
Aos setenta e sete anos de idade, páro para fazer uma retrospetiva do que foi o meu envolvimento na política, como cidadão empenhado no bem estar do meu país, nomeadamente da minha Região, ou melhor ainda, da minha Ilha.
Logo após o 25 de Abril, integrei-me na política activa, como militante de um partido, nascido logo após a revolução dos cravos.
Durante vários anos, participei em algumas comissões políticas, acabando por desistir por sentir, que não estava vocacionado para aqueles jogos de bastidores, se assim lhes queiramos chamar…
Tempos mais tarde, cheguei a participar como independente, mas acabei também compreendendo que a indepêndência era muito relativa…
Optei finalmente por manter a minha ideologia política, mas passando a agir livremente, sem amarras que não fossem as do meu querer ou da minha consciência!
Hoje sinto-me à vontade, tanto para elogiar como para criticar. Desde que respeitando sempre a integridade moral de cada um, as suas crenças e os seus valores! Ninguém é dono da verdade, nem da solução. Todos são capazes de dar o seu contributo, desde que queiram ser honestos, ativos e amantes da sua terra, no caso em apreço, da Praia da Vitória, nossa cidade.
Em Outubro de 2021, realizaram-se as últimas eleiçoes autárquicas para o Concelho da Praia da Vitória. Concorreram cinco forças políticas, acabando por vencer com maioria, a coligação PSD/CDS.
Pela primeira vez na história da autarquia, concorreu também um Grupo de Cidadãos Independentes, tendo elegido apenas dois deputados Municipais, mas nenhum Vereador. Foi pena! E digo que foi pena, porque tendo eleito um vereador, teria talvez servido para ponto intermédio e apaziguador do confronto que existe no momento entre a coligação maioritária e o partido opositor, vindo do mandato anterior!
Quase diáriamente, ou talvez semanalmente, assistimos a este debate pouco sério, de quem diz querer solucões para a nossa cidade, quer através dos jornais, das redes sociais (Facebook) ou até mesmo da própria página da autarquia! E isto acontece porquê? Precisamente porque estamos a falar de partidos políticos, muitas vezes subjugados a interesses alheios à sua autarquia, e pior ainda, dos seus munícipes…
Dizem-me muita vezes, por lamento ou desabafo: Olha, foram as nossas escolhas, cada um tem o que merece e outras coisas mais…
Já o disse e repito, que a democracia com os partidos, apesar de todos os seus defeitos, acaba sendo sempre a melhor solução, mais que não seja pela possibilidade de alternância do poder. No entanto, não rejeito e até aprovo, que em determinadas circunstâncias de desgaste dos partidos nesta ou naquela região, sejam os cidadãos independentes a dar o seu contributo, concorrendo em parceria com as restantes forças políticas.
Do que conheço, esse grupo de “cidadãos independentes pela Praia” continua activo e disponível para daqui a um ano, mostrar aos praienses, que talvez tenha sido um erro não terem acreditado nessa alternância democrática…
De momento, seria bom para a nossa Praia, que os que estão no poder, tanto maioritário, como opositor, se entendessem por uma vez, e deixassem de andar continuamente a lançar pedras uns aos outros, porque pelo que sei, ambos têm telhados de vidro…
Fernando Mendonça
