
Sandra Serpa acaba de assumir a presidência da Associação Olhar Poente, sucedendo o cofundador e líder carismático da instituição nos últimos 15 anos Sérgio Nascimento, do qual foi vice-presidente nos últimos oito. Nesta entrevista ao Praia Expresso, a nova presidente da Direção diz-nos que assumir a liderança da Olhar Poente é, um misto de orgulho e tranquilidade, fruto de uma ligação profunda à instituição desde os seus primeiros passos em 2011. Com uma sólida experiência na área da educação, que atravessa diferentes valências e contextos, Sandra Serpa sente-se preparada para liderar e dar continuidade ao legado do anterior presidente e à nobre missão da Olhar Poente, socorrendo-se para tal, das vivências, aprendizagens e saberes que ao longo da sua carreira foi adquirindo e acumulando.
Sandra Serpa conta-nos ainda que o crescimento da Olhar Poente foi sustentado por práticas pedagógicas centradas na criança e pela proximidade às famílias, sendo estas as bases para o sucesso e a procura que têm marcado a história da instituição. Destaca que o futuro passa por aumentar vagas em creche e CATL, bem como por fomentar parcerias estratégicas com o setor privado e as entidades públicas, sempre com o objetivo de responder às necessidades da comunidade.
Na abordagem que faz ao impacto dos serviços oferecidos, Sandra afiança que o bem-estar das crianças está no centro de todas as decisões, mas ressalva que o apoio às famílias é essencial para criar uma dinâmica harmoniosa. Entre projetos como “SOS Casa”, “Educamente” e as várias atividades artísticas e culturais, a nova presidente reforça o compromisso em oferecer experiências enriquecedoras e diferenciadoras.
Sandra Serpa fala-nos ainda do sonho que carrega e que vai além das paredes que hoje abrigam a Olhar Poente. É um desejo que se expande, como raízes buscando terra fértil, como um horizonte que se alonga sem fim. Ela imagina a instituição crescendo, alcançando novos espaços e tornando-se ainda mais sólida, um ponto de apoio para aqueles que dela dependem.
Nesse caminho, a qualidade é o chão firme, a inovação é o vento que impulsiona, e a proximidade é o calor humano que mantém o coração da missão pulsando. Para Sandra, este desafio não é apenas um objetivo, mas uma jornada onde cada passo planta sementes que, um dia, florescerão em uma comunidade mais unida e resiliente.
Nas suas mãos, está o desejo da Olhar Poente oferecer às crianças um futuro mais brilhante e às famílias a esperança renovada de dias felizes. Assim, com coragem e ternura, Sandra semeia um amanhã que promete ser mais promissor, mais humano e repleto de significados profundos.
“A Olhar Poente é a minha segunda casa.”
Antes de mais, como se sente ao assumir a presidência da Olhar Poente, uma instituição com um impacto tão relevante na nossa comunidade?
Para mim é um orgulho assumir a presidência da Olhar Poente. Apesar de não ser sócia fundadora da Associação, faço parte integrante da mesma praticamente desde o seu início, 2011, por isso, a Olhar Poente é a minha segunda casa. Acompanhei sempre o percurso e crescimento da Olhar Poente, por isso, sinto-me tranquila e preparada para enfrentar este desafio.
“Conhecimento mais profundo das várias partes que integram este todo que é a Olhar Poente.”
A sua ligação à educação é evidente ao longo do seu percurso de vida. De que forma esta a sua experiência moldou a forma como encara este novo desafio?
O facto de ter sempre trabalhado na área da educação e em diversos contextos, desde ajudante de educação, educadora, professora a coordenadora técnica-pedagógica permite-me ter um conhecimento mais profundo das várias partes que integram este todo que é a Olhar Poente. O facto de ter tido a possibilidade de ter desenvolvido a minha prática em várias valências de diferentes Instituições, desde creche, jardim de infância/pré-escolar, CATL e 1.º ciclo permitiu-me contactar com diversas realidades e ter uma noção bastante fidedigna do funcionamento de diversas Instituições tanto públicas como privadas, o que me permite “olhar” para a Olhar Poente tendo por base outras experiências muito enriquecedoras, tirando partido de todos os aspetos positivos que aprendi e vivenciei e tentando, de alguma forma, melhorar o que me pareceu menos bem.
