
Foi lançada uma petição pública dirigida ao presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e ao presidente do Governo Regional dos Açores, que está a gerar amplo debate, ao contestar a possibilidade de retorno da “sorte de varas” aos eventos tauromáquicos em recintos fechados no arquipélago.
A mobilização surge após declarações do secretário regional da Agricultura e Alimentação, António Ventura, durante a sessão de abertura do IV Fórum Mundial da Cultura Taurina, realizado sexta-feira, em Angra do Heroísmo. Ventura admitiu a existência de um contexto parlamentar favorável ao regresso desta prática, gerando reações polarizadas.
Na petição, os signatários descrevem a “sorte de varas” como uma prática cruel, que consiste em ferir o touro com uma vara, causando lacerações graves e danos musculares e neurológicos. Além disso, os cavalos envolvidos na atividade frequentemente sofrem ferimentos graves, incluindo eviscerações, colocando suas vidas em risco.
Os peticionários classificam a prática como “um retrocesso civilizacional” e destacam a incoerência entre a eventual legalização da “sorte de varas” e a imagem dos Açores como destino de natureza e bem-estar animal. Também criticam as declarações de António Ventura, que considerou a tourada “a melhor escola de cidadania que conhece”.
O documento recorda ainda que a “sorte de varas” já foi alvo de decisões parlamentares nos Açores. Em 2002, uma proposta favorável foi rejeitada pelo Tribunal Constitucional. Posteriormente, em 2009, o parlamento regional votou novamente contra a sua legalização, com 28 votos contrários, 26 favoráveis e duas abstenções.
Os signatários apelam aos partidos representados na Assembleia Legislativa para que rejeitem qualquer proposta que permita o regresso desta prática, enfatizando a necessidade de avanços no bem-estar animal. “Voltar a legalizar este tipo de violência é incompatível com os valores de uma sociedade moderna e civilizada,” concluem.
A petição intitulada “Contra o regresso de ‘Sorte de Varas’ aos Açores” reflete o apelo dos signatários por medidas que promovam o respeito pelos animais, em linha com tendências globais de maior consciência ambiental e ética. Resta agora aguardar pela reação das forças políticas regionais a esta manifestação cívica.
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