PRAIA DA VITÓRIA ASSINALA “MAIOR MANIFESTAÇÃO DE TEATRO AMADOR DO MUNDO”

Pelo segundo ano consecutivo, devido às medidas de contenção da pandemia COVID-19, os festejos e manifestações de Carnaval voltam a estar interditos, mas na cidade da Praia da Vitória tão importante demonstração da cultura popular não deixa de ser assinalada, graças ao trabalho desenvolvido pela criativa equipa de animação artística e cultural da Cooperativa Praia Cultural.

Se no ano passado as peças alusivas ao Carnaval terceirense encontravam-se dispersas pela malha central da cidade, este ano, o périplo carnavalesco faz-se entre a rua Serpa Pinto e a praça Francisco Ornelas da Câmara.

À entrada da Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira um primeiro quadro apresenta-nos aquela que é “a maior manifestação de teatro amador do mundo”, dando o mote e convidando-nos a seguir até à histórica praça da cidade.

Chegados lá, quatro peças aludem às diferentes manifestações populares do Carnaval terceirense: Dança de Pandeiro; Dança de Espada; Bailinho e Comédia. Cada um destes quadros é complementado com textos explicativos de José Noronha Bretão, extraídos da obra “As Danças do Entrudo — Uma Festa do Povo”, edição de 1998, da Direção Regional da Cultura.

Segundo escreve Luís Fagundes Duarte, no artigo “O Carnaval na ilha Terceira”, páginas 87-100, da edição n.º 10, de 2010, da revista “Comunicação e Cultura”, da Universidade Católica Portuguesa, não é precisa a origem deste fenómeno da cultura popular, mas o mesmo, provavelmente remonta ao século XVI, e “radica no teatro ibérico representado nas naus que cruzavam o Atlântico ao longo dos séculos XVI-XVIII, podendo ser nele identificados alguns traços que o ligam ao circuito transatlântico da escravatura e da produção do açúcar, e a algumas tradições coreográficas e dramatúrgicas do Nordeste brasileiro”. Neste mesmo articulado, o autor defende que o “Carnaval na ilha Terceira tem características que o distinguem no contexto açoriano, nacional e internacional”.

Desde agosto de 2020, as Danças, Bailinhos e Comédias da Ilha Terceira estão inscritas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.

© PE | Fotos: RS/PE

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