A PRAIA TEM A BAÍA E TEM NEMÉSIO, MAS É POUCO…

A Praia, é dito e sabido, que tem como maior valência a sua baía, única nos Açores e quiçá em todo o Portugal! Como tudo evolui, sofreu alterações, nomeadamente pela construção do seu Porto Oceânico, não só a descaraterizando na sua forma original, como também, lhe criando alguns problemas de assoreamento. Mesmo assim, conseguiu-se, e bem, salvar-se a chamada “Onda de Sta. Catarina”, famosa para os surfistas locais e estrangeiros que nos visitam.

Apostar nos desportos náuticos, através do Clube Naval da Praia da Vitória, deve ser uma prioridade e apoio constante do Município, disponibilizando os meios monetários e de logística para a sua concretização.

Valorização das suas praias de banho, criando estruturas de apoio, com a dignidade que merecem, deve ser também outro empenho da Autarquia, considerando ser possuidora das zonas balneares mais visitadas da nossa Ilha.

No entanto, a Praia não deve ficar resumida à sua baía e, ao colo de Nemésio… O qual, sem dúvida, vai levando o seu nome por esse Mundo fora, não só como filho da Praia da Vitória, como também, de grandioso símbolo da escrita proso/poética dos Açores e do país. Mas é pouco!

A Praia tem raízes culturais muito grandes. Reservo os detalhes das mesmas, para os especialistas na matéria, historiadores e homens desta cidade com grandes conhecimentos da sua história.

Anualmente, vive-se por uns dias a cultura na Praia da Vitória, através do já famoso e reconhecido em todo o país, “Outono Vivo”, trazendo escritores de renome, os quais decerto, levam de retorno o nome da Praia para as suas terras, para as suas comunidades! É bom, mas repito, é pouco!

Acabado o festival, os milhares de livros voltam aos caixotes de onde saíram e, esse ar puro de cultura que se bafejava na nossa cidade, esgota-se, silencia!

A Praia fica reconhecida internacionalmente, como a cidade onde podes encontrar os maiores “Best Sellers”, Mas não encontras nela uma livraria! Nem também um local aprazível onde se possa respirar cultura, seja livresca, musical ou outro tipo qualquer.  

A Rua de Jesus, onde o comércio está praticamente extinto e, ninguém se propõe investir, considerando ser um risco, porque não aproveitar um dos espaços vazios (que são tantos) e proporcionar o regresso, embora noutros moldes, do velho “Recanto”, no tempo inventado pela Sra. Lurdes Branco? Embora sem comparação possível, Joel Neto criou em Angra do Heroísmo o “Lar Doce Livro”, recebendo no seu espaço toda a cultura que se o dispõe a partilhar e, está tendo um sucesso extraordinário.

Claro que a dinâmica e o nome do já famoso escritor Terceirense, foram meio caminho para o sucesso da iniciativa, mas acredito que, ao contrário do “Recanto” que não tendo a localização ideal, capacidade económica para se desenvolver, nem apoios, acabou encerrando, a Autarquia podia e devia criar incentivos, para que alguém, mesmo não sendo escritor… Se atrevesse a fazer da Rua de Jesus, a rua da cultura!

As linhas estão traçadas! O comércio e a restauração concentraram-se nos extremos da cidade e não vão voltar ao centro. Ou se cria alguma dinâmica para a Rua de Jesus, ou muito brevemente as ervas crescem na calçada, porque nem haverá sapatos para as pisar…

A CULTURA É A BASE ESSENCIAL PARA UMA SOCIEDADE QUE SE QUER DESENVOLVIDA!

Fernando Mendonça

One comment

  1. Verdade sim Senhor.

    A Praia não sabe nem quer aproveitar Vitorino Nemésio. Só menciona o Mau tempo no Canal, e quase nada dos resto da obra. Já pedi a pessoa do Turismo uma entrevista e nunca tive resposta.

    Assim passa a pachorra e a vontade de ir a Praia com turistas, especialmente portugueses.

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