguida de uma guerra que parece não ter fim, para que pudéssemos começar a perceber, que quase tudo o que comemos é importado, cada vez vai ficando mais caro, e que, ou pensamos em começar a produzir alguma coisa, ou vamos passar alguma fominha, como se pode ver com o crescimento da pobreza, muita dela camuflada, mas que cada dia nos vai surgindo a cada canto…

Crescem os pedintes, os que que recorrem às IPSS para terem uma refeição, os Sem Abrigo, na cidade de Ponta Delgada e não só, como foi já bem divulgado pela Comunicação Social.

Talvez por isso e, se não me falha a memória, o nosso atual Secretário Regional da Agricultura, chamava a atenção para o regresso às antigas hortas, que nossos pais e avós cultivavam, não só por gosto, mas também como ajuda importantíssima para a sustentabilidade das suas famílias.

As batatas e o feijão, foram alimentos básicos dos nossos antepassados. Acreditámos ou fizeram-nos acreditar que outros os semeavam para a gente! Passamos a comer sem qualidade batatas da França ou de Espanha e feijão do Canadá. Só que agora os bolsos não estão aguentando e toca a pôr os arados e as enxadas a trabalharem nos quintais que ainda não estiverem enrelvados ou semeados de betão…

Quiçá ainda vamos também, dar utilidade às velhas matas, fazendo uso da sua lenha, isto se o gás continuar aumentando a passos largos como se pode ver…

Fernando Mendonça

Deixe um comentário