
Fiquei triste quando nesta legislatura se uniu à direita conservadora do CDS/PP e do PPM, para vencer as eleições e poder formar novamente Governo, como se sozinho não fosse possível fazê-lo! Penso, e muitos como eu, velhos militantes do PPD, que tendo avançado não coligado, teria decerto melhor resultado eleitoral. Foi a escolha do Dr. Bolieiro, democrata que muito respeito, mas naturalmente, não sou obrigado a concordar, talvez porque ainda me soa aos ouvidos, a via Social-Democrata trilhada por Francisco Sá Carneiro, para os que acreditam “nos valores fundamentais do socialismo democrático e humanista”, como se pode ler no artigo 4.1, do programa do Partido Popular Democrático.
Fico mais triste ainda, quando por interesses alheios aos seus princípios, apoia a extrema-direita, liderada pelo partido do CHEGA, numa proposta que sugere a prioridade de ingressão nas creches, às crianças filhas dos pais que trabalham. Uma proposta que pode ter o seu quê de justiça, mas por outro lado, pode criar uma descriminação muito negativa nas crianças com dificuldades de vária ordem, desde a financeira à social.
Enquanto ainda se precisa de criar mais vagas nas diversas creches existentes, a fim de poder acolher todas as classes sociais, sejam filhos destes ou daqueles… Enquanto também ainda, se trabalha no sentido de reduzir o RSI, através da oferta de emprego aos que dele auferem, muitas vezes injustamente, é verdade! Começar pelo elo mais fraco, que são as crianças, penso ir ao desencontro do princípio humanista, como faz referência o programa do PPD, atrás citado.
É referido que nenhuma criança vai ficar de fora! Não contesto essa afirmação, mas uma coisa é certa: Foi aprovado o critério de dar prioridade aos pais que trabalham!
Uma decisão de tamanha complexidade e suscetível de descriminação, mesmo que involuntária, devia ser estudada e decidida por uma comissão especializada nesta matéria de tamanha delicadeza e, não, pelos 57 deputados da nossa Assembleia Regional, de forma precipitada ou de interesse populista do seu progenitor… Formam-se comissões de estudo, por isto e aquilo… Quanta vez, de muito menos importância e de custos incalculáveis…
Fernando Mendonça