“..Foi a partir das valências de creche e CATL da freguesia da Vila Nova que esta pequena semente que era a Olhar Poente germinou.”
A Olhar Poente tem vindo a crescer e a expandir os seus serviços desde a sua fundação. Quais são, na sua opinião, os marcos mais significativos alcançados até agora?
Considero que apesar da Olhar Poente ter surgido para responder de uma forma integrada aos interesses e necessidades da comunidade local, conquistou espaço com o trabalho desenvolvido no âmbito das valências de creche e de CATL. Foi o nosso trabalho diferenciador nestas valências, muito centrado na proximidade, na utilização de pedagogias centradas na criança como ser hábil, promotoras de experiências significativas e na utilização do exterior como veículo primordial de aprendizagem, que fez com que as famílias nos procurassem, que enchessem as nossas valências, o que nos incentivou a expandir.
É certo que todos os outros projetos e serviços que neste momento oferecemos à comunidade não são menos importantes, mas foi a partir das valências de creche e CATL da freguesia da Vila Nova que esta pequena semente que era a Olhar Poente germinou.
“As crianças são sempre uma prioridade, sem descurar as famílias e a comunidade local”
As crianças estão, segundo as suas próprias palavras, no centro da missão da Olhar Poente. Como é que esta prioridade influencia as decisões e os projetos da instituição?
A Olhar Poente assume que a criança não deve ser prejudicada por nenhum constrangimento que possa surgir do âmbito familiar ou outro, ou por características específicas e individuais de cada uma. As crianças são crianças! Por isso a Olhar Poente sempre teve e continuará a ter as portas abertas a todas as crianças.
As decisões tomadas tanto ao nível pedagógico, como de definição de projetos e serviços assentam no facto de que a criança merece o melhor que possamos oferecer. Por esse motivo, a Olhar Poente sempre se pautou por proporcionar experiências diferenciadoras ao nível das artes, contratando técnicos especializados ao nível da música, dramática e outras; ao nível cultural, participando regularmente em marchas populares, danças de Carnaval e viagens/visitas de estudo; ao nível do bem-estar físico e emocional, e aqui destaco o projeto “Educamente” que promove a meditação e o relaxamento junto das nossas crianças e a “Equipa de Inclusão e Intervenção Precoce”; ao nível do serviço de “Babysitting & Animação de Eventos”, “Transporte e Acompanhamento Personalizado” e “Centro de Estudo, Formação e Atividades”, incluindo aqui a “ Academia Olhar Poente e o Ponto de Estudo” e os “Campos de Férias” destinados às crianças mais crescidas.
Até o próprio projeto “SOS casa” foi pensado numa perspetiva de apoiar crianças e famílias carenciadas, bem como, toda a comunidade, e os projetos de voluntariado local e corporativo também na mesma lógica de trazer mais-valias para as crianças, famílias e comunidade.
Ou seja, as crianças são sempre uma prioridade, sem descurar as famílias e a comunidade local.










“Na Olhar Poente consideramos que o sector social é uma mais-valia para a sustentabilidade das Instituições…”
No discurso de tomada de posse apresentou as parcerias entre o setor social e o setor privado como uma aposta da Olhar Poente. Que desafios e oportunidades identifica nesta relação?
Na Olhar Poente consideramos que o sector social é uma mais-valia para a sustentabilidade das Instituições, sem o qual as IPSS não conseguiam subsistir, mas também que é necessário recorrer as outras fontes de investimento privado e a parcerias de forma a criar uma situação financeira mais favorável. A Olhar Poente tem tentando criar novas parcerias e novos projetos que fomentem oportunidades tanto para as Instituições envolvidas como para a comunidade em geral, tentando ir ao alcance das lacunas que se verificam na sociedade.
A Olhar Poente está disponível para dialogar com todas as entidades governamentais de forma a aperfeiçoarmos o trabalho desenvolvido nas nossas respostas, bem como, com todas as empresas privadas que queiram nos apoiar nos projetos em curso, como seja o “SOS casa” e voluntariado, ou que queiram criar novas parcerias.
