BE/AÇORES PREOCUPADO COM FALTA DE INFORMAÇÃO SOBRE O AMBIENTE E CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES

O Bloco de Esquerda (BE) Açores, em nota de imprensa, mostra-se preocupado com a falta de informação sobre o estado do ambiente em geral e sobre o estado de conservação das espécies nos Açores.

Em causa está, de acordo com nota quinta-feira enviada às redações, o atraso na publicação do relatório do estado do ambiente referente ao triénio 2020-2022, assim como a ausência de dados sobre os Açores na atualização dos documentos nacionais sobre o estado de conservação de espécies de aves, mamíferos, peixes, répteis e anfíbios.

O Bloco diz que o governo regional tem a obrigação de enviar ao parlamento, de três em três anos, um relatório sobre o estado do ambiente, mas o último relatório entregue diz respeito ao período de 2017 a 2019, estando em atraso o relatório referente ao período de 2020 a 2022.

Assim, em requerimento enviado ao governo regional, o Bloco pergunta quando é que será publicado este relatório, e quais os motivos para o atraso verificado.

“É preocupante a ausência de informação sobre o estado do ambiente em geral e sobre o estado de conservação das espécies nos Açores. Desconhece-se se a informação existe e não se encontra publicada ou, mais grave, se alguma desta informação simplesmente não existe”, lê-se no requerimento, que o Praia Expresso teve acesso.

A preocupação do Bloco de Esquerda estende-se ao facto de o trabalho de atualização do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal ter deixado de contar com dados sobre os Açores.

Em 2005, o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal referia que nos arquipélagos dos Açores foram avaliadas 51 espécies, das quais 32% foram classificadas como ameaçadas, de acordo com os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Já nessa data 36% das espécies foi classificada como tendo “Informação Insuficiente (DD)”, o que revela uma enorme lacuna de informação sobre o estado de conservação destas espécies.

Quase 20 anos depois, o trabalho de atualização deste documento deu origem à publicação da Lista Vermelha das Aves de Portugal Continental, ao Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental, ao Livro Vermelho dos Peixes de Portugal Continental e ao Livro Vermelho dos Répteis e Anfíbios de Portugal Continental.

Em todos estes documentos deixou de haver referência às espécies dos Açores e ao seu estado de conservação no território da Região Autónoma dos Açores, o que constitui uma grave lacuna na informação sobre a biodiversidade dos Açores e o seu estado de conservação.

Por isso, o Bloco de Esquerda quer saber se o governo regional está a desenvolver a atualização do Livro Vermelho dos Vertebrados para as espécies dos Açores e por que razão estes dados não foram incluídos nos documentos nacionais.

Caso este trabalho esteja a ser desenvolvido, o Bloco pergunta que entidades, técnicos e investigadores estão envolvidos neste trabalho, qual o financiamento alocado a este projeto e para quando está prevista a sua publicação.

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