
O Bloco de Esquerda dos Açores (BE/Açores) considerou esta terça-feira que a situação da secretária regional da Saúde é insustentável, na sequência das recentes declarações do ex-administrador do Hospital de Ponta Delgada (HDES), António Vasco Viveiros. O partido sublinha que não foram apresentados dados concretos que contrariem as graves revelações feitas pelo antigo gestor da unidade hospitalar.
“Se houve possibilidade de reabrir mais cedo todo o hospital de Ponta Delgada, a decisão de não o fazer é de enorme gravidade”, afirmou António Lima, deputado do BE/Açores, citado em comunicado de imprensa do partido. O parlamentar sublinha que tal decisão teve consequências financeiras e impactou negativamente a saúde da população.
O Bloco acusa o governo regional de esconder informações sobre as listas de espera nos últimos quatro meses, destacando os dados disponíveis de setembro de 2024, que revelam uma quebra de 54% nas cirurgias programadas no HDES e de 33% no Serviço Regional de Saúde (SRS). Além disso, verificou-se um aumento de 13% no tempo médio de espera por cirurgia.
O partido exige a divulgação imediata de todos os documentos que fundamentaram a decisão do governo de instalar um hospital modular, sublinhando que “as comissões de inquérito terão a sua utilidade”, mas que não se pode esperar meses pelas suas conclusões. Nesse sentido, o BE/Açores já solicitou ao governo os relatórios do Serviço de Instalações e Equipamentos do HDES, os resultados das análises à qualidade do ar nas salas do bloco operatório e todos os documentos técnicos que justificaram a opção pelo hospital modular.
Segundo António Lima, o governo nunca revelou relatórios detalhados sobre os danos provocados pelo incêndio nos diferentes serviços do hospital. O ex-administrador do HDES, ouvido recentemente no parlamento, referiu a existência de documentos que apontavam para a possibilidade de reabertura total do hospital em agosto de 2024.
O deputado também responsabilizou os anteriores governos do PS pela falta de investimento no SRS, mas criticou a atual coligação PSD/CDS/PPM, que governa desde 2020. “Se foi possível, em nove meses, instalar todo o equipamento moderno no hospital modular, porque é que, em quatro anos, não foi possível fazer este investimento nos hospitais de Ponta Delgada, Angra ou Horta?”, questionou.
Sobre a gestão do HDES, o Bloco de Esquerda criticou a acumulação de funções da presidente do Conselho de Administração do hospital com o cargo de diretora clínica e a atividade em duas clínicas privadas. António Lima considerou a situação inaceitável. “Numa situação normal, já não seria razoável, pois trata-se de uma função extremamente exigente, mas num momento em que o hospital enfrenta a fase mais complicada da sua história, tal acumulação é muito imprudente”, afirmou.
O BE/Açores também criticou a proposta do PSD para a constituição de uma comissão de inquérito que exclui o Bloco de Esquerda. “Deixar o Bloco de Esquerda de fora é uma forma de condicionar o trabalho da comissão e garantir que as conclusões serão mais ao agrado do governo e do PSD”, concluiu António Lima.
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