“A falta de lugares em creche é um facto público assumido pelo Governo Regional e a Olhar Poente está sensível a esta situação…”
Nesse mesmo discurso aponta o aumento de vagas em creche e no CATL (Centro de Atividades de Tempos Livres) como uma das metas a alcançar. Pode partilhar com os nossos leitores um pouco sobre os desafios associados a essa expansão?
Neste ponto quando referimos o aumento de vagas em Creche e CATL refere-se por um lado a vagas contratadas com o ISSA pois, infelizmente, ainda temos crianças em algumas valências que não beneficiam deste apoio. Por outro lado, ao aumento de vagas físicas, visto que continuamos a ter crianças em lista de espera e famílias com interesse em que as suas crianças integrem as nossas valências.
Temos mantido o diálogo tanto com o ISSA [Instituto de Segurança Social dos Açores], Governo Regional, como com a Câmara Municipal da Praia da Vitória e outras entidades interessadas, de forma a tentar colmatar esta situação e poder expandir um pouco mais a Olhar Poente, para tentar acolher quem nos procura.
A falta de lugares em creche é um facto público assumido pelo Governo Regional e a Olhar Poente está sensível a esta situação e disponível, para em conjunto, com a tutela da Segurança Social e outros parceiros, encontrarem soluções.
“O bem-estar das crianças também implica o bem-estar das famílias…”
Além dos serviços educativos, a Olhar Poente apoia também as famílias em questões emocionais e psicológicas. Que impacto têm estes serviços no dia-a-dia da comunidade?
A Olhar Poente tem como missão promover o desenvolvimento local tendo em vista a melhoria das condições de vida da comunidade, por isso, tem promovido serviços que também vão de encontro às necessidades das famílias e comunidade em geral. O bem-estar das crianças também implica o bem-estar das famílias, por isso, o trabalho que desenvolvemos é interligado e o impacto notório. Promovemos para as famílias e comunidade o bem-estar, a compreensão e vivência do que também desenvolvemos com as crianças.
“Daqui a uns anos, imagino uma Olhar Poente ainda mais forte, com sementes em vários locais da ilha e quem sabe fora dela.”
Passados 15 anos sobre a fundação da instituição, que sonhos ou objetivos tem para a Olhar Poente no futuro? E como imagina a instituição daqui a alguns anos?
O nosso objetivo mais premente neste momento é tentar melhorar os aspetos menos positivos que possam existir, relacionados com a dinâmica das valências e infraestruturas, mas também, no que concerne aos nossos colaboradores, pois são eles que estão todos os dias com as nossas crianças, e merecem boas condições de trabalho. Não queremos estagnar, mas queremos aprimorar alguns aspetos da dinâmica das valências e projetos existentes.
Contudo pretendemos, tal como já referi anteriormente, crescer um pouco mais de forma a dar resposta dos nossos serviços às famílias e comunidade, mas essa realidade pode ser para breve ou não, consoante as condições o permitam.
Daqui a uns anos, imagino uma Olhar Poente ainda mais forte, com sementes em vários locais da ilha e quem sabe fora dela; com um serviço de qualidade e inovação que tão bem nos carateriza; com crianças e famílias que se sentem bem e seguras na Olhar Poente; e uma equipa motivada, realizada e feliz.

“Foi o Sérgio Nascimento que criou esta família que hoje em dia faz parte do coração de todas as pessoas que fazem parte desta grande Instituição que é a Olhar Poente.”
Para finalizar, agradecemos a disponibilidade para esta entrevista. Quer aproveitar esta oportunidade para partilhar algo mais que considere importante?
Apenas gostaria de agradecer a oportunidade que nos estão a dar de partilhar com a comunidade o que é a Olhar Poente. Também de agradecer o apoio que a Olhar Poente sempre teve da equipa, famílias, sócios e parceiros, pois sem os mesmos a Olhar Poente não teria conseguido chegar onde chegou, e agradecer uma vez mais ao presidente cessante Sérgio Nascimento por todo o trabalho desenvolvido em prol das nossas crianças. Foi o Sérgio Nascimento que criou esta família que hoje em dia faz parte do coração de todas as pessoas que fazem parte desta grande Instituição que é a Olhar Poente.
© PE | Fotos: Olhar Poente e Sandra Serpa
