
Meu saudoso pai, homem do campo, e logo grande conhecedor de tudo o que dizia respeito à agricultura, desde a adubagem, passando pela sementeira, até à época da colheita!
Foi dele que aprendi, que nem todos os anos, a semente lançada à terra dava bons frutos. Tudo tinha o seu tempo próprio, para que germinasse em abundância! Anteceder a sementeira no ano favorável, com um bom adubo, seria o ideal. Mais difícil, era separar o trigo do joio, porque esse, mesmo fundo na terra, acabava vindo sempre ao de cima…
Neste momento, e metamorfoseando, a sementeira agora é outra… E quase sempre de quatro em quatro anos!
O agricultor chefe, com os seus funcionários mais próximos, lá vai percorrendo os seus “nove campos” adubando e largando algumas sementes, consoante o pedido dos fazendeiros…
Nem todos os apelos são satisfeitos, mas fica sempre a promessa, de que se a colheita for boa, todas as reivindicações, serão tomadas em consideração…
Meu pai, adubava, semeava, mas sujeito às intempéries, só dava quando dava! Hoje em dia, a ganância e o poder de quem manda, mesmo que só doando algumas migalhas, consegue encher os sacos de trigo para os próximos quatro anos… Vivemos numa terra que já foi fértil no semear e no dar… Hoje, por circunstâncias várias, os que trabalham estão cansados de promessas vãs, daqueles que sendo os Senhorios absolutos das nove parcelas… Se confinam ao seu bem-estar de agricultores de secretária, na sua parcela maior… só se lembrando das restantes no dia da colheita…
Fernando Mendonça
