OPERAÇÃO DA RYANAIR CONTINUA NOS AÇORES

Em comunicado conjunto do Governo dos Açores e do Conselho de Administração da Visit Azores, divulgado sexta-feira, é afirmado que a “Ryanair mantém-se nos Açores e dará continuidade à operação que tem vindo a desenvolver para a Terceira e São Miguel, com voos domésticos e internacionais, ajustando-a à procura e mitigando o risco da operação”.

“Após longas e difíceis conversações entre a Região, a companhia aérea, o Turismo de Portugal e a ANA Aeroportos de Portugal, é com natural satisfação que se regista o bom resultado obtido com o trabalho realizado neste processo, assegurando a continuidade da operação de voos domésticos, bem como ligações internacionais a mercados estratégicos”, pode ler-se na publicação.

Para além de ligações Lisboa – Ponta Delgada e Porto -Ponta Delgada, bem como Lisboa – Terceira e Porto -Terceira, existirão ainda, durante o verão, ligações a Stansted (Londres, Reino Unido) e Nuremberga (Alemanha), que já apresentam perspetivas de reforço em 2025 face à operação prevista para 2024.

Durante o inverno IATA, a operação da Ryanair estará adaptada à procura esperada pela companhia e irá evoluindo à medida do crescimento da procura e do incremento turístico expectável na Região, disponibilizando novos voos de acordo com o comportamento do mercado.

A operação da Ryanair para os Açores contará, pelo menos, cerca de 2.032 voos anualmente. Durante o inverno IATA, para já, existirão duas frequências semanais LIS-PDL, 2 OPO-PDL, 2 LIS-TER e 2 OPO-TER, sujeitas a evolução consoante a procura. No verão IATA, existirão 13 frequências semanais LIS-PDL, 7 OPO-PDL, 1 STN-PDL e 1 NUE-PDL, bem como 4 LIS-TER e 2 OPO-TER. Cada uma destas frequências representa dois voos (ida e volta), perfazendo, assim, 352 voos no Inverno IATA e 1.680 voos no Verão IATA.

As difíceis conversações com a Ryanair estiveram sistematicamente sujeitas a vários obstáculos estruturais, completamente alheios à Região, mas que condicionaram todo o trabalho e que condicionarão a própria operação agora anunciada.

Entre estes obstáculos, destacam-se, de forma muito particular, os atuais constrangimentos e a falta de capacidade no aeroporto de Lisboa, com a consequente limitação de slots.

O impasse na decisão da localização e construção do novo aeroporto internacional de Lisboa é, cada vez mais, um motivo de grande preocupação, tal como já foi alertado pelo Governo dos Açores.

Tal já está a afetar gravemente a possibilidade de desenvolvimento da conetividade aérea para os Açores, apresentando-se como um inegável fator limitativo para a sustentabilidade do turismo como setor económico em expansão e, por consequência, como um penalizador entrave ao desenvolvimento socioeconómico da Região.

Acresce, ainda, que, de acordo com a Ryanair, a rentabilização da sua operação no inverno IATA está seriamente afetada por se verificar um significativo aumento de custos para a companhia, nomeadamente devido:

1) à decisão da ANA Aeroportos de Portugal em aumentar as taxas aeroportuárias, em Ponta Delgada, apesar da natureza periférica da Região, situação entretanto minimizada;

2) aos custos decorrentes dos aumentos nos preços dos combustíveis;

3) à reforma do ETS (Emissions Trading System) aplicável nos voos internacionais (apenas) da União Europeia (EU) para os Açores, que na perspetiva da Ryanair torna os destinos fora da UE mais competitivos, referindo, como exemplo, Marrocos e Turquia.

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