Quando era criança, ou até já homem feito… Minha mãe aguardava o dia de Todos os Santos, ou do pão por Deus, para me oferecer aquele casaquinho de malha, que eu bem precisava, porque o Inverno estava vindo e o frio já se notava!

E lá ia eu à missa dos fiéis defuntos, todo prezado com aquela nova vestimenta, que até causava alguma inveja, àqueles ou àquelas que me olhavam de cima a baixo, pela curiosidade que lhes despertava..

Ainda me lembro de uma (suera) de cor azul, com punhos em branco, a qual usei durante vários anos, porque no tempo, poupar era quase obrigatório!

Do que me lembro, isto era um costume, não só da minha família, mas também de muitas outras que viviam no mesmo local, embora já os “camones” estivessem por cá…

Com o tempo as coisas foram mudando! Os americanos trouxeram o chamado “trica trica”, as nossas crianças começaram indo em cortejo na procura dos saborosos bombons, onde para além de encherem os sacos, deliciavam-se com os enfeites das casas desses “camones” onde pairavam as imagens das bruxas ou das abóboras em forma de caveiras! A partir daí, os mogangos ou abóboras que antes eram consumidos nas nossas casas, ou pelos porcos em engorda, passaram também a ser procurados para o que hoje se chama de Halloween!

Pelo que conheço, esta tradição foi-se espalhando por outras Ilhas dos Açores e já é bastante festejada por quase toda a juventude e até adultos, ao contrário da glorificação ou homenagem aos nossos Santos… 

Novos tempos, novas eras… Também o frio já não é como dantes! Por isso mesmo, dispensam-se as “sueras” e dê-se lugar às bruxas que vagueiam pelos ares agarradas às vassouras!

Fernando Mendonça